A Semana

Doze mortes por hora no Brasil

Crédito: Divulgação

Bebida alcoólica: não há margem padrão e geral de segurança e tolerância (Crédito: Divulgação)

Por Antonio Carlos Prado

Autoridades brasileiras da área da saúde pública têm de levar a sério o quanto a bebida alcoólica é prejudicial ao indivíduo que a ingere e à sociedade em geral — e deixar de lado a baboseira, que se pretende científica, de que existe um padrão médio tolerável possibilitando beber com moderação. É fato corrente alguém falar que tomará uma dose e pedir dez. É porque uma dose, sem que a pessoa sinta, já lhe altera no sistema neuronal a capacidade de julgamento. É por isso que se vai de uma dose até as infindáveis saideiras. Na perda da crítica, o indivíduo, por exemplo, pode contrair DSTs porque despreza a importância do preservativo. Com bebida alcoólica, enfim, os males se cruzam estonteados. Na semana passada veio a público, agora completo, o estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz. É estarrecedor: a ingestão de bebida alcoólica (lembrem-se, não há cientificamente padrão fixo de tolerância e segurança) responde por doze mortes por hora no Brasil. O alcoolismo custa aos cofres públicos (tratamento pelo SUS, falta ao emprego, doenças correlatas, acidentes, violência, suicídio) R$ 18,8 bilhões por ano. É preciso majorar muito o preço das bebidas. Outra solução, que deu certo em diversos países, é proibir a venda em bares e restaurantes após as 20 horas. Há quem diga que o Estado estaria proibindo o comerciante de trabalhar. Falácia. Está proibindo-o apenas de vender álcool.

CULTURA
Tricô de vidro

Carlol Mine e suas criações: originalidade (Crédito:Divulgação)

Escultura em vidro não é novidade. Literalmente originais e surpreendentes são esculturas em vidro construídas com pontos de tricô. Tratava-se de algo impensável, até que a artista plástica norte-americana Carol Milne decidiu dedicar-se à questão e passou a desenvolver essa forma de arte visual. Aprimorou sua técnica e hoje contabiliza aproximadamente vinte e cinco mil seguidores no Instagram. Mais significativo: ela começa a ser convidada para montagem de exposições — exibe, por exemplo, diversos tipos de luminárias, com fios ou ínfimos pedaços de vidro tricotados. Há obras com mantas de vidro e, mais difícil ainda, com aquilo que ela chama de nozinhos de vidro. Carol é arquiteta e paisagista, formada pela Universidade de Guelph, no Canadá. Quanto à definição de suas obras, o melhor caminho é ouvi-la: “Uma metáfora para a estrutura social”. Suas esculturas não quebram facilmente? A resposta, definitiva: “Fios individuais são frágeis e quebradiços, mas fortes quando estão unidos”.

EXECUÇÃO
Lama. Lama. Lama

Local do crime: peritos buscam pistas sobre a morte de Gritzbach (Crédito:Miguel Schincariol)

O Brasil ainda não se refez da pancada na ética e legalidade dada pelo delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ao supostamente auxiliar na execução de Marielle Franco, e já vem mais lama envolvendo agentes que ganham salário advindo do dinheiro público, mas que não vêem nisso razão para caminhar ao lado da lei. Dessa vez é São Paulo o palco da história. Trata-se da execução do empresário Antônio Gritzbach, no desembarque do aeroporto Internacional de Cumbica, na cidade paulista de Guarulhos.

Há dois pontos a considerar.
Primeiro: PMs escoltavam Gritzbach, o que não é regimentalmente permitido. Além dessa transgressão disciplinar, houve “eventual conduta criminal dos policiais, porque estavam fazendo o trabalho para um criminoso”, explicou com exatidão o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
Agora, o segundo ponto. Gritzbach estaria envolvido em crimes da cúpula da organização criminosa PCC. Decidiu fazer delação premiada às autoridades. O que saiu de sua boca mostra, supostamente, uma polícia com mestres em concussão – somente uma das propinas pagas foi de R$ 70 milhões. Gritzbach acusa agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e dos Distritos Policiais dos bairros de Ermelino Matarazzo, Vila Madalena e Tatuapé. Em nuas e cruas palavras, ele denunciou uma eventual organização criminosa de policiais que em troca de dinheiro deixava de punir criminosos do PCC. Acredita-se que a execução do delator tenha custado R$ 3 milhões. Ela interessava tanto à facção quanto aos policiais corruptos.

Gritzbach: sua execução interessava tanto ao PCC quanto a alguns policiais (Crédito:Divulgação)