Comportamento

Para colocar a esperança de novo em pé

Há pouco mais de uma década, o interesse científico pelos exoesqueletos migrou das pesquisas militares para os estudos médicos, melhorando o cotidiano de pessoas com restrições motoras e até neurológicas

Crédito: Divulgação

PERSEVERANÇA Lais Souza: após acidente de esqui, a ex-atleta passou a fazer tratamento com o aparelho Ortho Walk (Crédito: Divulgação)

Por Mirela Luiz

Do mundo da ficção para o mundo real, o exoesqueleto que já vimos em alguns blockbusters na década de 1980, como Robocop, hoje é realidade. A ciência e a medicina trouxeram das telas do cinema a possibilidade de pessoas com paralisia motora e neurológica andar com suas próprias pernas. A ex-ginasta Lais Souza, que representou o Brasil em Olimpíadas e Mundiais, está em recuperação desde que um acidente de esqui a deixou tetraplégica em 2014. Em suas redes sociais, ela celebra todos os momentos em que volta a ficar em pé. A ex-atleta tem divulgado sua evolução na fisioterapia com o uso do aparelho como forma de motivar e inspirar outras pessoas que passam por uma situação delicada como a que ela vive. É uma forma também de se motivar na busca pela recuperação.

MEMÓRIA A senadora Mara Gabrilli em visita aos EUA: volta ao passado por meio do sistema Atalante (Crédito:Divulgação)

Em um post no Instagram, ela convidou os seguidores a refletirem sobre o que mais amam. “Uma das coisas mais gostosas da vida para mim é poder ficar em pé por pelo menos meia hora e receber abraços. E você? Me conta uma coisa que você ama?”, diz. A senadora Mara Gabrilli, depois de ficar 28 anos sem andar por causa de uma paralisia provocada por um acidente de carro, pode andar graças ao exoesqueleto da Wandercraft, startup francesa de tecnologia médica “A sensação de voltar a andar foi incrível. Como se meu corpo reconhecesse o movimento e estivesse pronto para andar novamente depois de tanto tempo do acidente que me deixou tetraplégica”, revela. O exoesqueleto Atalante, testado pela senadora, funciona como um suporte para que pessoas com algum tipo de paralisia possam ficar em pé, eretas, e se moverem de maneira multidirecional e com braços livres, sem o uso de um andador. “Testar o exoesqueleto me fez retornar ao passado, quando eu corria maratonas”, emociona-se.

De acordo com a fabricante francesa, o Atalante pode ser utilizado também para quem sofre de lesão medular, Parkinson, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e traumatismo craniano, além de outras enfermidades. A ampliação das capacidades humanas promovida por esses robôs é o objetivo de sistemas como o criado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, apresentado na abertura da Copa do Mundo de 2014. Atualmente Nicolelis está trabalhando em outro exoesqueleto, mas de baixo custo, já que os modelos atuais podem chegar a custar cerca de R$ 900 mil. O novo projeto responderá à atividade elétrica do cérebro do usuário apenas com o uso de um iPhone. “Encontramos algo revolucionário, que ainda melhora todo o controle do ponto de vista do eletroencefalograma. Hoje já temos sistemas sem fio, que consomem menos bateria. Nós conseguimos embutir tudo isso no iPhone, tirando o peso dos componentes eletrônicos”, explica.