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A destruição de Pompeia: uma história que nunca havia sido contada

Monte Vesúvio teve ajuda extra de um terremoto na destruição da cidade romana, na Itália, no ano 79 D.C. A descoberta muda a narrativa da aniquilação total pela lava vulcânica

Crédito: Luiz Cesar Pimentel

O Vesúvio ao fundo das ruínas ainda mantidas, como há 2000 anos, da cidade romana (Crédito: Luiz Cesar Pimentel)

Por Carlos Eduardo Fraga

Durante quase 2.000 anos acreditou-se que a destruição de Pompeia foi 100% culpa da erupção do Vesúvio. Inicialmente, rochas vulcânicas choveram sobre a cidade por 18 horas, sufocando uma boa parte dos moradores, derrubando construções e soterrando outros, matando de 15% a 20% da população. Algumas horas depois, uma massa de gás quente e cinzas cobriu toda a região, ceifando a vida de quem sobreviveu. Mas agora, de acordo com estudo publicado na revista Frontiers in Earth Science, realizado por uma equipe do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália, a percepção mudou. Junto à atividade vulcânica, aconteceu um terremoto entre a chuva rochosa e a erupção do monte, que aumentou significativamente a dimensão da catástrofe.

A descoberta aconteceu ao encontrarem, durante uma escavação na Insula dei Casti Amanti, no centro da cidade, dois esqueletos do sexo masculino que se diferenciavam dos restantes. Após os restos mortais serem analisados, a equipe constatou que os indivíduos não tinham sido mortos sufocados ou incinerados pelos gases do Vesúvio, mas esmagados pelas paredes de suas casas. Os corpos estavam em cima de uma camada de rochas vulcânicas que havia entrado na residência por uma janela, sugerindo que haviam sobrevivido à erupção e buscado abrigo.

Lava que envolveu os corpos virou registro em pedra (Crédito:Luiz Cesar Pimentel)

O único relato conhecido da tragédia foi escrito pelo governador imperial da Bítinia (província romana situada no noroeste da Ásia Menor), Plínio, o Jovem, que observou o ocorrido do outro lado da baía do vulcão e descreveu tremores violentos no solo após a erupção inicial. , Até hoje não havia, contudo, nenhuma evidência científica de mortes causadas por terremotos nas ruínas da cidade romana. “Nós juntamos as peças, como um quebra-cabeça. Todas as evidências apontam para um terremoto que ocorreu após a primeira fase da erupção, mas antes que as massas de gás quente e cinzas varressem a cidade”, afirma o chefe da equipe que comandou a descoberta.

A ocorrência do abalo sísmico, agora revelado, afetou significativamente as escolhas feitas pelos moradores sobreviventes da destruição inicial, já que durante o tremor muitas pessoas podem ter tentado escapar de seus refúgios e acabaram atingidas pelas correntes de cinzas e gases vulcânicos, que muitas vezes são mais mortais do que a própria lava.