Comportamento

Beleza e bem-estar: exercícios faciais são alternativa aos preenchimentos

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Cláudia Bueno: fisioterapeuta e treinadora facial, ela aposta no poder das mãos na ginástica que pratica diariamente há mais de 20 anos (Crédito: Divulgação)

Por Maria Ligia Pagenotto

RESUMO

● Não é só o corpo que pede a ativação dos músculos: o rosto também responde à tonificação quando bem treinado
● Em expansão, a técnica se consolida como bom negócio no Brasil

Um mercado que só cresce — assim é o setor de beleza e bem-estar. Entre 2020 e 2022, o segmento movimentou, apenas no Brasil, US$ 96 bilhões (5% do PIB do País), segundo dados divulgados em junho pelo Global Wellness Institute. No ranking mundial, o Brasil ocupa o 12º lugar. É nesse cenário que desponta mais um nicho: o mercado dos treinos faciais.

A tendência, que conta com adeptos há mais de trinta anos, ganhou impulso com o lançamento, em 2019, da Academia da Face, fundada pelo dermatologista Alberto Cordeiro e o cirurgião-dentista Willian Ortega. A ideia provavelmente foi inspirada no sucesso da Facegym, academia lançada em Londres, em 2014, por Inge Theron, ex-colunista de beleza.

Adriane Galisteu aprovou tanto os treinos faciais que se tornou sócia de clínica. Para a atriz Letícia Colin (abaixo), a maior qualidade é o seu efeito relaxante (Crédito:Divulgação)
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A Academia da Face conta hoje com cerca de trinta unidades em funcionamento em todo o País e 15 em implementação. A previsão de faturamento até o final do ano é de R$ 30 milhões, um negócio que tem à frente Thiago Palazzini, CEO responsável pela expansão.

Este ano, a apresentadora e ex-modelo Adriane Galisteu juntou-se ao time. Ela chegou à clínica como cliente e aprovou o tratamento recebido. “Sempre tive muito cuidado quando o assunto é estética”, afirma Galisteu, reforçando a credibilidade do serviço oferecido.

O treino facial tem como principal objetivo rejuvenescer ou prevenir o surgimento de rugas, mas não é somente isso, segundo Ortega. “Além da prática, fazemos massagens e drenagem linfática no rosto, o que confere uma sensação de bem-estar e cuidado muito grande”, diz.

“As pessoas querem soluções estéticas que ofereçam o máximo de naturalidade. Por isso o treino facial está em crescimento.”
Willian Ortega, cirurgião-dentista da Academia da Face

Na Academia, são oferecidos também aparelhos para o fortalecimento muscular do rosto. Ortega acredita que, cada vez mais, as pessoas que procuram tratamentos estéticos estão atrás de soluções que ofereçam o máximo de naturalidade. “Por isso tem crescido o desejo pelo treino facial”, explica. Ele não descarta a adesão ao botox e preenchimentos. “Isso colabora para que a Academia da Face seja um negócio bastante lucrativo e em pleno crescimento”, diz Ortega.

Quem busca investir no setor encontra diversas possibilidades. Segundo a consultoria americana McKinsey, os procedimentos injetáveis devem faturar, em 2025, nos EUA, mais de US$ 5 bilhões.

A esteticista e criadora de conteúdo Bárbara Grigoli se diz satisfeita com o treino na clínica de Galisteu. “Sinto que o contorno facial melhorou muito, está mais firme”, afirma.

Letícia Colin, atriz e cantora, é outra cliente da Academia. Para ela, o melhor é o efeito relaxante da atividade.

Disciplina e constância

Uma das pioneiras da técnica no Brasil, Bartira Bravo, aprova o crescimento das ofertas na área. Seu trabalho começou quando decidiu estudar o rosto de atletas. “Percebi que faltava trabalhar a musculatura da face, pescoço e colo”, diz. Bartira criou seu método ao conhecer Marjorie Craig, a americana considerada a “mãe” da ginástica facial, e Simone Angerami, considerada sua discípula brasileira.

Siomara Schroder é aluna de Bartira. Atriz, ela diz que sente receio em fazer botox e perder a identidade: “Com disciplina, o efeito facial é incrível e a gente não fica com aquele rosto padronizado de quem passou por procedimentos”.

Instrutora da ginástica, Cláudia Bueno diz utilizar no rosto o treino que usa para o corpo. “Vejo muitos resultados em mim e também em pessoas com mais de 80 anos”, garante. Sua técnica é toda manual e ela descarta o uso de aparelhos.

Na sua avaliação, dermatologistas em geral costumam desacreditar o método, mas há exceções. A médica Sueli Carneiro, professora da UERJ, aprova a técnica: “Se o músculo cardíaco responde ao treino, por que não os do rosto?”, questiona.

Mas Sueli ressalta que os resultados variam conforme os hábitos. “Fumantes e pessoas que tomam muito sol têm menos benefícios”. O principal, porém, como em qualquer outro tipo de treino, é manter a constância. Estimular a frequência nas academias da face, portanto, é a chave para a beleza — e para o sucesso do negócio.