Por Germano Oliveira

Flávio Dino nunca escondeu que quando entra numa briga, e está certo, não deixa-se acuar. Em maio de 2023, enquanto ministro da Justiça, foi depor no Senado e logo sofreu tentativa de intimidação por parte do senador Marcos do Val, que se dizia da Swat, polícia especial dos EUA. “Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece? Capitão América, Homem Aranha?”, ironzou. Agora, como ministro do STF, decidiu suspender as emendas impositivas até que o Congresso encontre maneiras de torná-las transparentes. Arthur Lira ficou furioso. Desengavetou na Câmara duas PECs limitando poderes do tribunal, como impedir decisões monocráticas. Abriu-se nova guerra entre os Poderes, mas o ministro está certo. Por decisão unânime, a Corte manteve a tese de Dino.

Escândalo

Hoje, segundo o presidente Lula, metade do Orçamento está nas mãos do Congresso. Não tem nenhum outro País do mundo com essas condições, onde os parlamentares têm o poder de mandar em torno de R$ 53 bilhões dos recursos públicos sem que se saiba para onde e no que serão aplicados. Muitas vezes o dinheiro vai para as contas de seus aliados.

Negociações

A medida capitaneada por Dino vai permitir que o Congresso, Judiciário e Executivo negociem como tornar as emendas mais transparentes. Lula já disse que o sistema de transformar o Legislativo em dono do Orçamento surgiu com Bolsonaro, que abriu mão de governar. Antes, um deputado tinha R$ 2 milhões em emendas e agora exige até R$ 60 milhões.

A união das mulheres

Aumenta a presença de mulheres nas chapas que disputarão as prefeituras das capitais. Serão 118 candidatas a prefeitas ou vices. Em dez capitais, a chapa será formada apenas por mulheres. É o caso de SP, onde Tabata Amaral terá como vice Lucia França. Em Porto Alegre, Maria do Rosário terá como vice Tamyris Filgueira e, em Campo Grande, a candidata será Adriane Lopes, que terá Camila Nascimento como vice.

Rápidas

● A conduta de Marcelo Freixo de apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes está revoltando a cúpula do PSOL, partido pelo qual já disputou a Prefeitura da cidade por duas vezes. Freixo diz que eleger Paes é o mesmo que derrotar o bolsonarismo, representado por Alexandre Ramagem.

● Esta eleição será uma verdadeira miscelânea. Inimigos figadais, o PT e o PL estarão no mesmo palanque de candidatos a prefeito em 85 cidades. O Maranhão é o estado com mais candidaturas apoiadas pelos dois partidos.

● Candidatos à reeleição para as prefeituras de capitais usarão as campanhas municipais deste ano para se prepararem para disputar os governos dos seus estados em 2026. É o caso de João Campos (Recife) e Eduardo Paes (Rio).

● O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, resolveu ficar em cima do muro nesta eleição municipal. É que ele deseja ser candidato a governador de MG em 2026 e não quer inviabilizar apoios de bolsonaristas e petistas.

Retrato falado

Lula vem modulando seu pensamento sobre a Venezuela. Depois de ter dito, logo depois das eleições, de que nada de grave havia acontecido em Caracas, enquanto centenas de pessoas eram presas ou mortas nos protestos contra a eleição fraudada por Maduro, agora o presidente diz que para reconhecer o resultado das eleições no país vizinho precisa ver as atas. E subiu o tom, ao dizer que a Venezuela “vive um regime desagradável, com viés autoritário, mas não é uma ditadura”.

Vergonha nacional

Em se tratando do desvio de recursos públicos, todos os partidos são rigorosamente iguais. Com aval do PT e do PL, a maioria do Senado aprovou, a toque de caixa, a PEC da Anistia, que livra os partidos políticos de multas eleitorais por descumprimento de cotas para candidaturas de negros e mulheres. O placar da vergonhosa sessão que aprovou essa excrescência foi de 51 votos favoráveis contra 15 na primeira votação e de 54 a 16 na segunda. Como entre uma votação e outra eram necessárias cinco sessões de debate, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, dispensou o “regime de urgência” e o escrutínio entre a primeira e segunda votação durou apenas 28 minutos.

Gastos obscenos

Com a aprovação da PEC, os partidos podem gastar todos os R$ 5 bilhões do Fundo Eleitoral sem ter que respeitar as cotas para negros e mulheres. Depois, no ano que vem, é só repetirem a obscenidade que praticaram na última quinta-feira, 15, e todas as irregularidades serão perdoadas, como agora.

PT sob nova direção

A atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, conta os dias para deixar o cargo. Em fevereiro, ela passa o bastão para o novo dirigente máximo da legenda. Em breve, haverá uma reunião do Diretório Nacional para decidir se a sucessão acontecerá em encontro nacional ou se haverá um PEC (Processo de Eleição Direta). As bases querem as diretas.

Os candidatos

Lula tem dito que gostaria que o novo presidente fosse Edinho Silva, prefeito de Araraquara. Ele chegou a ser cogitado para assumir a Secretaria de Comunicação (Secom), mas não aceitou porque preferiu terminar o mandato. Mas ele não está só na disputa: José Guimarães (CE) também quer, afirmando que está na hora de ter um nordestino no posto.

Mudança no BC

O presidente Lula deverá indicar o novo presidente do BC até setembro. O nome de Gabriel Galípolo é quase unanimidade. É amigo de Haddad e ficou próximo de Lula na campanha de 2022. Outros dois economistas correm por fora: Milton Teixeira, ex-economista-chefe do Credit Suisse, e Marcelo Kayath, que trabalhou no mesmo banco. O mercado torce para não ser ninguém do PT.

Toma lá dá cá: Gustavo Pires, presidente da SPTuris

A SPTuris promete um segundo semestre agitado, com 233 grandes eventos.Quais serão eles?
É difícil enumerar os principais. A vantagem de São Paulo é a mistura que atrai públicos diferentes. Bruno Mars e Paul McCartney farão oito shows em 12 dias. A Bienal do Livro espera mais de 600 mil visitantes e a NFL acontecerá pela primeira vez.

Os shows serão realizados até em estádios de futebol?
Sim. O Allianz Parque terá 22 dias de shows e o MorumBis outros sete.

Há uma previsão de quantas pessoas serão reunidas nos eventos e quanto a cidade vai arrecadar?
Só nos 233 grandes eventos estimamos um público de 5,5 milhões de pessoas. O ISS total de turismo e eventos deve fechar o ano em R$ 750 milhões.