Brasil

A city londrina se rende ao Brasil

Na concorrida edição do Fórum do LIDE no Reino Unido, empresários, autoridades, financistas e investidores brasileiros e ingleses abrem as portas para novos negócios e entendimentos entre os dois países

Crédito: @ferugon

Imagem geral da Conferência com alguns participantes (Crédito: @ferugon)

Alguns encontros são marcados pelo ineditismo de fatos, que dizem muito do País, e por aquilo que eles representam como sinalizadores das perspectivas futuras. Dias atrás, em Londres, ocorreu um desses momentos especiais na conferência que o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais promoveu como parte de sua rodada de eventos internacionais que estão sendo realizados para expor as potencialidades do Brasil no Exterior, abrindo portas e aproximando players brasileiros e estrangeiros na busca por geração de mais negócios.

Nesta edição do fórum londrino, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, praticamente protagonizaram as respectivas despedidas, em salões do mundo, dos cargos que exercem.
Campos Neto está entregando a direção do Banco ao sucessor, Gabriel Galípolo, logo na virada do ano.
E também Pacheco deixa a direção da Casa legislativa e transfere o bastão aos primeiros acordes de 2025.

Estavam, portanto, ambos em um misto de balanço das realizações e troca de ideias às vésperas da conclusão de seus mandatos, dando demonstrações cabais de que as instituições por aqui funcionam em harmonia, sem qualquer ruído de transição. Mais: eles transmitiam confiança aos investidores, o que é prioritário nestas ocasiões.

Pacheco,contrário a reeleições majoritárias. (Crédito:@ferugon)
Campos Neto, anúncio do pix por aproximação (Crédito:@ferugon)

O senador Pacheco defendeu a reforma tributária, o agronegócio, criticou as leis ambientais que atravancam o desenvolvimento e deixou uma promessa que arrancou aplausos dos presentes: a de tentar, ainda antes de transferir o posto, acabar com o sistema da reeleição para cargos majoritários de prefeitos, governadores e presidente da República. “Os partidos querem fazer a política dinheirista e fisiológica de sempre. Temos de acabar com isso e vamos buscar o compromisso de estabelecer um mandato de cinco anos no Planalto”, declarou ele.

“Vamos à terapia”

Não foi Pacheco, no entanto, o único que apresentou novidades. Campos Neto tratou de anunciar, em primeira mão, o lançamento do pagamento em pix por aproximação, semelhante aos cartões “wireless”.

Reverenciado pela banca inglesa como um dos maiores gestores de organismos financeiros multilaterais do mundo, Campos Neto foi um show à parte. Estava à vontade naquela comunidade de capitalistas. Destacou feitos que pilotou, como os arrojados projetos do open finance e da moeda digital Drex, que está chegando por aí. Falou da precificação da alta dos juros e dos riscos da inflação sair do controle.

O ex-presidente Temer (acima) e co-chairman do LIDE, João Doria (abaixo): impacto positivo das reformas, habilidade em reunir figuras exponenciais e “construção de soluções e parcerias propositivas no plano dos negócios” (Crédito:@ferugon)
(@ferugon)

Temas de ponta na pauta de prioridades brasileiras estiveram em evidência a cada rodada dos painéis:
da liderança na geração de energias renováveis à estabilidade jurídica,
estratégias para a atração de investimentos estrangeiros,
regularização das bets,
e a vanguarda no campo digital, da sustentabilidade e da riqueza de grãos.

A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira fez um apelo aos presentes e deixou como recado aos demais: “parem de falar mal do Brasil”. Ressaltou a importância de uma postura de união e de valorização do País lá fora, tendo tanta coisa boa a mostrar. “Vamos à terapia antes de ir para o mundo. Recomendo isso porque é muito complexo negociar em outras praças com os brasileiros falando mal do seu próprio País”.

No mesmo tom, o ex-presidente Michel Temer defendeu a força do arcabouço legal e da estabilidade para aqueles que desejam vir para o mercado nacional. Falou de previsibilidade e do impacto positivo das reformas previdenciária, tributária e trabalhista para motivar o ânimo dos investidores. “O estabelecimento de um teto rígido de gastos públicos, por exemplo, foi essencial para assegurar o equilíbrio e criar as bases para os ajustes que vieram a seguir”.

Economia digital

Falar bem de alternativas de negócios com o Brasil foi quase um padrão entre os expositores e nem mesmo os estrangeiros que participaram como palestrantes fugiram à regra.

• Robert Wigley, presidente do UK Finance, realçou a importância da experiência brasileira com a moeda digital para o restante do mundo.

• Vanessa Rubio Márquez, reitora da London School of Economics, tratou das mudanças acentuadas com a economia digital e de como o Brasil atuou positivamente nesse sentido com um papel firme do Banco Central.

Stephen Phipson, CEO da Make UK, e Fiona Clouder, da Cloudervista, discorreram sobre a atratividade que um mercado gigantesco como o nosso está despertando neste instante em todo o planeta.

A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira deixou no Fórum do Lide um recado definitivo e terapêutico para o nosso complexo de vira-latas, na tentativa de nos valorizar no Exterior: “parem de falar mal do Brasil” (Crédito:@ferugon)

Nomes como os do ex-ministro Dyogo Oliveira, presidente da CNSEG, do embaixador Antonio Patriota, do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, do ex-ministro e embaixador da FAO, Roberto Rodrigues, dos senadores Efraim Filho, Weverton Rocha e do deputado Hugo Motta estiveram entre os guest speakers.

O chairman do LIDE, Luiz Fernando Furlan, e o co-chairman, João Doria, possuem essa rara habilidade de reunir as mais exponenciais figuras em diversos setores para que juntas construam soluções e parcerias propositivas, principalmente no plano dos negócios. “Encontros como este do LIDE são uma importante vitrine para promover o Brasil de forma positiva, gerando oportunidades e fortalecendo a imagem de nosso País no cenário internacional”, apontou Doria. “Trabalhamos para impulsionar o desenvolvimento e criar riquezas, sempre conectando lideranças e fomentando parcerias estratégicas”.

Neste sentido, o que não faltaram na conferência do LIDE foram nomes de peso também do cenário empresarial. Nela estiveram Rubens Ometto, da Cosan, José Luis Blasco e André de Angelo, da Acciona, Tércio Bolenghi, da Ambipar, Paulo Henrique Costa, do BRB, João Galassi, da Abras, Aguinaldo Ballon, da Cedae, Fabio Godinho, da CVC, Marcos Falcão, do IRB, Cristiano Pinto, da Shell Brasil, e Claudio Cotrim, da Paper Excellence.

Tão rico em propostas e em representatividade dos participantes, o Fórum do LIDE, em Londres, acabou por trazer mais resultados práticos do que muitas missões oficiais organizadas anteriormente.

@ferugon