Coluna

Salto triplo carpado

Crédito: Marina Uezima

Boulos, Marçal e Nunes estão empatados na liderança, mas Nunes venceria os dois primeiros no segundo turno (Crédito: Marina Uezima)

Por Germano Oliveira

A menos de um mês das eleições, o quadro nunca esteve tão disputado para a Prefeitura de SP. Segundo o Datafolha, o afilhado de Lula, Guilherme Boulos, estaria com 23% dos votos, o coach Pablo Marçal teria 22% e o prefeito Ricardo Nunes, apadrinhado por Tarcísio e Bolsonaro, também ficaria com 22%. Apesar do empate triplo, só dois irão para o segundo turno: um da direita (Marçal ou Nunes) e um da esquerda (Boulos ou Tábata). Como a polarização entre Lula e Bolsonaro tornou-se realidade, é provável que o candidato da esquerda seja Boulos e o da direita, Nunes. Marçal não tem chance. É atacado por todos os quatro principais oponentes sobre suas ligações com o crime. A questão, contudo, é que Nunes venceria no segundo turno tanto Boulos quanto Marçal, e se reelegeria.

Bukele

Destes, quem mais assusta é Marçal. Além de relações com o crime organizado, já foi condenado por aplicar golpes
pela Internet e é acusado também de ter ligações com ditadores, como o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a quem visitou há 15 dias. Bukele construiu um presídio onde está encarcerando, sem julgamento, mais de 40 mil pessoas.

Milionários

Dinheiro de campanha está causando estrago nas hostes de Boulos. Lula decidiu transferir R$ 30 milhões do Fundo Partidário para a campanha do PSOL, que é o candidato do presidente em SP. O problema, segundo o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, é que o diretório nacional movimentou a grana sem respeitar a democracia interna.

O tiozão e a aprendiz

(Divulgação)

O apresentador de TV José Luiz Datena, 67, parecia que, desta vez, seria um candidato viável à prefeitura de São Paulo. Chegou a estar com 14%, conforme o Datafolha. Nessa altura, Tábata Amaral, 30, estava fora do jogo. Datena, porém, mostrou-se despreparado e despencou (hoje tem 7%), abaixo até de Tábata (9%). O próprio radialista jogou a toalha, enquanto Tábata tem boas chances para o futuro.

Rápidas

A guerra pela presidência da Câmara ferve após Lira lançar Hugo Motta. Como Lula não se opõe e Bolsonaro diz nada ter contra ele, o jovem deputado segue forte. Elmar sentiu-se traído, mas tem que explicar como usou R$ 12 milhões em emendas para fazer estrada até sua fazenda.

Longe da Faria Lima, Haddad acompanhou Boulos na periferia de SP no sábado, 7. Prefeito da cidade de 2013 a 2016, quando perdeu para Doria, o ministro quer derrotar os candidatos de Bolsonaro: Marçal e Nunes.

Galípolo, que será presidente do BC depois da sabatina no dia 8 de outubro, faz beija-mão nos gabinetes do Salão Azul, onde recebe apoio até da oposição. Em janeiro de 2025, terá uma bomba no colo: derrubar ou subir juros?

O cadáver de Silvio Almeida nem esfriou e o PT já indicou um de seus filiados para a vaga na pasta dos Direitos Humanos. Será a deputada Macaé Evaristo (PT-MG). Ela é preta e professora, ligada ao ativismo negro.

Retrato falado

“O Simples vai passar por revisão para combater fraudes no fisco”, diz Simone Tebet (Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil)

Simone Tebet (Planejamento) afirmou que o Simples, onde todos os pequenos e médios empresários operam seus negócios, passará por uma revisão para evitar as fraudes que lesam os cofres da Receita Federal, mas disse que não há uma hora certa para isso acontecer. Afinal, o governo ainda não decidiu mexer nos problemas estruturais da economia. Lembrou, porém, que o salário mínimo com reajustes acima da inflação é “intocável”, assim como a vinculação do mínimo à Previdência. A ver.

Nem água, nem esgoto

A universalização do saneamento básico segue lenta. Todos os brasileiros já deveriam ter começando a ver suas casas ligadas às redes de esgoto e água encanada. Hoje, 90 milhões de pessoas não têm esgoto e outras 32 milhões não recebem água tratada. Vivemos numa “Belíndia”, como dizia Delfim, há 50 anos, para quem a desigualdade nos fazia ter gente morando na Bélgica e outros na Índia. Se bem que hoje os indianos crescem até mais do que a China. O fato
é que, agora, temos a Lei do Marco Legal do Saneamento, de 2020, que prevê a privatização do setor para atingirmos a meta de universalizar os serviços de água e esgoto para todos até 2033 e nada saiu do papel.

Insegurança jurídica

Ocorre que o marco legal foi aprovado no Congresso, em 2020, e deveria ser ativado imediatamente, para que, em 13 anos, todos tivessem água e esgoto canalizados. Mas, ao assumir, Lula impôs uma série de normas à lei que os investimentos pararam, por insegurança jurídica: R$ 76,2 bi foram suspensos.

“Vitória da democracia”

(Brenno Carvalho)

Os festejos do 7 de Setembro marcaram a linha que separa democratas dos radicais da direita. Do lado dos defensores da democracia, Lula conduziu o desfile na Esplanada dos Ministérios ostentando a presença de Alexandre de Moraes (STF) como o principal homenageado. O ministro disse à ISTOÉ que “este foi um momento importante para a democracia”.

Churrasco no Alvorada

Depois, 32 ministros de Lula e cinco do STF foram a um churrasco no Alvorada, residência presidencial (Janja foi representar o governo no Catar). O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, também foi ao almoço. O presidente
da Câmara ficou em Alagoas. Enquanto isso, “Xandão” era atacado por Bolsonaro em ato na av. Paulista. Sua hora vai chegar.

O Lide na Índia

(Divulgação)

O ex-governador João Doria esteve em Mumbai, na Índia, entre os últimos dias 4 e 7, para inaugurar mais um escritório do Lide no exterior (esta é a 19ª base que a entidade, que ele preside, mantém no exterior). Nestes quatro dias, a comitiva de empresários do Lide visitou as maiores empresas indianas, como a Tata Group, onde foi recebida pelo chairman Natarajan Chandrasekaran.

Toma lá dá cá

Luiz Fernando Casagrande Pereira, sócio-fundador do escritório de advocacia Vernalha Pereira (Crédito:Divulgação)

Juízes eleitorais podem exercer poder de polícia sobre conteúdos da Internet?
Devem. As campanhas eleitorais não são territórios sem lei. No Brasil, existe rigorosa regulação da propaganda eleitoral.

O que mudou no ambiente eleitoral com a era digital?

As campanhas se apresentam em um novo cenário. Sendo assim, o “poder de polícia analógico” – do juiz que manda retirar o cavalete de rua – é transmutado no “poder de polícia digital”, que se atém à Internet.

O poder do TSE deve ser restrito ao período eleitoral?
Com Alexandre de Moraes, o TSE promoveu alterações de resoluções que ampliaram o poder de polícia para fora dos limites das campanhas. Criou-se um inédito “poder de polícia permanente”.