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O Deus selvagem de Nick Cave

Em um dos melhores lançamentos do ano, cantor e compositor australiano apresenta álbum épico e messiânico

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Nick Cave no Estúdio Miraval, na França: melhor disco em 40 anos de carreira (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

Ao contrário de muitos artistas, cujo ápice criativo depende do frescor de seus primeiros passos, Nick Cave, 66 anos de idade e 40 de carreira, só melhora com o passar do tempo. Ao lado de seu parceiro, Warren Ellis, e de sua banda, The Bad Seeds, ele acaba de lançar um dos melhores álbuns do ano: Wild God é uma coleção de dez belas e melancólicas canções que ressaltam cada vez mais o lado messiânico do artista. Se nos anos 1980 ele era associado à imagem do autor maldito, um beatnik pós-moderno que escrevia sobre cartas de amor e crimes passionais, agora Cave é um senhor respeitável, um lorde australiano que prega a fé e a espiritualidade como armas contra a vulnerabilidade humana. Wild God não é um disco de soul tradicional, mas os arranjos com orquestrações e corais emocionam e tocam fundo na alma. Suas melodias épicas e dramáticas fazem de seu estilo uma espécie de gospel da era digital. “Não há enrolação nesse disco, ele realmente te antige. É um som que te eleva, te move. É isso que amo a respeito dele”, definiu o cantor. As letras são o ponto alto do disco, com destaque para ‘Song of the Lake’, ‘Conversion’ e ‘Final Rescue Attempt’. Uma curiosidade: o disco foi gravado no Estúdio Miraval, do ator Brad Pitt. Fica na região de Provença, no Sul da França, em meio aos seus vinhedos — um ambiente perfeito para um artista que envelhece tão bem.

Arte para superar a tragédia

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Abalado com a morte dos filhos Arthur, de 15 anos, em 2015, e Jethro, de 31, em 2022, Nick Cave quis lidar com o luto de forma pública. Lançou o documentário One More Time With Feeling e os álbuns Skeleton Tree e Ghosteen. Publicou ainda um blog, onde responde a questões de fãs sobre o tema. Suas reflexões também estão no livro Fé, Esperança e Carnificina, uma longa conversa com o jornalista Seán O’Hagan (acima, à dir.), no qual Cave diz como a religião o ajudou a superar a dor.

Para Ler

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Big Loura e Outras Histórias de Nova York: organizada por Ruy Castro, essa deliciosa coleção de contos de Dorothy Parker chega em nova edição. É um retrato da fervilhante Era do Jazz dos anos 1920, com o humor mordaz que lhe era peculiar.

Para Ver

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Beetlejuice 2 — Os Fantasmas Ainda se Divertem volta às telas 36 anos após o filme original. Além do retorno de Michael Keaton como protagonista, a produção dirigida por Tim Burton traz Jenny Ortega e Winona Ryder no elenco.

Para ouvir

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Depois de se apresentar em festivais como Lollapalooza e Rock in Rio, a banda paulista Zimbra lança o novo álbum Pouso, produzido por Rick Bonadio e Sergio Fouad. O grupo está de volta à sonoridade crua e roqueira do início da carreira.

Teatro
Fagundes e Torloni no palco

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Antonio Fagundes e Christiane Torloni atuaram juntos pela primeira vez há 43 anos, na série Amizade Colorida, na TV Globo. Desde então, contracenaram no cinema e em inúmeras novelas. Agora estão reunidos no teatro: o casal divide o palco com Thiago Fragoso e Alexandra Martins na peça Dois de Nós, em cartaz no Tuca, em São Paulo. O espetáculo tem direção de José Possi Neto e texto de Gustavo Pinheiro. Na comédia, dois casais de gerações diferentes se encontram num hotel e compartilham segredos e mentiras.

Série
Família feita de aparências

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Após o sucesso nas séries Big Little Lies e Undoing, Nicole Kidman volta a intrepretar uma milionária misteriosa em O Casal Perfeito, estreia da Netflix. A atriz faz o papel de Greer Windbury, escritora de best-sellers muito bem casada com Tag Windbury (Liev Schreiber). Ela prepara um casamento perfeito para o filho Benji (Billy Howle), apesar de ser contra seu relacionamento com a nora, Amelia (Eve Hewson, filha do cantor Bono, do U2). A cerimônia é adiada após um corpo surgir boiando na praia poucas horas antes do início.

Literatura
O último livro de Paul Auster

(Soeren Stache)

Qual é a lógica que rege nossas memórias? Por que nos lembramos de alguns fatos, mas não de outros? Baumgartner, último livro do norte-americano Paul Auster (1947-2024), é uma história de amor e luto. O premiado autor de A Trilogia de Nova York e Desvarios no Brooklyn narra uma trama sobre um professor de filosofia que sofre uma queda e, ao recobrar a consciência, é arrastado para um passado remoto, quando a esposa ainda era viva. Ele passa então a explorar as complexidades da alma humana, sob a sombra da perda.

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Orquestra
Uma maestra à frente da Osesp

De volta à Sala São Paulo após uma bem-sucedida turnê europeia, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) recebe o jovem virtuoso do violino Guido Sant’anna sob regência da maestra brasiliense Simone Menezes, que tem feito carreira de destaque no exterior. No programa, duas obras da compositora francesa Lili Boulanger, a sétima Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos, e a Sinfonia Espanhola, do francês Édouard Lalo. Em cartaz de 5 a 7/9; o concerto de 6/9 será transmitido ao vivo no Youtube.

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