Pequeno mundo, grandes problemas

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Laira Vieira: "A diminuição física serve como uma forma de destacar a desconexão crescente que sentimos em relação ao meio ambiente e às consequências das nossas ações" (Crédito: Divulgação)

Por Laira Vieira

Pequena Grande Vida (2017), dirigido por Alexander Payne (Os Rejeitados, Eleição), não é apenas uma sátira de ficção científica sobre a obsessão com o sucesso e a otimização da vida; é uma reflexão sobre a natureza da felicidade, da deterioração ambiental, superpopulação e da nossa própria identidade em um mundo extremamente consumista.

A trama gira em torno da criação de uma técnica que permite a redução do tamanho dos seres humanos em cerca de 12 centímetros de altura.

A descoberta oferece a aparente solução definitiva para problemas como a degradação ambiental. O protagonista, Paul Safranek, interpretado por Matt Damon (Gênio Indomável, Jason Bourne), é um homem comum que se vê atraído pela promessa de uma vida mais confortável e bem-sucedida em um mundo em miniatura, onde os problemas parecem ser proporcionais à escala reduzida de sua nova existência.

No entanto, em vez de encontrar o paraíso prometido, Paul se depara com um microcosmo que reproduz as falhas e desigualdades do mundo real — e isso se acentua quando ele se depara, observa e ajuda a ativista Ngoc Lan Tran, interpretada por Hong Chau (A Baleia, O Menu). Ela, assim como um grande grupo de pessoas, vive no lado pobre do pequeno “paraíso”. A sociedade em miniatura revela-se uma caricatura dos mesmos problemas que afetam a humanidade em grande escala: corrupção, desigualdade social, superficialidade e a eterna busca por significado.

O filósofo Jean-Paul Sartre observou que “Liberdade é o que você faz com o que aconteceu com você”. A liberdade prometida pela redução não elimina as complexidades e os dilemas da vida – ao contrário, os amplifica e os coloca sob uma nova luz.

A diminuição física serve como uma forma de destacar a desconexão crescente que sentimos em relação ao meio ambiente e às consequências das nossas ações. A proposta de redução não apenas oferece uma visão satírica da tentativa de criar um mundo mais sustentável, mas também nos confronta com a realidade de que a sustentabilidade não pode ser alcançada por meio de uma simples mudança de escala — ela requer uma transformação profunda e fundamental em como interagimos com o mundo.

Pequena Grande Vida é uma reflexão sobre o paradoxo de tentar simplificar a complexidade da vida humana e sobre a necessidade de abraçar as nuances e os desafios da existência em vez de buscar soluções ilusórias. A audiência é convidada a reconsiderar suas próprias abordagens para os problemas que enfrentamos e a buscar um caminho mais consciente que exige muita conscientização e trabalho, pois sem o meio ambiente e com a crescente desigualdade social não há um futuro agradável para a humanidade.