Reino Unido desativa sua última usina operada por combustível fóssil
Por Antonio Carlos Prado
O Reino Unido assumiu em 2015 o compromisso de mitigar a desastrosa ação humana em relação ao clima. Estava em questão colocar ponto final na utilização do carvão mineral como fonte de energia — função que ele começou a desempenhar na Inglaterra no século XVIII, com a máquina de trem a vapor no início da Revolução Industrial. O carvão mineral desempenhou o seu papel na história, mas há tempo sua substituição é necessária devido ao fato de ser fonte altamente poluidora. O prazo com o qual o Reino Unido se comprometera para zerar o uso do carvão mineral vence em 2025. Pois bem, na semana passada, após um processo de gradual desativação, foram definitivamente desligadas, antes da data fixada, as turbinas de carvão mineral da central elétrica Ratcliffe-on-Soar, na cidade de Nottingham. Tratava-se da última usina movida por esse combustível fóssil no Reino Unido — é o mais poluente dentre tais formas de combustível.
O carvão mineral em três potências
• A indústria da China depende ainda 53% da utilização de carvão mineral.
• No Japão, o seu uso está na casa dos 30%.
• E a Alemanha mantém em 25% a sua produção a partir de carvão mineral
LITERATURA
Toujours en avant
São a sociologia e a psicologia social instrumentos de estudo para que entendamos a construção do imaginário coletivo — e sua perenidade. Difícil desafio, ainda mais quando tal imaginário refere-se a mulheres, sempre apagadas pela historiografia oficial. No imaginário, passado e presente se sobrepõem, é vida que segue enquanto o imaginário se congela — sobretudo por meio de representações nas artes plásticas. A socióloga Isabelle Anchieta se colocou a missão de analisar esse fenômeno, e o faz com rigor e inteligência no livro Revolucionárias: Joana D’Arc e Maria Quitéria (editora Planeta). As duas personagens são heroínas, mas somente conquistaram essa condição porque transgrediram os padrões sociais de seu tempo. Liderando as tropas do rei Carlos VII esteve Joana d’Arc na Guerra dos Cem Anos. Maria Quitéria lutou nas guerras da independência do Brasil, vestindo-se com roupas masculinas para ser aceita como combatente. A autora nos faz caminhar para trás, em um texto exuberante, e nos traz de volta ao presente com um imaginário extático e a dizer sempre avante (toujours en avant).
EUA
Furacão Milton cai para categoria mínima, mas causa mortes
Entre quatro e dez pessoas mortas até o final da manhã da quinta- feira, dia 10, e registros de uma violenta destruição foram as graves e tristes consequências, segundo especialistas em meteorologia e demais autoridades dos EUA, da passagem do temido furação Milton pela Flórida ao longo de doze horas a partir da noite da quarta-feira. Era para ter sido muito mais calamitoso: com força estimada na categoria cinco, a mais alta na escala, o Milton baixou à categoria três ao se aproximar da Flórida, com ventos de até 208 quilômetros por hora, e caiu em seguida para categoria um ao tocar o solo. Os violentos ventos e a tempestade que se seguiram inundaram diversas regiões, e estima-se que aproximadamente oitenta mil pessoas tiveram de deixar as suas casas sob “ordem de retirada obrigatória” e foram a abrigos públicos. Esperava-se por um arrasador fenômeno jamais visto, mas fatores climáticos fizeram o furacão enfraquecer-se: se nessa condição fez os estragos que fez, dá para intuir a dimensão da tragédia que teria ocorrido caso ele persistisse no patamar máximo. As mortes se deram em uma comunidade de aposentados, na costa leste, e é bem provável que o número de vítimas fatais aumente quando as equipes de resgate puderem operar mais detalhadamente. Na manhã da quinta-feira, os ventos seguiram rumo às Bahamas. O início da temporada de furacões de 2024 foi bastante assustador, uma vez que, em menos de quinze dias, dois deles se formaram no golfo do México. Somente o Milton provocou na Flórida dezenove tornados.