Economia

Meta quer liderança em realidade virtual; Apple e Google estão na briga

A valorização das ações, que alcançaram US$ 568,31 por unidade, reflete o otimismo do mercado diante das inovações em RA e IA, colocando a Meta em uma posição estratégica para desafiar concorrentes como Apple e Google

Crédito: Apple/Divulgação

Meta Quest 3S: Nada a ver com óculos comuns, com lentes mais grossas, mas que irão apresentar hologramas virtuais (Crédito: Apple/Divulgação)

Por Mirela Luiz

As ações da Meta, gigante do setor tecnológico, alcançaram um novo recorde de fechamento a US$ 568,31, impulsionadas pelo lançamento de inovações em realidade aumentada (RA) e inteligência artificial (IA) durante a conferência Meta Connect. Entre os destaques estão os óculos de RA Orion, descritos pelo CEO Mark Zuckerberg como “os mais avançados do mundo”, além do Meta Quest 3S, uma versão mais acessível de realidade virtual. Com a crescente concorrência de players como Apple e Google, a Meta busca consolidar sua liderança em um mercado que deve atingir US$ 1,46 trilhão em faturamento até 2033.

Com um design semelhante ao de óculos comuns, os Orion possuem lentes mais grossas que projetam hologramas virtuais, permitindo interação por meio de comandos de voz e uma interface neural conectada por uma pulseira.

Além dos óculos Orion, a Meta lançou novas versões de seus dispositivos de realidade virtual, incluindo o Meta Quest 3S, uma opção mais acessível, e o Ray-Ban Meta, que apresenta recursos de IA, como tradução em tempo real. Essas inovações indicam a intenção da Meta de consolidar sua liderança em um mercado em rápida evolução.

A Meta não está sozinha na corrida por inovações em RA e VR.

A Apple, por exemplo, lançou o Vision Pro, um headset de realidade aumentada com um foco forte em design e funcionalidades, o Vision Pro está posicionado como um competidor direto aos novos produtos da Meta.

Novos óculos são voltados para jovens e adultos de meia-idade (Crédito:Divulgação)

Outra concorrente significativa é a Google, que também está investindo em tecnologias de RA com os Google Glass. Embora não tão avançados quanto os óculos Orion, os Glass têm sido utilizados em ambientes industriais e comerciais, mostrando o potencial da RA em diversas aplicações práticas.

“A Meta parece estar se posicionando para estabelecer uma vantagem inicial nesse mercado em crescimento.”
Victoria Luz, especialista em tecnologia e IA

Novos Desafios

As inovações da Meta estão alinhadas com uma tendência crescente no mercado global de RA, que alcançou US$ 56,3 bilhões em 2023 e deve atingir impressionantes US$ 1,46 trilhão até 2033, com uma taxa de crescimento anual composta de 38,33% entre 2024 e 2033. “Embora a RA não tenha recebido tanta atenção quanto a IA, seu potencial está desencadeando uma revolução significativa no varejo”, afirma Victoria Luz, especialista em tecnologia e IA para negócios.

O crescimento da RA, especialmente com novos dispositivos, está projetado para ser acelerado, com um CAGR esperado de 56,3% até 2030. Essa expansão promete transformar radicalmente o comércio eletrônico, fazendo com que as interfaces atuais possam se tornar obsoletas.

(Julie Jammot)
Novos óculos da Apple: um headset de realidade aumentada com ênfase em design e funcionalidades (Crédito:Divulgação)

Os novos produtos da Meta são direcionados a consumidores jovens e adultos de meia-idade (18 a 45 anos), que têm renda média a alta e forte interesse em tecnologia. A introdução de linhas mais acessíveis, como o Quest 3S, sugere uma estratégia para ampliar a base de clientes.

Entretanto, o sucesso do Meta Quest 3S. e de outros lançamentos, dependerá de fatores como preço, qualidade da experiência e disponibilidade de conteúdo. “Se a Meta conseguir oferecer uma experiência de RV acessível e de qualidade, isso pode expandir o mercado para além dos entusiastas de tecnologia”, complementa Luz.

ÉTICA

Com as inovações da Meta, questões éticas, como privacidade e uso de dados, ganham importância crescente. Luz alerta que “a Meta terá que trabalhar de forma proativa com reguladores para estabelecer diretrizes claras e salvaguardas robustas”.

As reações do mercado após os anúncios da Meta foram positivas, evidenciadas pela valorização das ações. Essa resposta pode facilitar futuros investimentos e aumentar o capital disponível para pesquisa e desenvolvimento. No entanto, as preocupações sobre privacidade e uso ético das novas tecnologias, especialmente a interface neural, são significativas.

A Meta, Apple e Google estão competindo por inovações em RA e VR, aquecendo a disputa pela dominância no setor. “A Meta parece estar se posicionando para estabelecer uma vantagem inicial nesse mercado em crescimento, o que pode redefinir as dinâmicas de poder no setor de tecnologia”, conclui Luz. À medida que a corrida pela liderança em RA e IA apenas começa, o entusiasmo do mercado indica que 2025 pode ser o ano em que a realidade aumentada se tornará central nas experiências digitais, redefinindo a relação entre consumidores e tecnologia.