Os quatro séculos da fortaleza em que Tiradentes ficou preso
Por Antonio Carlos Prado
O Rio de Janeiro comemora quatro séculos da fundação de um de seus principais marcos históricos: a Fortaleza de São José. Ela fica nas águas contíguas à Baia da Guanabara, em terreno que pertencia aos monges beneditinos — a famosa Ilha das Cobras, embora hoje não se encontre sequer uma taturana no local. O forte, atualmente, sedia o Comando-Geral dos Fuzileiros Navais. A documentação da época não crava o dia de fundação da fortaleza, mas nela há registro deque as operações tiveram início nos quatro primeiros dias de novembro de 1624. Também não aborda os túneis clandestinos que serviam ao carregamento de embarcações e ao descaminho do ouro para Portugal. Aberto à visitação pública, a grande atração segue a ser a cela em que Joaquim José da Silva Xavier, popularmente conhecido como Tiradentes e falsamente denunciado pelos intelectuais da Inconfidência Mineira (1789) como seu líder, ficou preso aguardando a condenação por enforcamento. A cela tem área de quatro metros quadrados e a ventilação é precária. Erigiu-se o forte temendo uma invasão holandesa no Rio de Janeiro. Não houve. Ocorreu, isso sim, a investida dos franceses que propuseram: ou a Coroa Portuguesa dava-lhes fortunas ou eles bombardeavam o Forte. Portugal preferiu abrir mão do ouro.
Personagem
Uma campeã de alto nível na COP30
As pesquisas e ações sobre economia de baixo carbono e soluções para a natureza desenvolvidas por Patrícia Ellen da Silva, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, acabam de receber mais um reconhecimento de peso. Intelectuais, acadêmicos, empresários e representantes da sociedade civil enviaram ao presidente Lula a indicação de seu nome para liderar o grupo de trabalho High-Level Champion for Climate (Campeão de Alto Nível do Clima) na COP30, a conferência mundial sobre meio ambiente, que será realizada em novembro de 2025 em Belém (PA). O High-Level coordena participação de agentes não-estatais como empresas, representantes políticos e enviados da sociedade. Entre os apoiadores estão André Clark, vice-presidente Sênior da Siemens Energy para América Latina, e o pesquisador Carlos Nobre. “Patrícia tem respeito internacional e experiência em políticas públicas. É o nome certo para liderar esse diálogo global”, resume Nobre.
Memória
Olhos iluminados
Perdão Evandro Teixeira, mas preciso me socorrer do lugar-comum para escrever sobre você: “uma imagem vale mais que mil palavras” — no teu caso, mais do que uma infinidade de palavras em todos os idiomas da Terra. Não há um único texto (e existem textos de primeiríssima linha) que tenha conseguido denunciar as ditaduras militares na América Latina como você o fez em seus quarenta e sete anos de fotojornalismo no extinto Jornal do Brasil. Seria contrassenso, portanto, eu escrever extensamente sobre sua morte, na última segunda-feira, dia 4, aos 88 anos, causada por leucemia. Você é imagens que legou para a história sobre ditaduras e ditadores. Só não posso deixar de registrar dois momentos em que o jornalista e pensador Otto Lara Resende escreveu. O primeiro: “Aqui, na verdade, está um estilo. É Evandro Teixeira que está aqui”. O segundo momento: “olhos iluminados”.