Documentário sobre Elizabeth Taylor mostra a turbulenta vida da estrela

Por Felipe Machado

Uma das atrizes mais amadas da história do cinema continua a fascinar o público mais de uma década após sua morte. A descoberta de 40 horas de entrevistas em áudio com Elizabeth Taylor, gravadas pelo jornalista Richard Meryman e encontradas após sua morte, em 2015, serve de base para o documentário Elizabeth Taylor: The Lost Tapes, produzido pela HBO e exibido pelo streaming MAX. Dirigido por Nanette Burstein, revela uma visão íntima do complexo mundo de Taylor.

Gravadas em 1964, quando ela tinha 32 anos e estava no auge, as fitas mostram uma mulher dividida entre sua persona pública e as lutas pessoais. Sua voz, ao mesmo tempo sedutora e expressiva, reflete as contradições de uma estrela que foi tanto produto do sistema de Hollywood quanto vítima dele. O documentário intercala reflexões francas com imagens de arquivo, criando um retrato de uma época em que as fronteiras entre a realidade e a fantasia eram frequentemente tênues.

A ascensão de Taylor ao estrelato começou cedo. Aos 12 anos, com sua atuação no papel de uma jóquei-mirim em A Mocidade é Assim Mesmo, ela tornou-se uma figura central no imaginário popular. Sua beleza e talento fizeram dela um ícone, mas sua vida fora das telas estava longe de ser o conto de fadas que os fãs imaginavam. O documentário explora sua tumultuada vida pessoal, marcada por oito casamentos, escândalos públicos e uma série de relacionamentos que a mantiveram nas manchetes por décadas — inclusive uma esquisita amizade com o cantor Michael Jackson, que a idolatrava.

Um dos momentos marcantes na vida de Taylor foi seu romance com o também ator Richard Burton, que conheceu no set de Cleópatra. O relacionamento não apenas pôs fim ao seu casamento com Eddie Fisher, como marcou o início de uma nova era de culto a celebridades, em vigor até hoje.

Ativismo e excessos

Apesar dos altos e baixos, o talento de Taylor foi inquestionável. Suas atuações em filmes como Quem Tem Medo de Virginia Woolf? e Gata em Teto de Zinco Quente provaram que ela era capaz de transcender o rótulo de estrela e se afirmar como uma atriz séria. O filme revela, porém, que ela duvidava de suas próprias habilidades, dizendo que “tentava ser uma atriz”. Essa insegurança, somada às pressões de manter sua imagem pública, resultou em uma vida de excessos, incluindo lutas contra o abuso de substâncias e um consumismo patológico.

O documentário também destaca sua capacidade de reinvenção. Após anos sendo alvo de tabloides e escrutínio público, Taylor encontrou um novo propósito como ativista na luta contra a AIDS. The Lost Tapes, porém, tem suas limitações. O uso predominante da voz da atriz permite que ela conte sua história em suas próprias palavras, suavizando algumas polêmicas de sua vida. O documentário omite discussões sobre seus casamentos tardios e outras histórias desfavoráveis. Ainda assim, é um belo tributo à mulher que definiu uma era. Embora o mundo de Hollywood tenha mudado drasticamente, confirma que ela foi uma das últimas grandes lendas do cinema — lembrança de uma época em que as estrelas brilhavam muito mais.

Uma longa lista de casamentos
Elizabeth Taylor teve oito maridos — esses foram os mais famosos