Oswald de Andrade, Popeye e o espinafre
Por Antonio Carlos Prado
Virá inevitavelmente, para o bem da cultura nacional, uma onda de livros de Oswald de Andrade publicados pelas mais diversas editoras. Motivo: desde o primeiro dia de janeiro de 2025 o conjunto da obra desse expoente do modernismo brasileiro está em domínio público — ou seja, seu trabalho encontra-se disponível para ser reeditado ou utilizado sem pagamento de direitos autorais aos herdeiros. O critério para ingresso em domínio público no País é o seguinte: um ano após o septuagésimo aniversário do falecimento do autor. Nos EUA, também diversos clássicos estão entrando em domino público. Detalhe: o personagem de quadrinhos e filmes de animação Popeye está liberado também agora em 2025. Já sua companheira de enredo, Olivia Palito, encontra-se nessa privilegiada posição desde 2015. Mas nenhum dos dois pode aparecer juntamente com espinafre, a verdura que faz de Popeye um super-homem. Isso porque há noventa e cinco anos eles surgiram, mas o espinafre só foi incorporado às histórias em 1932 – há noventa e três anos, portanto. Faltam dois para ingressar em domínio publico.
MEDICINA
Novos padrões para a obesidade
Parecer publicado na conceituada revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology fixa novos métodos de diagnóstico e tratamento da obesidade, enfermidade presente em dois a cada cinco brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Mais: estima-se que haja, em todo o mundo, cerca de um bilhão de obesos. O parecer foi chancelado por setenta e cinco associações de médicos e especialistas de todo o planeta. Retirou-s dos exames o cálculo do índice de massa corporal (IMC) e a ênfase, agora, para determinação da obesidade, são estudos e análises mais individualizadas — cada caso sendo examinado em suas características e não mais enquadrado simplesmente em uma fórmula matemática e padrão. Exemplos que envolvem o novo diagnóstico: medição do percentual de gordura e da circunferência abdominal. Uma das principais novidades da pesquisa refere-se à definição de obesidade “clínica” e “pré-clínica”, classificação que orientará o médico em relação ao grau de risco à saúde do paciente. Os casos chamados de “clínicos” implicam riscos mais graves e devem passar a ter atenção especial no tratamento cirúrgico e na administração de medicamentos. “As estratégias para as duas categorias são diferentes”, diz Ricardo Cohen, coautor da publicação e presidente mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos.
MEIO AMBIENTE
Área queimada no Brasil em 2024 é maior que a Itália
Dados da plataforma Monitor do Fogo do MapBiomas: a área total devastada por queimadas no Brasil expandiu-se 79% no ano passado, ultrapassando os trinta milhões de hectares. Para termos uma noção mais exata do significado desses números, vale uma comparação: a área total destruída é maior que a Itália (cerca de trezentos e três mil quilômetros quadrados). Desde que se começou essa medição, em 2019, essa á a maior área devastada — em 2023 ficou-se com a já alarmante marca de aproximadamente treze milhões e seiscentos mil hectares, percentagem bem acima da esperada. De volta ao ano passado, 73% da área destruída correspondiam à vegetação nativa, sobretudo florestas. As regiões destinadas á pastagem tiveram seis milhões e setecentos mil hectares queimados. Não bastassem as ações predatórias e de descaso com a natureza por parte de considerável parcela de produtores brasileiros, um fenômeno natural jogou contra: a seca que se alastrou por todas as regiões brasileiras. Naturalmente, o baixo nível de umidade faz com que a vegetação se torne extremamente vulnerável ao fogo. Fala Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora do MapBiomas Fogo: “Os dados mostram como funciona essa balança, que impacta na quantidade de fogo, entre as condições climáticas e a quantidade de fontes de ignição. 2024 foi disparado o ano que mais se queimou no Brasil”. A Amazônia viu-se como o bioma do Brasil mais impactado no ano passado: aproximadamente dezoito milhões de hectares incinerados. Falou-se já aqui da ação predatória do homem. Eis um exemplo: quase 60% da área queimada no Brasil se espalha pela Amazônia.