Comportamento

Conheça o queijo mais antigo do mundo

Crédito: Yuan Quan

Queijo kefir: preservado naturalmente por mais de três mil anos (Crédito: Yuan Quan)

Por Carlos Eduardo Fraga

De acordo com estudo da revista científica Cell Press, arqueólogos chineses identificaram que a substância encontrada junto com três múmias é uma substância trivial: queijo Kefir. O alimento possui cerca de 3.600 anos e consiste em uma colônia de microrganismos como bactérias e leveduras, usadas para produzir o leite kefir fermentado, textura similar ao iogurte.

Os pedaços do laticínio estavam posicionados como uma espécie de colar nas múmias, o que indica que atribuíam importância ao alimento. A descoberta do queijo elucida diferentes aspectos da cultura Xiaohe da época da Idade do Bronze, como a domesticação de animais para a produção de leite. O mapeamento genético revelou traços no DNA de leite caprino e bovino.

As múmias foram encontradas há mais de duas décadas dentro de caixões enterrados na Bacia do Tarim, no deserto de Xinjiang, noroeste da China. Devido à condição climática desértica, os corpos mumificaram naturalmente, o que tornou possível a preservação do alimento. Havia o indício de que o produto era feito à base de bebida láctea fermentada, porém as ligações moleculares não confirmaram este fato.

A relação humana com os laticínios remonta a milênios. Foram encontrados na Croácia pedaços de cerâmica de mais de sete mil anos que apresentavam indícios de gordura, provavelmente de queijos. Textos sumérios de quatro mil anos também já mencionaram o laticínio. A descoberta chinesa, porém, é a primeira na história a registrar uma substância antiga na forma de um alimento fermentado, não apenas por meio de resquícios ou menções.

Graças à extração do DNA da bactéria Lactobacillus kefiranofacieins, utilizada na produção do queijo, os pesquisadores descobriram que ocorreu uma evolução genética forçada das cepas. A seleção era feita de acordo com a preferência dos consumidores. Entre as razões para isso, por exemplo, estavam indícios de menor agressão ao intestino humano.

Divulgação
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“Parece que a população Xiaohe adotou ativamente a criação de animais da cultura das estepes. Esse produto lácteo fermentado, o queijo kefir, tornou-se uma parte importante da alimentação Xiaohe e posteriormente se espalhou para o interior do leste da Ásia”, afirma Qiaomei Fu, pesquisadora do Instituto de Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências em Pequim.