A Semana

A agonia do Pantanal

Crédito: Gustavo Basso

Pantanal: no ritmo em que é tratado por autoridades brasileiras, ele sai de nossos mapas ao final desse século (Crédito: Gustavo Basso)

Por Antonio Carlos Prado

O projeto MapBiomas pesquisa no Brasil, e divulga resultados periodicamente, sobre o uso da terra e água e as decorrências da utilização de queimadas. Acaba de lançar o seu último relatório, acompanhado e respeitado em todos os países que se ocupam com a preservação do meio ambiente. Por aqui, a notícia é triste: devido aos longos períodos de seca, a região está com a sua área de alagamento reduzida em nada menos que 61% — o intervalo de tempo em questão vai de 1985 a 2023. O Pantanal é considerado a maior área úmida do planeta — não é difícil entender, portanto, o motivo da preocupação global. Se cotejado o ano passado com 2018, tem-se que o Pantanal se encontra 38% mais seco — foi justamente há sete anos que se viu a última cheia do bioma. Segundo declaração da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao Congresso Nacional, o Pantanal chagará em um ponto sem retorno até o final do século 21 se nenhuma rígida providência for tomada contra as queimadas. O climatologista Carlos Nobre, conceituado em todo o mundo (somente os tolos negacionistas não o respeitam), é menos otimista: o Pantanal, no ritmo que está sendo tratado no Brasil, constará em nossos mapas até 2070.

LEILÃO
Os sapatos mais famosos do cinema

Com lance mínimo de US$ 1 milhão, estão sendo leiloados os famosos sapatos vermelhos que a atriz Judy Garland, quando adolescente, calçou no clássico filme O Mágico de Oz, de Victor Fleming, interpretando a personagem Dorothy. Lançado em 1939, o seu sucesso foi espetacular (apesar de o mundo estar entrando na Segunda Guerra) e tornou-se uma referência para diversas gerações de cineastas. O leilão está sendo promovido pela Casa Heritage Auctions, na cidade de Dallas, nos EUA. Serão aceitos lances até o dia 7 de dezembro. Em 1970, um colecionador de raridades do cinema, chamado Michael Shaw, comprou os sapatos. Em 2005, Shaw os emprestou ao Museu Judy Garland, em Grand Rapids, no Minnesota. Foram furtados. Quem os roubou imaginava que eram adornados com joias legítimas, uma vez que à época estavam estimados na casa de US$ 2 milhões. Treze anos depois, por meio de denúncia anônima, o FBI conseguiu prender o ladrão, e o par de “sapatinhos de rubis”, que a rigor eram lantejoulas, retornou à coleção de Shaw. Outros itens do filme também estão em leilão: a peruca de Dorothy (US$ 5 mil), o Chapéu da Bruxa Má do Oeste (US$ 100 mil) e as luvas do Leão Covarde UU$ 10 mil).

Divulgação

EUA
Atraso na saúde

Robert Kennedy Jr. (à esq.) e Trump: mentiras, mentiras, mentiras (Crédito:Christian Monterrosa)

Isso é tudo aquilo que o planeta não precisa nesse momento: um negacionista, nos EUA, no cargo de secretário (para nós, ministro) da Saúde. A expressão négationnisme foi popularizada pelo historiador francês Henry Rousso, e a prova de que ela não presta é que nasceu entre aqueles que mentem ao dizer que os campos de extermínio, criados pelos nazistas, não existiram. Por incrível que pareça, ainda há adeptos do negacionismo, contrariando a ciência e os fatos históricos — e eles existem em proporção avantajada no Brasil, espalhando estultices relacionadas a diversas áreas do conhecimento. Mas retomemos o nosso tema central. O presidente eleito Donald Trump anunciou que seu secretário da Saúde será Robert Kennedy Jr., filho do senador Robert Kennedy, assassinado em 1968. O indicado por Trump, se aprovado o seu nome pelo Congresso, será o homem que estará à frente do órgão norte-americano que supervisiona medicamentos, vacinas (Kennedy Jr. é contrário a elas), alimentos e pesquisas. Sempre que se fala de EUA está-se falando do piloto do planeta. O país regredirá. Em decorrência, a humanidade também. Foi ele, o agora indicado por Trump, que espalhou a notícia falsa de que vacinas causavam autismo — imediatamente desmentido por cientistas, mas o estrago estava feito. E segue na cabeça de muita gente. Há senadores norte-americanos, republicanos como Trump, que estão hesitando se avalizam ou não o seu nome. Mas se constituem minoria. É aterrador ouvir, por exemplo, as palavras do senador republicano do Alabama, Tommy Tuberville: “Mais do que qualquer outra pessoa que eu conheça, Robert Kennedy Jr. tem a mente aberta”.

Tommy Tuberville: ele acha que “Kennedy Jr. tem a mente aberta” (Crédito:Divulgação)