Angela Ro Ro, 45 anos de irreverência e originalidade
Apresentação de Angela Ro Ro em São Paulo tem dose dupla de comemoração e um repertório com muitos sucessos
Por Ludmila Azevedo
A carioca Angela Maria Diniz Gonsalves é, sem dúvida, uma das vozes mais originais da música brasileira. Mais conhecida como Angela Ro Ro, completou 75 anos no último mês de dezembro e no sábado, 11 de janeiro, apresenta no palco do Teatro J. Safra, um repertório que consagra os 45 anos de sua carreira. A artista possui um estilo inconfundível e uma vida dedicada à música, já que ainda criança começou a tocar e compor.
“Eu comecei a trabalhar aos 29 anos no mercado fonográfico aqui no Brasil. Mas antes, eu já tinha feito coisas de suma importância, tanto em Londres, gravando o disco Transa, do Caetano Veloso, tocando minha gaitinha no Teatro Vereda, em São Paulo. Fiz shows no ano de 1970, que seguiam a linha da contracultura, que era alternativa e hippie. Participei do festival Saquarema, Som, Sol e Surfe, de 1976”, lembra ela.
A partir de seus primeiros trabalhos, a trajetória foi marcada por altos e baixos. Inclusive, o que ela considera como sensacionalismo, não ofuscou seu talento e bom humor sempre presentes nos espetáculos. “Mas eu não guardo mágoa, não. Esses 45 anos para mim são uma felicidade, de poder dar continuidade ao meu trabalho de instrumentista humilde, de compositora, de poeta e de intérprete. Eu tenho muito que agradecer ao meu público”, completa Ro Ro.
Alma de blues
A partir do disco Angela Ro Ro, de 1979, a cantora brindou o público com canções poéticas e pessoais. Foi gravada por artistas como Maria Bethânia, Marina Lima, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Cazuza, Barão Vermelho, Cida Moreira, entre outros. “Amor, Meu Grande Amor”, “Tola Foi Você” e “Gota de Sangue” são algumas de suas composições que tratam sobre temas universais, com arranjos que também enveredam para um lado blues bastante original de Ro Ro.
Para Ler
Premiado com o Pulitzer, A Conversa, do norte-americano Darrin Bell, acaba de chegar ao Brasil. No livro, o autor conta como tomou consciência de sua negritude, tornando-se uma voz antirracista em seu país.
Para Ver
A série documental A História de Uma Planta, tem roteiro e direção de Nina Kopko e Geovani Martins, e está disponível na Globoplay. Os episódios trazem especialistas que desmistificam a cannabis e seu uso.
Para ouvir
Ex-integrante de bandas como Pixies e The Breeders, a cantora e instrumentista Kim Deal lançou o disco Nobody Loves You More, lapidado ao longo de anos. Beleza e experimentação marcam suas 12 faixas.
Monólogo
Clássico atualizado
Depois da temporada no Rio de Janeiro, o monólogo Eu sou um Hamlet estreia no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Rodrigo França está no papel de um dos personagens mais complexos e conhecidos de William Shakespeare, com a direção de Fernando Philbert. O espetáculo faz uma releitura contemporânea, a partir da perspectiva de um ator negro, provocando reflexões profundas sobre as relações humanas, a condição do homem negro no Brasil e a busca por identidade. Em cartaz até o dia 22 de fevereiro.
Musical
A volta do barbeiro
Sweeney Todd – o Cruel Barbeiro da Rua Fleet está de volta ao Teatro Santander, em São Paulo. O musical conta a história de Benjamin Barker, barbeiro que se viu obrigado a ir embora de Londres por conta de uma briga com o Juiz Turpin. Após 15 anos, ele retorna sob o pseudônimo Sweeney Todd sedento por vingança. Ao chegar ao lugar onde funcionava sua antiga barbearia, ele se depara com uma loja de tortas administrada pela Dona Lovett, com quem irá unir forças. Até o dia 26 de janeiro.
Férias
Museu para toda família
A programação da Estação Férias – Entre festejos e brinquedos, do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, está intensa. Até o dia 31 de janeiro o público visita espaços para desenhar com o corpo todo e bordar com lãs coloridas, instalação com utensílios de cozinhas e outros objetos inusitados para serem usados como instrumentos musicais e acompanha performances musicais e teatrais. Um dos destaques é a mostra temporária Vidas em Cordel (foto), que segue em fevereiro.
Teatro
Amor moderno
Livremente inspirado no filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, o espetáculo Brilho Eterno é protagonizado por Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller, com idealização, direção e encenação de Jorge Farjalla. Jesse e Celine sentem a necessidade um do outro, de maneiras e intensidades diferentes. Com a detecção de uma incompatibilidade, a necessidade continua sendo o mote da relação do casal, mas não do amor dependente. A temporada da peça vai até 23 de fevereiro no Teatro Bravos, em São Paulo.