Divino Maravilhoso: ‘Ainda Estou Aqui’ concorre a três Oscar no domingo de carnaval
Com as indicações, filme de Walter Salles faz história na cinematografia brasileira. A 97ª cerimônia de uma das principais premiações do cinema acontece no dia 2 de março, em Los Angeles, na Califórnia
Por Ludmila Azevedo
Foi ao som da canção de Gal Costa que o perfil oficial no Instagram do longa-metragem Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, comemorou a indicação ao Oscar de Melhor Filme, um feito inédito do cinema nacional para a categoria. Vale lembrar que quando O Beijo da Mulher Aranha, de Hector Bebenco, alcançou a marca em 1986, tratava-se de uma coprodução com os Estados Unidos. Outros dois golaços do Brasil vieram no anúncio realizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na quinta-feira, 23: a de Melhor Filme Internacional e a de Melhor Atriz para Fernanda Torres — vencedora como Melhor atriz de Drama do último Globo de Ouro, para não deixarmos de lado o bordão “totalmente premiada”. Ela é a segunda a concorrer na categoria por um filme em língua portuguesa. A primeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro, em 1999, por Central do Brasil, também de Walter Salles.
“Eu e Fernando Torres — onde quer que ele esteja — estamos realizados, em estado de Aleluia, pelas indicações de Fernanda Torres e Walter Salles ao importante prêmio do Oscar. Um ganho cultural para o Brasil. Meu coração de mãe em estado de graça”, disse Fernanda Montenegro.
“Fizemos um filme. Ele nasceu vitorioso por motivos variados: por lembrar o que jamais pode ser esquecido, por comover com uma beleza austera, por encher as salas de cinema de novo, por levar sensibilidade para o mundo, por recuperar nossa autoestima cultural, por abrir tantas portas para outros que virão, por restaurar o amor pelo cinema brasileiro. Três indicações aos Oscar. Com a de Melhor Filme, nós entramos para a história para sempre. Ainda estamos aqui. Eunice, Rubens, nós e vocês”, comemorou Selton Mello, que vive Rubens Paiva no longa.
Ainda Estou Aqui é baseado no romance não-ficcional homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015. Em 1971, quando o País enfrentava o endurecimento da ditadura militar, que durou 21 anos, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva foi levado para um depoimento e nunca mais voltou para a casa, no Rio de Janeiro. Sua esposa Eunice e a filha de 15 anos do casal, Eliana, também foram detidas. Com profunda sensibilidade, o filme de Walter Salles mostra como a protagonista não apenas se reinventou para criar os cinco filhos como lutou incansavelmente pelos direitos humanos e à memória de seu marido e das vítimas do regime.
O Oscar será em pleno domingo de Carnaval no Brasil, dia 2 de março. Emilia Pérez, do francês Jacques Audiard, lidera a disputa com 13 indicações, também com uma marca extraordinária: é o filme de língua não inglesa com mais indicações na história da premiação. Por aqui, no entanto, colocamos com empolgação nosso bloco na rua, lotando salas e torcendo pelas estatuetas douradas para o Brasil. Estaremos atentos e fortes!