A Teoria dos Jogos

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Ricardo Guedes: "A relação entre o Executivo, o Legislativo, e o Judiciário no Brasil é, hoje, um jogo tipicamente “soma 0 (zero)”, onde não se soma, somente se perde" (Crédito: Divulgação)

Por Ricardo Guedes

A Teoria dos Jogos é o melhor instrumento, hoje, para a análise das relações econômicas, políticas e sociais. De maneira geral, os jogos podem ser “soma 0 (zero)”, onde a vitória de um implica necessariamente na derrota do outro, como em uma final de campeonato de futebol; “soma +1”, onde o lucro individual somente pode ocorrer juntamente com o lucro coletivo, como no bom desenvolvimento do trânsito; e “soma -1”, onde os dois lados necessariamente perdem, como no caso de uma guerra atômica. Adicione-se outras análises, na Teoria dos Jogos, como o “Dilema do Prisioneiro”, onde, da tendência em se arriscar ao máximo, ou de deixar de se arriscar em completo, surge a decisão do player do comportamento moderado, tão característico em diversas situações sociais.

Como no dito popular, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, na estratégia mediana a se seguir. Na síntese de John Nash, Prêmio Nobel em Economia de 1994, o consenso é mais eficiente do que a Teoria Econômica de Adam Smith, onde a ação individual dos agentes econômicos levaria ao equilíbrio e prosperidade social, o que não ocorreu.

O Brasil é um caso típico de disfunção na Teoria dos Jogos. A relação entre o Executivo, o Legislativo, e o Judiciário no Brasil é, hoje, um jogo tipicamente “soma 0 (zero)”, onde não se soma, somente se perde. Adicione-se a dificuldade de negociação tripartite, quando todos discordam. Quando dois chegam a um acordo, o terceiro difere, em equilíbrio constantemente instável. Por isso, o PIB do Brasil permanece em US$ 2,2 trilhões desde 2010 até 2023, enquanto o PIB do mundo aumentou de US$ 67 trilhões para US$ 105 trilhões, os Estados Unidos de US$ 15 trilhões para US$ 27 trilhões, a União Europeia de US$ 15 trilhões para US$ 18 trilhões, a China de US$ 6 trilhões para US$ 18 trilhões. Não há solução quando sempre se briga.

No Brasil, o Executivo faz menos do que poderia, na percepção equivocada de uma composição de governo que pouco faz e que pouco soma. O Legislativo, somente olha para si próprio. O Judiciário, na intenção de salvar o Brasil, comete exageros. Pobre país, na dissensão dos Três Poderes, no inequívoco infortúnio do não acontecer.

É impressionante a espera desalentada do Governo Brasileiro. É impressionante o Legislativo no seu bel prazer. É impressionante o tempo que o Judiciário toma no julgamento das ações. O Executivo na inoperância. O Legislativo no lucro próprio. O Judiciário no desfazer.

E assim vamos nós, ao léu indiscriminado dos governantes, na república patrimonialista brasileira nos termos de Max Weber. Não existe um jogo cooperativo no Brasil, na apropriação indébita do produto nacional pela elite econômica e política brasileira. Assim não vai.