Garotas douradas: esporte feminino garante ano para entrar na história
Nas Olimpíadas de Paris, a delegação feminina fez história em todos os sentidos — desde o número de competidoras até a conquista, tanto de medalhas quanto sociais
Por Luiz Pimentel
Fizeram história as Olimpíadas de Paris sobre o esporte feminino do Brasil. Foi a primeira vez que a delegação do País levou mais mulheres do que homens: 153 diante de 124 (ou 55% a 45%). E a condução de nossa participação, nessa lógica, deu certo. Das 20 medalhas conquistadas pelo Brasil, 12 foram em competições femininas. Sem contar alguns dos principais destaques da equipe nacional, personificados por elas — Rebeca Andrade e Rayssa Leal que o digam. Ao final, o Brasil voltou para casa com um total de três medalhas de ouro, sete de prata e dez de bronze. As mulheres (repita-se, as mulheres) foram responsáveis por todos os primeiros lugares nos pódios: Bia Souza no judô, Rebeca Andrade na ginástica artística e a dupla Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia.
O feito inédito endossa o crescimento do esporte feminino brasileiro, que tem se fortalecido ao longo dos anos, especialmente desde a inclusão completa das mulheres em todas as modalidades olímpicas nos Jogos do Rio 2016.
● Rebeca Andrade se consagrou globalmente, chegando a superar aquela que é considerada a maior ginasta de todos os tempos, a norte-americana Simone Biles. Ela retornou como a atleta do Brasil mais condecorada da história olímpica, acumulando seis medalhas ao longo de sua carreira, sendo quatro em Paris. A performance na ginástica de solo foi digna de nota especial. Nesta, ela se superou e foi reverenciada por Biles.
● Bia Souza fez-se a primeira judoca a conquistar o ouro para o Brasil na categoria +78kg.
● Ana Patrícia e Duda igualam o feito na areia do vôlei de praia, sagrando-se campeãs.
Além delas, vale citar Tati Weston-Webb, no surfe, e Rayssa Leal, no skate. Weston-Webb conquistou a primeira medalha feminina do esporte para o Brasil, no caso a de prata, enquanto Rayssa ficou com o bronze no skate.
A participação das mulheres superior à masculina também traz um impacto social significativo. A soberania feminina na delegação é um reflexo da luta por igualdade de gênero e serve como inspiração para futuras gerações que sonham em se tornar atletas. Além das conquistas esportivas das mulheres, com os avanços relatados acima, dignos de medalhas ou não, fica aberto um caminho para que o futuro seja mais igualitário.
E no baixar das cortinas do ano, a maranhense Rayssa Leal se tornou a primeira atleta do País a conquistar o tricampeonato na Liga Mundial de Skate Street (SLS, na sigla em inglês). Isso aos 16 anos, em uma prova em que ela virou o placar na última bateria. Isso é que é fechar com chave dourada.