Comportamento

Unicamp recebe radar capaz de minimizar danos de desastres climáticos

Região de Campinas (SP) terá radar meteorológico importado dos EUA capaz de detectar eventos climáticos extremos com horas de antecedência

Crédito: Antonio Scarpinetti/SEC Unicamp

Sistema fará previsões com rapidez e maior precisão, explica a pesquisadora Ana Ávila (Crédito: Antonio Scarpinetti/SEC Unicamp)

Por Debora Ghivelder

A Universidade de Campinas (Unicamp) acaba de receber uma ferramenta importante no trabalho de redução de danos sociais: um radar meteorológico capaz de detectar eventos climáticos extremos. Vindo dos Estados Unidos, o equipamento integra o Centro Regional de Meteorologia da região metropolitana de Campinas e deverá entrar em operação experimental em dezembro. A antena, de três toneladas e meia, será instalada numa torre de dez metros de altura em um terreno do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. O Centro Regional, que vai operar o sistema, estará integrado aos sistemas de monitoramento estadual e federal.

O projeto, explica a professora e pesquisadora do Cepagri Ana Ávila, foi iniciado em 2017 numa parceria com a Câmara Temática de Defesa Civil da Região Metropolitana de Campinas. “Um ano antes, em junho de 2016, Campinas foi surpreendida por um evento severo: a microexplosão. É um fenômeno extremo muitas vezes confundido com um tornado. Provocou vento, granizo, chuva forte, destelhou casas, derrubou árvores”, lembra ela. “Por sorte, ocorreu em uma área bem estruturada e entre meia-noite e meia-noite e meia, período com pouca gente circulando. As perdas materiais foram pequenas, mas assustou muito”.

Houve então demandas por parte de prefeitos da região. O projeto sofreu interrupções por conta de mudanças de governo e da pandemia, mas foi retomado em 2023.

120 km
é o alcance máximo do novo radar

Alta resolução

Antes do equipamento atual, estava em tramitação um projeto que contemplava a instalação de um radar numa parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Por isso, a estrutura física, com a torre, estava montada antes da chegada do novo equipamento.
Um primeiro radar funcionou entre 2016 e 2017.
Em 2018, foi levado para o Rio Grande do Sul.
A transferência e as demandas da Defesa Civil motivaram as mobilizações para a instalação do novo equipamento.

O sistema, um radar de Banda X com cobertura de alta resolução para um raio de 60 km e alcance para até 120 km, foi adquirido pela Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) por R$ 4,4 milhões. A instalação é a primeira etapa de um longo processo, que inclui ajustes técnicos e operacionais. “A operação plena deverá ser atingida entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026”, prevê Ana Ávila.

As metas são adquirir rapidez e maior precisão nas previsões, antever os eventos climáticos com algumas horas de antecedência, gerar alertas em tempo integral e mapear áreas atingidas após ocorrências. “O sistema poderá nos ajudar, também, a saber como providenciar socorro”, exemplifica a pesquisadora. Que as surpresas climáticas ruins diminuam.