O Prêmio Nobel de Economia
Por Ricardo Guedes
O Prêmio Nobel de Economia deste ano foi para James Robinson e outros, no estudo do porque as nações prosperam, ou falham. As que vencem, têm a imposição da população sobre à elite, compartilhando as decisões; a criação de instituições para a implementação do novo projeto; e o comprometimento da população com o novo projeto; sintetizado em Why Nations fail, 2012. Cada vez mais a Economia se aproxima das Ciências Sociais, e vice-versa. Afinal, o fenômeno social é único.
Nas Ciências Sociais, Werner Sombart em Why there is no Socialism in the United States, 1906, se refere ao pacto social dos Estados Unidos comparado aos países Europeus. Os Estados Unidos não teriam socialismo, porque “there is”, tendo atingido níveis econômicos e sociais que já satisfaziam aos cidadãos. Barrington Moore, em Social Origins of Dictatorship and Democracy, 1966, compara países como a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, a China e a Rússia, com diferentes formatos de revolução e outcomes. Theda Scocpol em States and Social Revolutions, 1979, estuda a França, Rússia e China, como revoluções que mudaram as instituições. Alan Knight, em The Mexican Revolution, 1986, indica os erros na negociação final pela parte vencedora, sem resultados substantivos na transformação social.
Consideremos os Estados Unidos e o Brasil. Na colonização dos Estados Unidos, para lá foram os que se antepunham à Coroa Inglesa, objetivando a liberdade e o mercado, no melhor de Adam Smith. No Brasil, o Estado Português se instalou na extração de bens para o uso próprio.
Em 1800, os PIBs per capita dos Estados Unidos e do Brasil eram equivalentes, em cerca de US$ 800,00. Em 1900, o PIB per capita dos Estados Unidos subiu para cerca de US$ 3.800,00, o Brasil mantendo o mesmo patamar de US$ 800,00 de 1880, conforme artigo na Public Choice. É a comparação entre as colonizações “inclusivas” e as “extrativistas”. Nos Estados Unidos, a Revolução Americana e a Guerra Civil selaram o pacto da democracia e do mercado. No Brasil, nunca houve “revolução”. A Independência foi uma forma de controle por Portugal. A Proclamação da República é tida, por alguns autores, mais como uma substituição de uma elite por outra, do que um processo de “baixo para cima”. Getúlio Vargas, promoveu um relativo pacto social urbano com a CLT, então não extensível ao campo. Nos Estados Unidos, existe o “cidadão”. No Brasil, o “povo”. Aqui, o voto é sempre na “administração”, ou na “esperança”.
As teses de James Robinson fundamentam a análise da imposição às elites, formação de instituições e comprometimento da população, através de indicadores econômicos, políticos e sociais, com avanços no conhecimento.
A ciência é uma só.