Pastel vira iguaria, com novos sabores e assinatura de chefs renomados
Fora da feira, o tradicional salgado frito ganha grife de chef e até loja que simula o comércio de rua. Mas a textura crocante e o ambiente democrático que resgata memórias afetivas continuam iguais
Por Ana Mosquera
“Carne ou queijo?” Faz umas boas décadas que os pastéis de feira não se restringem às duas opções, assim como a iguaria frita ganhou lugares além das barracas que ocupam as esquinas de cidades do Brasil. A febre invadiu os botecos, mas também lojas de shopping e restaurantes de renomados chefs de cozinha. Os lugares que o petisco vem ocupando estão tão diversificados quanto seus sabores: vegetais, frutos do mar, produtos industrializados, frutas além da banana e até pratos inteiros compõem o interior da massa frita.
No Bar Original, aberto há quase trinta anos na capital paulista, os tradicionais “carne, queijo e camarão” não deixam o menu, mas em certas ocasiões ganham companhia de versões especiais: Alex Atala, Helena Rizzo e Paola Carosella são alguns dos chefs que já assinaram receitas para a casa.
Durante todo o mês de agosto, novos nomes são os responsáveis pelos sabores exclusivos, em comemoração ao aniversário do bar histórico. O de queijo comté, cebola e vinagre de jerez do Lucas Dante, do Cepa, e o de pizza com molho à parte do Fellipe Zanuto, do Hospedaria, estão entre eles.
A iniciativa faz sucesso entre clientes novos e habitués. “O botequim precisa ter os clássicos, um queijo bem temperado, uma carne suculenta, mas está aberto a novidades, como o uso de um queijo premiado”, diz o gerente de gastronomia Guillermo Teran. O subchef Leôncio Pereira se inspira na tradição para a boa execução do petisco. “Sempre gostei de pastel de feira, conhecido por ser sequinho. Eu me inspiro nele, mas busco fazer melhor.”
Ao vento
Do mesmo jeito que os feirantes circulam por regiões das cidades em dias diferentes da semana, empresários espalham pelo Brasil negócios dedicados à iguaria.
● Aos 28 anos de vida, a 10 Pastéis possui 66 unidades em onze estados e no Distrito Federal e pretende encerrar o ano com mais 18 lojas abertas e receita de R$ 80 milhões. O diferencial está nas inovações: Pastel Burguer e Chilli com Nachos, massas temperadas e coloridas, e recheios como paçoca, bombom, açaí com granola e chocolate com bacon estão no menu. O bom humor tem um lado positivo, segundo o diretor e sócio-fundador Marcos Nagano: “O sucesso de vendas desses sabores diferentões mostra que o público adora experimentar o novo, e as brincadeiras acabam funcionando como uma excelente forma de divulgação”. A inclusão também é considerada: há pastéis veganos, da massa aos recheios.
● Com a primeira unidade em Santo André, o Pastel di Fêra se inspira mais do que na gastronomia das barracas de rua. O negócio — que conta com três unidades próprias e oito franquias, entre Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo — replica o ambiente da feira em detalhes. Com caixas de frutas, capô de kombi e animais cenográficos, como pombos e o famoso cachorro Caramelo, o empreendimento fatura R$ 220 mil por mês.
No cardápio, há clássicos como “carne com queijo”, o mais pedido, e sorvete retrô, mas também inovações de sucesso, como o Vira-lata, refrigerante de caldo de cana feito na casa, o Pombo, milk-shake da mesma bebida, e o Poleiro, porção de tubinhos de massa frita. “Quem procura o lugar é porque não tem acesso à feira e quer resgatar uma memória afetiva, relembrando momentos de acolhimento que esse lugar oferecia”, diz o CEO Bruno Guedes.