Alunos já não poderão usar celulares nas escolas no início de 2025
Por Antonio Carlos Prado
O Ministério da Educação e parlamentares de oposição ao governo Lula chegaram a um acordo em significativo avanço na área do ensino no Brasil: a partir do começo de 2025 é praticamente certo que será proibido aos estudantes utilizarem telefones celulares tanto na rede pública quanto na particular. Segue assim o Brasil o modelo de nações como Espanha, Holanda, Portugal, Finlândia e EUA. No Congresso há convicção de que o tema será votado e aprovado sem dificuldades até o final do ano. Uma infinidade de estudos científicos demonstra que existe prejuízo à concentração quando utiliza-se o celular durante a aula, e isso interfere diretamente no aprendizado. O estudante poderá levar o aparelho, mas somente será autorizado a utilizá-lo em situações consideradas excepcionais. Pesquisa Datafolha aponta que 62% da população são favoráveis à medida que vale para todo o País. Em São Paulo, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa acaba de aprovar projeto, vedando o celular até nos intervalos entre as aulas.
SOCIEDADE
A doença do bolsonarismo
O bolsonarismo é uma doença na política brasileira e deixa graves sequelas. Exemplo: o indulto editado na gestão de Bolsonaro que, nesse momento, está sendo colocado em prática. No decreto ele indiretamente beneficia os policiais militares que em 1992 massacraram cento e onze presos na extinta Casa de Detenção de São Paulo. Havia uma rebelião no pavilhão onde se alojavam presidiários primários. Integrantes da tropa de choque de São Paulo mataram a sangue frio os detentos. Trinta e dois anos se passaram, ninguém foi punido. A Quarta Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça paulista acaba de extinguir a possibilidade de punição aos envolvidos sem ouvir o Ministério Público. O decreto do ex-presidente beneficia os PMs, uma vez que dilata o indulto a “fato praticado há mais de trinta anos”. Além de a legislação vedar o benefício ao crime hediondo, o indulto não pode ser distribuído a um grupo como se fosse linha de montagem — ou seja, caso a caso tem de ser analisado. Nesse episódio, São Paulo segue com a falha constitucional de desrespeito ao Estado de Direito.
MEIO AMBIENTE
Barragem do Fundão é julgada em Londres
Jamais houve na história da humanidade, humanidade esta que tem paradoxalmente o ser humano como predador do próprio ser humano, um julgamento coletivo sobre destruição ambiental na dimensão e relevância do júri que se iniciou em Londres, na segunda feira, dia 21. Embora diretamente o Estado brasileiro não seja réu, nele respingará, aos olhos globais, a lama da tragédia do rompimento da barragem do Fundão, em 2015, na cidade mineira de Mariana. É ré, essa sim, a mineradora BHP. E por que um julgamento em Londres? Porque se trata de empresa anglo-australiana, listada na Bolsa de Valores londrina, e então preferiram, assim, os seiscentos e vinte mil reclamantes atingidos pela catástrofe na qual morreram dezenove pessoas e que poluiu as águas do Rio Doce.
Representadas pelo escritório de advocacia inglês Pogust Goodhead, as pessoas pedem indenização conjunta de R$ 230 bilhões. Alega-se que a BHP tinha conhecimento de que se despejava anualmente 1,3 milhão de tonelada de rejeitos na barragem enquanto o máximo deveria ser 109 mil toneladas. Essa é a acusação (o homem é predador do homem), e a BHP terá o direito de se defender (é justo que tenha mesmo esse direito) no decorrer do julgamento. Na quarta-feira, ela declarou que atua em conjunto com autoridades brasileiras para que haja reparações e compensações. Finalmente, por que tal júri refletirá negativamente a imagem do Brasil perante o mundo? Porque, ao recorrerem a Londres, as vítimas sentiam que aqui, no Brasil, a Justiça caminha lenta demais. Prova disso é que nove anos já distanciam a desdita dos dias atuais, e pouco, pouco mesmo, foi feito em favor dos que padeceram o desfortúnio.