Comportamento

Aumenta proibição de celulares nas escolas, mostra levantamento

Educadores estão cada vez mais atentos ao uso do dispositivo dentro das instituições, segundo a pesquisa TIC Educação 2023

Crédito: Agência RBS

Celular na escola: proibição busca corrigir isolamento, inércia e bullying, dizem especialistas (Crédito: Agência RBS)

Por Maria Ligia Pagenotto

Qual é o lugar do celular nas escolas? Em 64% dos estabelecimentos escolares de ensino fundamental e médio do Brasil, ele pode ser utilizado com restrições – em espaços e horários determinados pelos educadores. Em 28%, o dispositivo é terminantemente proibido, em qualquer situação. Esses dados integram a pesquisa TIC Educação 2023, realizada pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br). O levantamento aponta que no ensino fundamental 1 a proibição tem crescido ao longo dos anos – subiu de 32% em 2020 para 43% em 2023. No fundamental 2, o banimento do celular atinge hoje 21% das escolas, contra 10% anteriormente. Entre adolescentes do ensino médio, o estudo mostra que em 8% das escolas o aparelho foi proibido.

“A questão é que o excesso de tela tem feito mal”, assegura Carolina Delboni, educadora. “As crianças estão brincando menos, pois estão menos expostas a espaços externos”.

Ela cita o livro A Geração Ansiosa (Companhia das Letras), do psicólogo americano Jonathan Haidt. “O uso das redes sociais está entre as principais causas de transtornos mentais em crianças e adolescentes. Afeta a auto-estima, pois os jovens ficam se comparando e pode gerar bullying”, diz Carolina.
Isso acaba por levar à anorexia, bulimia, vigorexia.
As telas podem provocar ainda a privação do sono.
Sem dormir bem, o aluno tende a ficar desatento.

“É importante que o controle seja feito em parceria com as famílias”, destaca o coordenador de tecnologia do Colégio Santa Marcelina no Rio de Janeiro, Emerson Francisco dos Santos.

O vício em telas se intensificou no período da pandemia, atingindo adultos. “Estamos trabalhando agora no sentido de conscientizar todos sobre a importância de ter regras para sua utilização”, diz Santos.

Na rede Santa Marcelina, composta por 5 mil alunos, o aparelho é proibido na educação infantil. Conforme o aluno cresce, o uso é estimulado dentro de um contexto pedagógico, com orientação do educador.

“Os celulares ficam nas mochilas, longe dos estudantes. Os jovens podem pegar o equipamento na hora do intervalo, mas só acessam pelo wi-fi o que a escola permite”, explica Santos.

Nas escolas públicas, a preocupação é a mesma. Caroline afirma que tem visto muitos trabalhos importantes de conscientização nesses espaços. “Acho que a proibição não funciona. É preciso educar e discutir em grupo a questão do celular, é dessa forma que o jovem se engaja”, acredita.