Crescimento do PIB surpreende analistas; confira
Em um ano e meio de governo Lula, o Brasil supera o crescimento de Reino Unido e França, apresentando um PIB de 2,5% nos últimos 12 meses — o que coloca o País em 6º lugar entre as maiores economias do mundo
Por Mirela Luiz
A economia brasileira continua a surpreender e, desta vez, os olhos se voltam para os números do segundo trimestre de 2024. Com um crescimento impressionante de 1,4% entre abril e junho em comparação com os três meses anteriores, o Produto Interno Bruto (PIB) do País, conforme foi divulgado pelo IBGE na última terça-feira, 3, evidencia a resiliência do Brasil, superando as expectativas modestas do setor privado, que previa uma alta de até 0,9%.
A revisão da expansão do primeiro trimestre, que passou de 0,8% para 1%, ofereceu um novo estímulo às previsões para o ano, que agora oscilam entre 2,5% e 2,7%, com a possibilidade otimista de alcançar os 3%, superando a média de 0,5% dos 53 países listados pela Austin Rating em um ranking de crescimento econômico. “O Brasil está crescendo com inflação baixa, o que leva o País a ter condições novamente de obter o grau de investimento”, disse Fernando Haddad (Fazenda).
À frente de países como Coreia do Sul, Canadá, México, França, Itália, Reino Unido, Alemanha e Arábia Saudita — além da zona do euro, como um todo — o PIB brasileiro totalizou R$ 2,9 trilhões, só no segundo trimestre. Foram R$ 2,5 trilhões vindos do Valor Adicionado (VA) a preços básicos e outros R$ 387,6 bilhões de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. “Se formos tomando os cuidados devidos, fazendo as reformas, e controlando a oferta, não vamos ter pressão inflacionária em um futuro próximo. O Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial”, disse Haddad em entrevista, sem esconder uma ponta de otimismo no olhar.
“O Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial” Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Além disso, o País também ultrapassou a taxa média de expansão do grupo dos Brics — que inclui nações em desenvolvimento como Rússia, Índia, China e África do Sul —, que ficou em taxas de 1,1% nesse mesmo período.
“O resultado foi extremamente positivo e surpreendente. O mais interessante é que esse crescimento não se deve a um fator isolado, como aconteceu no ano passado. Neste caso, o crescimento foi mais consistente e abrangente, afetando diversos setores de maneira estruturada”, explica Alex Agostini, economista-chefe da Austin.
Os gastos públicos aumentaram de 0,1% para 1,3%, que incluem transferências para programas sociais e investimentos diretos em infraestrutura. Eles são indiscutivelmente responsáveis pela atual robustez da economia.
“Há consequências de longo prazo para o Estado, mas os aportes privados e públicos dados ao Estado, garantiram que o PIB não fosse afetado”, enfatiza Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Essa dinâmica é claramente refletida na crescente demanda por bens duráveis e não duráveis, confirmando o impulso que as finanças públicas proporcionam à atividade econômica.
“O PIB demonstrou que o fomento do setor, que não tem sido priorizado no País, é fundamental para o crescimento sustentado mais robusto da economia”, destaca Rafael Cervone, primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Estímulo
Ainda de acordo com o executivo da Austin, além do impulso do gasto público, a maior acessibilidade ao crédito desempenhou um papel crucial na performance econômica no segundo trimestre.
O aumento da massa de renda entre a população, combinado com as reduções anteriores nas taxas de juros, resultaram em um crescimento notável nas concessões de crédito, especialmente para pessoas físicas.
“A economia brasileira está no rumo certo: a inflação está controlada; estamos com a menor taxa de desemprego dos últimos dez anos (6,9%); e o Brasil foi o segundo principal destino de investimento estrangeiro em 2023”, enfatiza o presidente do Sebrae, Décio Lima.
Fatores como a redução das taxas de juros, mesmo que num curto período, desempenharam um papel crucial nesse cenário, estimulando a produção e favorecendo a recuperação da capacidade de crédito das pequenas e microempresas, através de iniciativas como o programa Desenrola, adicionalmente à melhora no mercado de trabalho.
A mais baixa taxa de desemprego desde 2014, contribuiu para essa dinâmica, com a geração de aproximadamente 1,5 milhão de novas vagas abertas, em comparação com o mesmo período do ano passado. Por outro lado, o consumo das famílias teve um crescimento forte, sinalizando mais confiança econômica, mesmo diante dos custos associados ao aumento dos gastos do governo.
Contudo, os especialistas alertam que é imprescindível manter um olhar atento às condições fiscais e ao equilíbrio entre consumo e investimento, para que essa trajetória positiva seja continuada.