Por Germano Oliveira
Colaborou Vasconcelos Quadros

Há décadas ouvimos falar que os políticos que corroem os recursos da União, os chamados cupins dos cofres públicos, agem livremente no Congresso, por meio do solapamento do Orçamento, e pelos desvios bilionários de verbas dos ministérios e das estatais que lhes são entregues em troca de votos favoráveis aos governos que apoiam. Isso vem há décadas, talvez séculos. A questão é que até hoje ninguém fez nada para quebrar esse circulo vicioso. Até que surgiu no cenário do STF um ministro corajoso como Flávio Dino. Ele resolveu encarar o desafio de desmontar a máfia que enriquece às custas do dinheiro arrecadado com os impostos pagos pelos pobres brasileiros. Primeiro, suspendeu o pagamento das emendas parlamentares, por onde jorravam R$ 53 bilhões anuais.

Corrupção

Ocorre que a maioria dos parlamentares montou uma azeitada máquina para desviar dinheiro público. A pretexto de resolver problemas nas pequenas cidades do interior, as emendas acabavam no bolso de prefeitos, empreiteiros e deputados. De cada R$ 100 milhões, por exemplo, 20% iam para os prefeitos, 20% para os empreiteiros e 20% para os deputados.

Corajoso

Quando Dino disse que só liberaria recursos se soubesse quem são os autores das emendas e como o dinheiro seria aplicado, além de obter razoável prestação de contas (por meio do TCU), houve pânico no Congresso. A transparência acaba com essa mega-sena parlamentar. Por isso, os deputados pressionaram Lula a pressionar o STF. Dino está impávido.

Bia Doria brilha em Dubai

A artista plástica Bia Doria foi destaque em um vernissage exclusivo na Opera Gallery de Dubai, uma das principais galerias de arte moderna e contemporânea do mundo, no último dia 3. Organizado pelo LIDE Emirates, o evento exibiu uma seleção de 11 esculturas, criadas a partir da interferência da artista sobre fragmentos descartados da natureza, como raízes, troncos e resíduos de queimadas criminosas.

Rápidas

●Alagoas, terra de Arthur Lira, é o estado que mais recebeu emendas de comissão, num total de R$ 73 milhões. São Paulo, que tem um quarto da população brasileira, recebeu somente R$ 11 milhões. O Paraná foi o segundo estado que mais recebeu recursos da União: R$ 16 milhões.

● O PSD de Gilberto Kassab estuda a fusão com o PSDB de Aécio Neves e Marconi Perillo, enquanto o PP, Republicanos e União Brasil podem se transformar num partido só. Na esquerda, o PT se fundiria ao PCdoB e ao PV.

● O preço da carne, que disparou no final de 2024, calou os petistas que prometeram picanha barata para os brasileiros. De janeiro a novembro, os preços das carnes subiram 14,8%, bem acima dos 4,29% da inflação do período.

● A PF do delegado-geral Andrei Rodrigues prepara novo relatório sobre a tentativa de golpe no final de 2022, quando bolsonaristas assassinariam Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Mais denunciados virão por aí.

Retrato falado

Fernando Haddad está entre a cruz e a espada quando analisa o comportamento dos parlamentares sobre o equilíbrio das contas públicas. “Quando é para cortar benefícios fiscais, o deputado vota. Mas quando é para regularizar a contenção do aumento da despesa a pessoa não vota. O discurso tem desagradado tanto a direita quanto a esquerda, porque um lado não quer a contenção do gasto e o outro não quer pagar mais impostos”, disse o ministro, que antecipou a volta das férias.

A perda de US$ 32 bilhões

Economistas do governo Lula não entendem porque o mercado colocou em dúvida a eficácia do plano de corte de gastos e aproveitou o fechamento de seus balanços com as matrizes para determinar uma monumental remessa de dólares no final do ano passado para o exterior. É simples. Os economistas do mercado financeiro são preparados e sabem fazer contas. Com todas as mudanças que os congressistas fizeram no pacote, os cortes não foram de R$ 70 bi, mas de R$ 50 bi apenas. Por essas e por outras, as empresas tiraram do Brasil muitos dólares, com as cotações chegando a R$ 6,26, obrigando o governo a vender US$ 32 bilhões de suas reservas. Jogou-se dinheiro fora.

Mais despesas com o IR

Outra coisa que surpreendeu o mercado foi o anúncio, às vésperas dos cortes de gastos, da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Esse dispositivo fará com que o País aumente as despesas em mais de R$ 50 bi. Somando-se estes R$ 50 bi aos R$ 20 bi perdidos no Congresso, nada mudou.

A dança das cadeiras

A reforma ministerial que Lula fará após a eleição dos presidentes do Congresso, é líquida e certa. Ó presidente vai trocar Paulo Pimenta por Sidônio (Secom), mas outras barbadas vêm por aí, como a substituição de Lewandowisk por Pacheco (Justiça) e Nísia por Lira (Saúde). Se Lula optar por Padilha na Saúde, abre vaga no Planalto para o PP.

Um lugar ao sol

Há também a possibilidade de o presidente colocar Alckmin na Defesa no lugar de Múcio, para abrir espaço na Indústria e Comércio para o Centrão. O ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) pode ser substituído pelo próprio Pimenta, que já caiu da Secom. Gleisi, que deixará a presidência do PT para Edinho Silva, tenta buscar um lugar ao sol.

“O plano A para 2026 é Lula”

José Guimarães, líder do governo, disse que o PT não tem planos para apresentar outro candidato a presidente da República que não seja o de Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, em 2026 não tem plano B. É o Lula. Depois de 2026. aí, evidentemente, que “o nome do ministro Camilo Santana (Educação) está posto”, afirmou o deputado, citando também Haddad, Rui Costa e Wellington Dias.

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