Um pé em cada canoa
Por Germano Oliveira
Colaboraram: Vasconcelo Quadros e Marcelo Moreira
Antes da campanha começar, Marçal era azarão e implorava apoio de Bolsonaro. O chefe do clã deu de ombros e também fez Nunes rastejar atrás dele, clamando pelo eleitorado da direita. Até que o ex-capitão indicou o coronel Mello para ser o vice do prefeito. Tudo caminhava bem, com Nunes liderando as pesquisas, num empate técnico com Boulos. Mas quando poucos esperavam, o coach, e seus milhões de reais não declarados à Justiça Eleitoral, disparou nas redes sociais e, hoje, está entre os primeiros. Para se vingar dos Bolsonaro, Marçal chamou Carluxo de débil mental. Mas vendo que ele passava a ter chances, Jair mandou o 02 engolir o choro. Embora seu partido, o PL, esteja na coligação de Nunes, o ex-presidente sinaliza que pode apoiar Marçal, fincando um pé em cada canoa.
Escondido
O fato é que até o prefeito Nunes já percebeu a estratégia do capitão e tem se escorado no governador Tarcísio para promover suas caminhadas pelas ruas da cidade. Seus publicitários esconderam o ex-presidente nos primeiros programas do horário eleitoral no rádio e na TV e deram todo o espaço para o filho do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), Tomás.
Coach
Se optar por Marçal, o ex-capitão vai emprestar sua raquítica imagem para alguém que tem mais de 18 processos – já esteve preso e é ligado aos chefes do PRTB, que são acusados de pertencerem ao PCC. A ligação de Marçal com o crime organizado é explicita e comprovada pelos adversários em seus programas de TV, como é o caso de Tábata e Datena.
Conversa com o padrinho
A estratégia de Boulos para vencer a eleição em SP tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva. E para quem ainda tivesse dúvidas de que o presidente será também seu principal cabo eleitoral, basta assistir aos seus primeiros programas no rádio e TV. Logo na abertura, Lula aparece com Janja fazendo uma visita ao casal Boulos. Além
de muita conversa, os dois comeram bolo de cenoura com chocolate.
Rápidas
● A polícia civil paulista descobriu que o PCC criou um “banco do crime” para financiar campanhas de políticos em Mogi das Cruzes, Ubatuba, Santo André, São Bernardo, Rio Preto e Campinas. O “banco do PCC” movimentou R$ 8 bilhões para bancar candidatos dessas cidades.
● Quem usa o cartão de crédito para rolar dívidas, está lascado. A taxa média de juros cobrada pelos bancos no rotativo foi a 432,3% ao ano em julho, segundo o BC. É a linha de crédito mais cara do mercado. Entendeu?
● Após difícil convivência com o governador Eduardo Leite, Paulo Pimenta, designado por Lula para a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, está retornando a Brasília para reassumir a Secom.
● A Justiça Militar condenou, a quatro meses de cadeia, o coronel José Placídio Matias dos Santos por defender, nas redes sociais, que os militares dessem golpe em janeiro de 2023. Assessorava o general Augusto Heleno.
Retrato falado: Roberto Campos Neto
Roberto Campos Neto, cujo mandato na presidência do Banco Central termina no próximo dia 31 de dezembro, fala o que pensa e é por isso, entre outras, que Lula não gosta muito dele. Em evento na CNN na semana passada, disse que o seu sucessor, que acaba de ser indicado pelo presidente para sucedê-lo, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do banco, não vai ter vida fácil, assim como ele não teve. A sabatina de Galípolo acontecerá depois das eleições.
Rumo certo
Em meio a críticas que recebe por conta dos cortes de programas sociais e de aumentos de impostos para cumprir as metas de déficit zero em 2025, Haddad mostra que está no caminho certo. A notícia de que o PIB brasileiro, divulgado pelo IBGE na terça, 3, cresceu muito acima do esperado (1,4% no segundo trimestre), levando a uma alta de 3,3% em relação a igual período do ano passado, caiu como uma bomba de ânimo nos mercados. O ministro da Fazenda já fala em reajustar o crescimento para algo entre 2,7% e 2,9%. O número só não foi melhor ainda por conta do baixo desempenho da agropecuária (caiu 2,3%), em razão da tragédia que acabou com o setor no Rio Grande.
Sacrifícios
Nem tudo são flores. Para fechar as contas do Orçamento para 2025, que o governo entregou ao Congresso na sexta-feira, 30, a proposta Orçamentária Anual prevê receita extra de R$ 166 bilhões. Só com o aumento das alíquotas da CSLL, Haddad pretende arrecadar R$ 21 bi, criando nova chiadeira dos empresários.
Toma lá dá cá: uiz Eduardo Eugênio, da ABLEM
A Reforma Tributária pode provocar aumento nos preços de exames médicos?
Sim. Por isso estamos trabalhando junto aos senadores para reduzir em 60% a alíquota do IVA sobre a locação de equipamentos médicos. Defendemos tratamento tributário igual para venda e aluguel de equipamentos.
Caso a redução da alíquota não passe no Senado, quem serão os mais prejudicados?
Os estabelecimentos de saúde de menor porte, como pequenos hospitais e Santas Casas. Muitos municípios não têm recursos para a compra, e a locação é a saída para que possam prestar atendimento de qualidade.
O SUS pode ser afetado?
Certamente, já que dificultará acesso a aparelhos de ponta para a realização de diagnósticos e procedimentos.
Pacto das mulheres
Uma candidatura feminina à sucessão de Rodrigo Pacheco será anunciada em novembro, após as eleições municipais. Em campanha conjunta, Soraya Thronick e Eliziane Gama, fecharam um pacto de trabalharem juntas. Já conversaram com senadores e foram recebidas por Lula e por Sarney, adversário de Davi Alcolumbre no Amapá, apontado como favorito.
“Davi não é imbatível”
Para Eliziane (à direita na foto), “Davi não é imbatível”, sustentando que entre ela e Soraya, quem chegar à reta final melhor avaliada, vai enfrentar Alcolumbre. “Em 18 anos na política perdi e ganhei. Aprendi que você perde uma eleição quando pensa que já ganhou”, comenta a senadora do PSD do Maranhão. Eliziane e Soraya têm garantidos os votos de 14 senadoras.
Salada mista
O PT lançou poucos candidatos próprios às prefeituras das capitais. Nessas cidades, o partido apoia candidatos de partidos aliados. Mas é em Salvador que a legenda deve quebrar a cara, ao apoiar o vice-governador Geraldo Jr. (MDB). O Instituto Paraná Pesquisas dá 67,6% para o atual prefeito Bruno Reis (União Brasil), contra os 12,5% do emedebista, que tem o apoio de Lula.