Internacional

A volta de um ícone mundial: Catedral de Notre-Dame é reinaugurada após 5 anos

A catedral no coração da capital francesa é reaberta ao público após cinco anos de restauração devido ao incêndio de 2019

Crédito: Christophe Petit Tesson

O presidente Emmanuel Macron na Catedral de Notre-Dame, com estilo arquitetônico que privilegia a iluminação interior (Crédito: Christophe Petit Tesson)

Por Denise Mirás

Se os franceses precisaram de praticamente dois séculos, entre 1163 e meados de 1300, para reconstruir sua Catedral de Notre-Dame, foram necessários apenas cinco anos para dois mil operários e artesãos terminarem a restauração da obra gótica, que passou por um incêndio em 15 de abril de 2019. Mesmo com a pandemia, o prazo estabelecido pelo presidente Emmanuel Macron para a entrega da nova catedral, que pertence ao Estado francês, foi cumprido pelas 250 empresas que participaram do projeto, ao custo de € 846 milhões (cerca de R$ 5,4 bilhões) em doações. A cerimônia de reabertura de Notre-Dame, que fica na Île de la Cité, foi marcada para o fim de semana de 7 e 8 de dezembro de 2024, sob forte segurança, com presença do papa Francisco e 50 chefes de Estado.

Mas, apesar de Laurent Uirich, arcebispo de Paris, acentuar o caráter litúrgico da ocasião, a cerimônia ganhou um aparato midiático: à consagração e primeira missa participarão três mil convidados, dentre eles Donald Trump, que se apressou a assegurar sua presença, na primeira viagem após a reeleição à Presidência dos EUA. Cinco telões foram instalados para um público de 40 mil pessoas. Elas se reunirão no local e a France 2, emissora pública de tevê, garantiu transmissão para todo o país.

Ícone mundial, que sobrevive a catástrofes recebendo católicos fieis e turistas curiosos desde o século XII, a Catedral de Notre-Dame — um monumento à luz — deverá passar a receber 14 milhões de visitantes por ano, 3 milhões a mais do que antes de 2019, sob a proteção de um sofisticado sistema anti-incêndio.

Segundo Philippe Jost, gerente do projeto da obra que é registrada como patrimônio da Unesco, “o mundo inteiro redescobrirá o exterior da catedral, agora fiel ao original, e o interior transformado, com um brilho e um esplendor sem precedentes”. As obras no entorno ainda seguem até 2028.

(Christophe Petit Tesson)

Também será inaugurado um museu no centro da cidade, totalmente dedicado à Notre-Dame, seus mistérios e histórias:
● das Relíquias da Paixão (coroa de Cristo, um fragmento da cruz e um prego do sepulcro) às estátuas decapitadas na Revolução Francesa em 1789;
● das execuções em fogueiras até a “coroação” de Napoleão Bonaparte como “imperador” em 1804.

Mas o esplendor mesmo, da catedral, veio no século XIX, com o escritor Victor Hugo e o sucesso do romance Notre-Dame de Paris, de 1831, estrelado pelo corcunda Quasímodo e a amada cigana Esmeralda.