Segundo turno: agora é no mano a mano

Crédito: Bruno Escolastico Sousa Silva/Marina Uezima

Tarcisio foi decisivo para Nunes e Lula pouco apareceu com Boulos (Crédito: Bruno Escolastico Sousa Silva/Marina Uezima)

Por Germano Oliveira
Colaborou: Vasconcelo Quadros

Após o primeiro turno mais acirrado da história das eleições de São Paulo, o segundo turno começa com a expectativa de que os padrinhos de ambos os candidatos se empenhem mais nas campanhas de seus pupilos. Lula simplesmente não apareceu ao lado de Guilherme Boulos e Bolsonaro não deu as caras nas peças publicitárias de Ricardo Nunes. Para não deixar o candidato do PSOL abandonado, líderes do PT, como Marta Suplicy e Rui Falcão, ainda se mostraram ativos no impulsionamento do ex-sem-teto na periferia, mas não fosse o governador Tarcisio carregar nas costas o prefeito paulistano, ele poderia ter ficado fora do segundo turno, atropelado pelo coach Pablo Marçal. Os dois maiores líderes populares do País, no entanto, terão que entrar no jogo, porque agora é mano a mano.

Esquerda

Enfrentar Boulos no segundo turno era tudo o que o prefeito queria. Todos os institutos de pesquisas mostravam que Nunes venceria no segundo tempo. Para virar o jogo agora, o candidato do PSOL terá que contar com todos os votos do PSB de Tabata, com os votos do PSDB de Datena e alguma coisa dos votos de Pablo Marçal, o que é inimaginável.

Direita

Para Boulos, o ideal era enfrentar Marçal. As pesquisas davam a vitória à esquerda. No mano a mano, no entanto, o prefeito leva vantagem com sobra em todos os cenários imagináveis. A superioridade aumenta na medida em que o coach criou um clima de agressividade e até falsificou atestado do deputado do PSOL: seu eleitor se identifica com o do prefeito.

Vitória de Barros

(Mateus Bonomi)

O PP do Paraná foi o que mais cresceu proporcionalmente no país nas eleições. Liderada pelo deputado Ricardo Barros, a sigla pulou de 27 para 61 prefeitos. Barros consolida o PP como a segunda maior força política do estado, atrás apenas do PSD do governador Ratinho. O desempenho lhe rendeu um telefonema de Lula. Há quem diga que o Planalto quer Barros numa das lideranças do governo na Câmara, em 2025.

Rápidas

Campo Grande (MS) terá um segundo turno inédito. Duas mulheres disputam a cadeira da prefeita. Adriana Lopes (PP), tem apoio da ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina. E Rose Modesto (União Brasil) tem apoio de Lula, mas ele só gravou um vídeo para ela.

A esquerda vai de mal a pior. O único prefeito de capital eleito pelas forças esquerdistas em 2020, Edmilson Rodrigues (PSOL), candidato à reeleição, ficou em terceiro e saiu da disputa do segundo turno.

O PT não elegeu nenhum prefeito de capital no primeiro turno e disputará o segundo turno em quatro capitais. Enquanto isso, o PL elegeu prefeitos em quatro capitais e disputará o segundo turno em outras nove capitais.

Eduardo Paes (PSD) se reelegeu prefeito do Rio e João Campos (PSB) ganhou mais um mandato no Recife, mas eles não precisaram de Lula em seus palanques. Apesar do apoio, o PT não indicou o vice de nenhum deles.

Retrato falado

Barroso, presidente do STF: “Nosso sistema de votação é, provavelmente, o melhor do mundo” (Crédito:Wenderson Araujo)

O ministro Luis Roberto Barroso, presidente do STF, acompanhou a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, no domingo, 6, durante o processo eleitoral na sede do tribunal eleitoral. Barroso disse que o nosso sistema de votação é, provavelmente, o melhor do mundo. Já a ministra Cármen afirmou que a eleição transcorreu “sem hostilidades maiores”. A ministra temia o uso de IA para a produção de fake news em larga escala, o que não aconteceu.

Toma lá dá cá: Paulo Gala, do Banco Master

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master (Crédito:Divulgação)

Como o setor bancário precisa manter a competitividade?
A grande transformação do sistema financeiro é a digitalização e a mobilidade. Hoje, o banco precisa estar onde o cliente está. A ideia de agência física já não faz mais sentido.

Qual a necessidade na busca de ações relacionadas à economia verde?
O grande desafio global hoje é a transição para uma economia verde, e o setor financeiro desempenha um papel crucial nesse processo.

É importante incentivar investidores a aplicar no exterior?
É fundamental. Hoje, é muito fácil transferir recursos para o exterior e recebê-los de volta. Uma carteira diversificada é sempre superior a uma menos diversificada em termos de risco e retorno.

Vidas secas

Com a falta de chuvas, a quantidade de água armazenada nos reservatórios das hidrelétricas deve terminar outubro com menos de 40% da capacidade. Isso significa que, ao longo do mês, os reservatórios vão perder quase 7% da água que tinham no começo — afetando a geração de energia para o país inteiro. No Brasil, mais de 75% da eletricidade vem das hidrelétricas, que dependem do nível dos rios para gerar energia a partir da força do movimento da água. Enquanto a previsão é de um volum de chuvas 50% menor do que o normal para o ano, a demanda por eletricidade aumenta cada vez mais por causa do calor — com o uso de ar-condicionado ou ventilador, por exemplo.

Termelétricas

Com as hidrelétricas secando, o país precisa buscar outras formas de gerar energia para evitar apagões. A principal solução é acionar as usinas termelétricas. Elas rodam com queima de combustíveis e são bem mais caras para funcionar, fazendo com que o governo repasse esse aumento para a conta de luz.

ACM X Lula

O prefeito de Salvador Bruno Reis (União Brasil) foi reeleito com uma das maiores votações do País (78,67% dos votos). Teve o apoio declarado do ex-prefeito ACM Neto, que agora se cacifa para disputar o governo da Bahia. Seu grupo tem como principal oponente o PT baiano do governador Jerônimo Rodrigues e do ministro Rui Costa (Casa Civil).

(Divulgação)

Derrota dolorosa

Reis derrotou Geraldo Júnior (MDB), que é o vice-governador do estado e foi o candidato a prefeito de Lula, que teve apenas 10,33% dos votos. Essa foi uma das derrotas mais importantes dos petistas. Afinal, o partido concentra no estado seus principais líderes nacionais, como é o caso do líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner.

A luta pelos autistas

(Divulgação)

Apesar de estar em seu primeiro mandato, a deputada Iza Arruda coleciona feitos de veterana na Câmara. Na última semana, o presidente Lula sancionou projeto de lei da deputada que estimula a contratação de pessoas com transtorno do espectro autista. A União integrará a base de dados do Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (SisTEA) ao Sine.