A Semana

Para o papa, nem Kamala nem Trump

Crédito: Tiziana Fabi

Papa Francisco: contrário à “política antivida” (Crédito: Tiziana Fabi)

Por Antonio Carlos Prado

Para o papa Francisco, o resultado é empate em zero a zero no confronto das campanhas de Kamala Harris e Donald Trump, os dois candidatos (democrata e republicano, respectivamente) à Presidência dos EUA. Empate nessas condições porque ele apóia ambos? Muito pelo contrário: o pontífice critica pontos medulares dos programas de Kamala e Trump, pontos estes que ele classifica como “política da antivida”: “O eleitor deve escolher o mal menor entre dois males, porque se trata da desvalorização do humano”. Pelo lado de Trump, o papa o critica duramente devido ao seu discurso no qual reiteradamente se compromete a fechar as fronteiras dos EUA aos imigrantes e os responsabiliza por tudo que ocorre de ruim no país. No campo político de Kamala, o Vaticano discorda frontalmente, como já era aguardado, de suas posições favoráveis à interrupção da gravidez. Como se vê, dois dogmas (princípios cristalizados) são abordados. As declarações de Francisco se deram em entrevista coletiva a bordo do avião que o transportou de retorno à Itália após peregrinação de quase duas semanas pela Ásia.

Respectivamente, oposição a imigrantes e apoio ao aborto: o “voto nulo” do papa (Crédito:Saul Loeb)

CLIMA
O calor e os perigos para o coração

Não há organismo que se mantenha saudável e estável: calor exacerbado, queimadas, clima excessivamente seco. Assim chegam, sobretudo, as enfermidades cardiovasculares: acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, infecções bacterianas e arritmias. Pelo menos 20% das mortes em decorrência de doenças cardiovasculares são provocadas pelo ar poluído. Motivo: a poluição é composta pela combinação de diversas substâncias na forma gasosa. O Journal of the American Heart Association, elaborado por cientistas da Penn State University, registra que tais elementos poluentes em contato com o corpo humano por meio do nariz, olhos e da garganta potencializam doenças do coração como, por exemplo, a arritmia. Podem, também, causar bronquite crônica e enfisema pulmonar. A comunidade científica espera que a sociedade se mobilize e se cuide para evitar o colapso do sistema hospitalar. O uso de máscara, ao qual o brasileiro tanto resiste, auxilia e muito na prevenção. E a ingestão de água é essencial: sua carência pode deixar o sangue mais espesso, implicando lenta filtração renal e abrindo as portas a enfermidades cardiológicas.

São Paulo: risco da alta temperatura associada à poluição (Crédito:Ato Press)

EVENTO
Renascimento da palavra impressa

É inegável que os suportes digitais abalaram a tradicional palavra impressa em papel. É inegável, também, que assim como houve esse movimento que já faz um bom tempo, o movimento inverso ocorreria e o papel, ainda que lentamente, voltaria a ser fonte de leitura – não se trata de bola de cristal, trata-se do desenrolar da história humana e seu constante vaivém. Aos poucos, começamos então a ver sinais de que o papel estava retornando, sem que significasse a morte do digital. No Brasil, esse sinal foi dado na medida em que livrarias, pequenas e não mais no estilo butiques, passaram a ser criadas em algumas capitais, muitas delas múltiplas, outras dedicadas a um único gênero literário. Na semana passada, sua excelência, o livro impresso, demonstrou que novamente se agiganta, e o fez por meio do sucesso sem precedentes da 27ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo. E ela foi dominada pelo púbico jovem – dos setecentos e vinte e dois mil visitantes (9,39% a mais do que em 2022), jovens entre 18 e 24 anos de idade corresponderam a 43,3% dos compradores. “Cabe a nós, editoras e livrarias, identificar os elementos que fizeram esse público jovem se sentir mais representado e repetir isso”, disse Gerson Ramos, diretor comercial da Editora Planeta. “O interesse crescente pela leitura é um marco muito significativo”, avaliou Vanesa Oliveira, gerente da Editora Intrínseca. Aqueles que são vidrados em internet talvez achem que ela foi uma bomba atômica no mercado editorial. Erro crasso. Faliram as desnecessárias megalivrarias; a palavra impressa, não.

Os jovens tomam conta de quase todo o espaço: crescente interesse pela literatura (Crédito:Ato Press)

83%
Foi o aumento médio no faturamento das editoras em 2024 se cotejado com a Bienal passada

43,3%
Dos visitantes e compradores está na faixa etária ente 18 e 24 anos de idade