A pecha do passado que mata o futuro
Por Ricardo Guedes
Na Teoria dos Jogos, de John Nash, as soluções coletivas são mais eficientes do que as individuais. Adam Smith achava que as ações individuais levariam a um futuro melhor, mas a somatória das ações individuais pode causar resultados irracionais, disruptivos diante de recursos escassos, levando à guerra e à ruptura. A solução coletiva aponta resultados mais racionais, que abrangem o consenso de todos, no pacto social.
Não existem mais gregos e persas, romanos e cartagineses, cruzados e islâmicos, Oriente e Ocidente. Em verdade, existem sim, nos resquícios do nosso passado. Estamos em um só barco, na deriva do desastre iminente, na briga insana por valores do passado, no abismo próximo do amanhã.
Ou o homem entende que somente o coletivo pode minimizar a desesperança, ou aceleramos o cataclisma em ritmos inimagináveis.
O desastre ecológico já começou, sua inevitabilidade não pode mais ser contida. A destruição será de acordo com uma curva logarítmica, que no início se acelera, estabilizando em níveis futuros de horror. Como parar a indústria do petróleo, se os Estados Unidos, com 25% da economia mundial, como outros países, dependem 95% da locomoção de veículos para o seu funcionamento? Hoje, o petróleo, o gás, e o carvão respondem por cerca de 83% da energia mundial, com o aquecimento global podendo chegar a + 2o C a +4 o C até o final do século, no desespero de suas consequências, com a migração de mais de um bilhão de pessoas das áreas costeiras para o interior dos continentes, em desastre de “proporções bíblicas”, na expressão de Antonio Guterres, Secretário Geral da ONU.
Podemos desacelerar o processo, diminuindo os efeitos futuros. Mas como? A única solução é minimizar o passado, difícil, com o despojamento atual, mais do que difícil, no altruísmo para o amanhã. Temos obrigatoriamente de ter a diminuição do lucro e a regulamentação do mercado, algo nunca antes obtido, com eficácia e estabilidade contínua em seus resultados, algo difícil de se obter. Novas técnicas têm que ser pensadas, propostas e experimentadas. Se não tentarmos, não sobreviveremos.
Certamente que os princípios aqui postos, de agora, devem ser desenvolvidos, em práticas da próxima outrora. Tecnicamente e cientificamente. Rígido para os seus resultados, flexível para a felicidade humana. Isto, se a paz e o amor prosperarem. Se não, poucas esperanças para nós, na destruição do mundo por valores individuais que não se somam. É onde se quer mais que mais se perde. Há que se atingir uma equação inusitada.
Essa é a utopia da atualidade, que pode virar a união do futuro, na mão dada comum dos antepostos na luta renhida que assim será pela sobrevivência. Que viva a Esparta, de agora!