Entretenimento imersivo, com realidade aumentada, é a salvação do presencial?

Por Mirela Luiz

Nos últimos anos, a tecnologia tem alterado radicalmente a maneira como consumimos entretenimento. As impressionantes telas de LED tridimensionais surgem como protagonistas, elevando a experiência de assistir a filmes e eventos. Essa transformação vai além de uma simples evolução técnica, representando mudança cultural significativa em nosso envolvimento com o lazer.

O ponto de partida para tal metamorfose foi Los Angeles, onde surgiram os primeiros projetos dessas telas imersivas, criadas para encantar o público nas salas de cinema. A startup americana Cosm rapidamente percebeu a demanda por soluções mais modernas e acessíveis, inaugurando um cinema que une conceitos de planetários e de arenas de entretenimento contemporâneas, semelhante à Sphere, de Las Vegas.

No entanto, enquanto a Sphere foca essencialmente em música ao vivo, a Cosm se dedica a transmitir eventos esportivos e produções artísticas, também em tempo real.

A proposta da Cosm é arrojada: convencer o público de que assistir a uma luta do UFC ou a um jogo da NBA em suas gigantescas telas de mais de 27 metros, em uma miniarena, oferece uma experiência incomparável.

“Durante uma conversa com um empresário envolvido no desenvolvimento do projeto The Sphere, uma frase me marcou: ‘Queremos criar no projetor uma porta de entrada para um novo universo’. Essa declaração exemplifica a ambição de criar vivências que vão além do mero ato de assistir”, diz Alan Nícolas, especialista em IA para negócios e fundador da Academia Lendár.I.A.

Personalização

Essa inovação surge em um momento crítico, em que as formas tradicionais de entretenimento enfrentam novos desafios provocados por demandas e tecnologias emergentes.

Enquanto as plataformas de streaming se proliferam, a Cosm se destaca ao combinar a emoção daquilo que é ao vivo com uma sensação de imersão. As parcerias estratégicas com ligas renomadas, como NBA, UFC e o icônico Cirque du Soleil, evidenciam a potência dessa proposta. Assistir a um jogo ou espetáculo em um ambiente projetado para simular a presença na ação é a nova tendência que promete reduzir a distância entre o espectador e o evento. “A personalização por meio da IA no entretenimento imersivo é como ter um diretor de experiências pessoais, que conhece suas preferências melhor do que você mesmo. É como se, ao entrar no cinema da Cosm, o evento fosse moldado especificamente para você, em tempo real”, detalha Nícolas.

O setor de entretenimento imersivo, que se entrelaça com conceitos de realidade aumentada, é identificado como uma das áreas de maior prosperidade. Com uma taxa de crescimento anual projetada para 24% até 2030, atingindo um valor estimado de US$ 425 bilhões, de acordo com um estudo recente da Grand View Research, Inc., a mudança de paradigma se torna ainda mais evidente ao observar como o público contemporâneo, especialmente as novas gerações, anseia por experiências que rivalizem com a intensidade emocional dos eventos ao vivo.

“O que mais me surpreende nesse contexto é que a lógica dos preços dos ingressos se inverteu. Nessa experiência, você paga muito caro para estar mais próximo do palco, pois é dessa posição que se tem uma visão ampla de toda a experiência visual proporcionada pela mega tela”, analisa Tiago Brito, CEO da Ledwave e especialista em Tecnologia, Entretenimento e Comunicação Visual.

“Nessa experiência, você paga muito mais caro para estar próximo do palco, pois é dessa posição que se tem uma visão ampla de toda a experiência visual proporcionada pela mega tela.”
Tiago Brito, CEO da Ledwave

O futuro parece promissor para aqueles que buscam vivências mais vibrantes e envolventes. O desafio será encontrar o equilíbrio entre essa nova forma de apreciar eventos e a autenticidade de estar presente. A transformação do entretenimento como o conhecemos pode estar apenas começando. Se será um sucesso duradouro ou uma moda passageira, apenas o tempo dirá.