Anistia nunca mais
Por Germano Oliveira
Os bolsonaristas bem que se animaram com a vitória do Trump, mas foi uma euforia passageira. Enquanto Eduardo Bolsonaro comemorava o avanço da direita nos EUA, o que poderia beneficiar seu pai, o ex-capitão que o Exército considerava incapaz e inapto e que saiu da instituição pela porta dos fundos, está agora enredado numa trama diabólica, criada para destruir a democracia brasileira. O plano, como todos sabem, mergulhou o país numa nuvem escura, fazendo-nos voltar aos tempos de medo do retorno à ditadura sangrenta. Essa virada de mesa fez com que parlamentares bajuladores, que acreditavam que esse movimento poderia salvar Bolsonaro da cadeia e ter a elegibilidade restituída, caíram na real: o Brasil jamais concederá anistia a golpistas covardes.
Explosão
Definitivamente, não dá para entender como Bolsonaro, um ser maligno, conforme mostram documentos divulgados pela PF, conseguiu chegar à mandatário da República. Antes de virar presidente, o que aconteceu depois de uma mal explicada facada, é suspeito de tentar explodir bombas em quarteis para pressionar os comandos a conceder aumentos às tropas.
Julgamento
Bolsonaro tantas fez que agora não se sabe em quais crimes ele deve ser condenado primeiro. A fila é longa: tentar dar um golpe de Estado é o principal, pois pode lhe render 30 anos de cadeia. Depois, tem o roubo das joias, os crimes das milícias digitais e das fake news, além da falsificação dos atestados das vacinas…
“Ainda estamos aqui”
Isto não faz parte do enredo do filme Ainda Estou Aqui. Na verdade, a frase “Ainda estamos aqui”, foi dita por Lula no evento do G20, após a reunião com o líder chinês, Xi Jinping, ao qual lembrou do plano golpista que pretendia matá-lo, além de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.“A tentativa de me envenenar e a meu vice Alckmin não deu certo, pois ainda estamos aqui”.
Rápidas
● Militares do alto comando das Forças Armadas estão irritados com as críticas à corporação, especialmente quanto ao envolvimento de oficiais na tentava do golpe. Dizem que as forças têm 300 mil homens e só dezenas deles são acusados pela Polícia Federal.
● Na verdade, as Forças Armadas vivem envoltas em polêmicas. Agora, 12,7 mil militares aposentados estão sendo contratados para funções administrativas, com adicional de 30% nos salários, cuja média é de R$ 22,6 mil.
● Na área econômica, as coisas tendem a melhorar sobretudo agora que Haddad enviou seu pacote de corte de gastos para o Congresso. Prova de que a economia tem saldos positivos é que o desemprego caiu para 6% em SP e 6,4% no País.
● Paulo Gonet, que recebeu do ministro Alexandre o relatório da PF em que Bolsonaro e sua turma foi indiciada, vai ler tudo sozinho, inclusive nas férias forenses. Deve denunciar o ex-presidente até 15 de fevereiro.
Retrato falado
A ministra Cármen Lúcia (STF) foi responsável por um dos seis votos que formaram maioria no tribunal para a manutenção da prisão do ex-jogador Robinho, preso por estupro coletivo na Itália. Além de Cármen Lúcia, a única juíza mulher na Corte, votaram contra a negativa de soltura do ex-atleta, os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Luiz Edson Fachin e Cristiano Zanin. Apenas o decano Gilmar Mendes votou a favor de se colocar Robinho em liberdade.
O fracasso da COP29
A COP29, realizada em Baku (Azerbaijão), fracassou rotundamente, principalmente para os países pobres ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Os ricos (Europa, EUA e China), ofereceram, inicialmente, US$ 250 bi para reparar o meio ambiente. Os pobres bateram o pé. Desejavam pelo menos US$ 1,3 tri por ano até 2035. Com a pressão, os ricaços chegaram a US$ 300 bi por ano. Antes, contribuíam com US$ 100 bi. Parece ter sido um avanço, mas não foi. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente), representando os desvalidos, disse que com pouco dinheiro para financiar ações contra as mudanças climáticas, o mundo vai chegar logo-logo a 4º de aumento nas temperaturas.
O futuro na COP30
Pelo acordo de Paris, a proposta era que os recursos chegassem a US$ 100 bilhões, mas o negacionista Trump virou as costas para a ONU e saiu do grupo, o que promete fazer novamente agora. Por isso, a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém, será decisiva para o futuro da humanidade.
Divórcio à vista
O PT, de Gleisi Hoffmann (foto), e o PV, de José Luiz Penna, nunca se bicaram. Os petistas viam o partido liderado pelo verde como marginal na política. Só respeitam, um pouco, Eduardo Jorge, que militou no PT desde sua fundação, mas que deixou a legenda em 2003, quando Lula assumiu a presidência pela primeira vez. Saiu atirando nos ex-companheiros.
Fim da federação
O destino fez com que o PV formasse federação com o PT em 2018, forçados pela cláusula de barreiras, para não saírem do mapa político/eleitoral. Nas eleições de 2024, porém, os dois partidos, que deveriam ser irmãos, brigaram feio em cinco capitais. Agora, pensam em se divorciar e que cada um vá cuidar da sua vida. Penna nunca foi confiável.
De vento em popa
A Petrobras vai de vento em popa. Desde que Magda Chambriard assumiu a presidência, a estatal tem apresentado notícias muito boas, como o aumento dos lucros e a repartição de dividendos. Agora, ela anuncia que a empresa investirá pesado para diversificar seus produtos e fabricar dois bilhões de litros de etanol por ano. “Estamos voltando para o etanol. Ele está no nosso DNA”, disse.
Toma lá dá cá
Como avalia a tentativa do golpe que desejava matar Lula, Alckmin e Moraes?
A PF mostra o envolvimento de militares de alta patente no planejamento de atos graves, inclusive contra o Estado de Direito. Os responsáveis devem ser punidos.
Bolsonaro deve ser responsabilizado?
Há indícios de que ele participou de reuniões, discutiu minutas e atuou contra a credibilidade do sistema eleitoral. Esses fatos devem ser submetidos ao MP e ao STF, onde ele terá direito à defesa.
Há elementos para Bolsonaro ser preso antes do julgamento?
A prisão preventiva não está relacionada apenas com a gravidade dos fatos, mas com a atuação do investigado no sentido de não se submeter à aplicação da lei, por exemplo.