O debate da baixaria
Por Germano Oliveira
Colaborou: Marcelo Moreira
Os cinco principais candidatos a prefeito de SP (Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Tabata Amaral e Pablo Marçal) recorreram a ataques de uns contra os outros no primeiro debate realizado na TV Band na última quinta-feira, 8, em substituição à formulação de propostas do que pretendem fazer caso sejam eleitos. A baixaria imperou. Tabata disse que tinha um boletim de ocorrência da mulher de Nunes por agressão, o que causou muito tumulto na platéia. A esposa dele gritava freneticamente: “Deixa a família fora disso”. Datena insistia em dizer que Nunes era ligado ao crime organizado. Marçal insinuou que Boulos cheirava cocaína. Quanto à Tabata, disse que ela era uma “adolescente”, o que motivou xingamentos por parte da platéia da candidata do PSB ao coach.
Pesquisas
No mesmo dia em que se realizou o debate, o Datafolha divulgou pesquisa sobre o desempenho dos candidatos.
• Na liderança, há um empate técnico entre Nunes (23%) e Boulos (22%).
• Em segundo, outro empate entre Datena (14%) e Marçal (14%).
• Em seguida vêm Tabata (7%) e Marina Helena (4%).
• No segundo turno, Nunes teria 49% e Boulos, 36%.
Padrinhos
A disputa em SP se dará também pelo apoio dos padrinhos aos principais candidatos. Nunes recebe ajuda de Bolsonaro, Boulos conta com empenho de Lula, enquanto Datena tentará reunir em torno dele lideranças tucanas, como José Aníbal e Aécio Neves. Já Tabata Amaral conta com o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Márcio França.
O dilema de Lewandowski
O Plano Nacional de Segurança Pública que o ministro Ricardo Lewandowski quer desenvolver por meio de uma PEC com a participação dos 27 estados está fazendo água. A proposta tem apoio de Lula, que tratou do assunto na reunião ministerial de quinta-feira, 8, mas está sofrendo resistências no gabinete de Rui Costa, que entende que isso trará mais gastos ao governo, pressionado por corte de despesas.
Rápidas
● Pablo Marçal é, realmente, um fenômeno na reprodução de dinheiro. Em 2022, quando foi candidato a deputado, declarou à Justiça Eleitoral possuir bens no valor de R$ 96 milhões. Alvo de investigações da PF por lavagem de dinheiro, este ano declarou fortuna de R$ 193 milhões.
● Lula acabou cedendo às pressões de atletas e opositores e emitiu uma MP estabelecendo a isenção de impostos para prêmios em dinheiro pagos aos medalhistas de Paris. Janja ajudou a convencer o presidente do benefício.
● Menina dos olhos do governador Tarcísio, as escolas cívico-militares não poderão ser implantadas graças a uma liminar do desembargador Figueiredo Gonçalves, que suspendeu o projeto enquanto o STF não julga a ADIN sobre o tema.
● Após Lira acelerar a votação da regulamentação da Reforma Tributária na Câmara, Pacheco diz que não está com pressa alguma para analisar o projeto no Senado: ele só começará a tramitar depois das eleições de outubro.
Retrato falado
O presidente do Banco Itaú, Milton Maluhy, disse ao Globo que é importante que o governo mantenha o esforço para atingir o déficit zero em 2024, entregando as metas previstas no arcabouço fiscal, com o bloqueio e contingenciamento de R$ 15 bi. Mas ele diz que é importante também olhar para 2025 e 2026, quando se espera um superávit de 0,2% do PIB. O banqueiro informou que o câmbio elevado também é preocupante no médio e longo prazos (na semana passada chegou a R$ 5,86).
O risco Petrobras
A Petrobras corre riscos. No segundo trimestre deste ano, a maior estatal brasileira contabilizou prejuízos de R$ 2,6 bilhões, depois de um lucro de R$ 23 bi no primeiro trimestre deste ano (no mesmo período do ano passado, o lucro foi de R$ 28,7 bi). É o primeiro resultado negativo desde 2020, por conta da pandemia. A presidente da companhia, Magda Chambriard, explicou que a empresa só teve esse prejuízo porque precisou quitar uma dívida de R$ 20 bi com a Receita Federal e também com débitos trabalhistas. Caso contrário, o lucro deste trimestre seria de R$ 28 bi. Apesar do prejuízo, a estatal distribuirá R$ 14 bi em dividendos, o que é muito estranho.
Fundo de investimento
Afinal, no começo do ano, o então presidente Jean Paul Prates caiu exatamente porque quis pagar R$ 43 bi em dividendos, mas Lula era contra, alegando que o dinheiro deveria ser retido para formação de um fundo de investimentos. Chambriard assumiu em meio à fritura de Prates no caso dos dividendos.
A crise dos tucanos
O PSDB continua derretendo. Três tradicionais políticos do partido no PR, MG e RS estão sendo obrigados a desistir de suas candidaturas às prefeituras das capitais de seus estados por falta de apoio. O primeiro a retirar a candidatura a prefeito de Curitiba foi Beto Richa. É que o PSD lançou Eduardo Pimentel com apoio do Cidadania, que o apoiava.
Quadro se repete
A situação é parecida em MG e RS. Em BH, o ex-deputado João Leite retirou sua candidatura depois que os tucanos Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel decidiram apoiar a reeleição do prefeito Fuad Noman. Em Porto Alegre, o governador Eduardo Leite preferiu apoiar a candidatura de Juliana Brizola (PDT) ao invés do ex-prefeito Nelson Marchezan (PSDB).
Cortes em programas sociais
Em razão do bloqueio de R$ 15 bi do Orçamento deste ano, o governo precisa cortar verbas para programas sociais importantes de Lula. O pé-de-meia, gerido pelo ministro Camilo Santana, e que pretende destinar bolsas a 2,5 milhões de estudantes, só tem garantidas verbas de R$ 6,1 bi, enquanto precisaria de R$ 8 bi. A Farmácia Popular também vai perder R$ 1,7 bi neste ano.
Toma lá dá cá: Carlos Correa, presidente da Apas
O setor de supermercados vem sentindo um aumento do consumo?
Sim, com a diminuição do desemprego no País e a inflação sob controle, os supermercados já apresentaram números relevantes no primeiro semestre, com um crescimento real de 5,17%.
Há tendência de expansão de mercadinhos menores?
Sim e em todas as regiões do estado. Essas lojas atendem à demanda de proximidade, conveniência e de compras pontuais.
Como tem sido o uso de Inteligência Artificial nos supermercados?
Tem acontecido de forma progressiva e o setor está acompanhando de perto o uso das tecnologias dentro do contexto dos consumidores, porque essas inovações precisam trabalhar para atender as necessidades dos clientes.