2025: economia e política

2025: economia e política

Marco Antonio Villa: "O desafio é em 2025 demonstrar a viabilidade da estratégia econômica tendo a dívida pública, a taxa de juros e um câmbio quase fora de controle como poderosos adversários"

Por Marco Antonio Villa

O maior desafio para o presidente Lula em 2025 é o relacionamento com o Congresso Nacional. No primeiro biênio do seu terceiro mandato foi derrotado por goleada na Câmara dos Deputados e por contagem mínima no Senado. Nada indica que este quadro poderá mudar no curto prazo. O primeiro desafio será para as eleições das mesas diretoras das duas Casas, em fevereiro. Os eleitos – tendo em vista que as candidaturas apresentadas para cada uma das Casas já estão vitoriosas antes das eleições propriamente ditas – estão formando as chapas – quase que únicas – mostrando uma unanimidade raramente vista no Congresso, o que não é bom sinal para o Governo. Isto porque demonstra que os parlamentares optaram por dividir salomonicamente os cargos diretivos tendo em vista o principal: a manutenção das bilionárias emendas parlamentares. Aí mora um problema que foi se acentuando desde 2017 e que se agravou em 2019. Vale lembrar que não há no mundo nenhum regime presidencialista que funcione desta forma.

Sem uma base segura, Lula fica refém dos parlamentares. A cada votação importante tem de negociar de acordo com os interesses e métodos do Centrão. O desgaste é evidente e se repete. Não faltaram tentativas por parte de Lula, como na composição inicial do ministério e nas mudança ocorridas. Mesmo assim, os partidos contemplados na máquina estatal não entregaram os votos no Congresso e a reação do presidente da República foi tímida, demonstrando que o Lula de 2023 não era o Lula de 2003 – e o mesmo se repetiu em 2024.

Sem desatar este nó górdio as principais pautas governamentais e, principalmente, a reeleição em 2026 ficam prejudicadas. Lula é favorecido pela falta de um contendor que tenha viabilidade eleitoral, pois, por determinação da Justiça, Jair Bolsonaro, como candidato, é carta fora do baralho. Além do que, a chamada direita não tem alternativa. No campo econômico Lula pretende colher dividendos políticos. No primeiro biênio do terceiro mandato manteve um crescimento médio do PIB superior a 3%, o que é um bom resultado, principalmente quando associado a menor taxa de desemprego da série histórica, ao aumento do consumo das famílias, o controle relativo da inflação e o aumento real do salário mínimo. O desafio é em 2025 demonstrar a viabilidade da estratégia econômica tendo a dívida pública, a taxa de juros e um câmbio quase fora de controle como poderosos adversários. Ou seja, o crescimento do PIB próximo a 3% é viável, tem vida longa? Ou teremos uma repetição do Governo Dilma 2? A oposição fará de tudo para inviabilizar a política econômica e Lula terá de construir base congressual que dê, quando necessário, sustentação para aprovar as principais medidas. Quem viver, verá.