Comportamento

Amarelo manteiga, quem diria, é a nova tendência na moda

A cor é anunciada por especialistas como tendência mundial, sobretudo em alternativa ao branco. O uso da tonalidade suave tem raízes no leque de possibilidade de combinações com outros tons

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Da cabeça aos pés: além de funcionar bem sozinha, a tonalidade suave pode ser combinada com amarelo mais forte (Crédito: Divulgação )

Por Ana Mosquera

Nem bege, nem amarelo, nem creme. Especialistas vem afirmando ser o amarelo manteiga – jaune beurre, em francês, yellow buttermilk, em inglês – uma das tendências das próximas temporadas. Já tendo chegado ao Hemisfério Norte em eventos de esporte, música e na pele de celebridades como o ator Brad Pitt e a apresentadora e modelo Alexa Chung, a tonalidade também marcou presença nos últimos desfiles Primavera-Verão de grifes como Gucci, Hermès, Louis Vuitton e Bottega Veneta. De trajes esportivos a vestidos de gala, em visuais monocromáticos ou combinado a outras cores, o amarelo mais claro está sendo chamado até de “novo branco”. Rechaçado no passado por ter coloração similar à bile humana – assim como os tons de marrom eram menosprezados por serem relacionados às camadas menos abastadas, aos trabalhadores da terra –, o amarelo pastel volta triunfante, perto de ganhar o ouro de marcas e celebridades.

Pesquisadores de colorimetria, influenciadores e produtores de conteúdo digital já preveem sua chegada ao Brasil. “Ele não pretende ser um clássico, mas é uma cor versátil. Não é preciso trocar o guarda-roupa inteiro para combinar com ela”, diz a influenciadora de moda Taís Barreto.

Além da versatilidade, há mais motivos na aposta crescente sobre a cor: a novidade trazida por um amarelo que ilumina sem cegar. “O manteiga é um ponto de luz nos looks, mas tem a característica de ser mais frio, pouco vibrante. Ele transmite um sentimento de tranquilidade.” Taís também cita a associação com a feminilidade, uma das características mais buscadas pela moda atual: “O manteiga vai preenchendo todos os requisitos para dizer que é uma cor forte”.

Para todas as estações: desfile da conceituada marca francesa Hermès traz o jaune beurre em lugar de destaque (Crédito:@herme)

Em busca da delicadeza: o branco clássico é substituído em pintura conhecida como francesinha (Crédito:@heluviee)
Criadora de conteúdo de luxo Hannah Strafford-Taylor no Hôtel du Cap-Eden-Roc, na França. Acima, a influenciadora brasileira Taís Barreto (Crédito:@hannahstraffordtayl)
Babados e aplicações: a cor pálida ganha brilho nos palcos internacionais com a cantora Sabrina Carpenter (Crédito:@sabrinacarpEnter)

 

Feminilidade: a modelo Hailey Bieber posou de look yellow buttermilk para foto de postagem que anuncia a reta final da gravidez (Crédito:@haileybieber)

Todos os louros

Fato curioso é que na França, país tão afeiçoado à moda como ao alimento derivado do leite que dá nome à coloração, a manteiga – a natural, feita à base de creme de leite e sal, sem corantes – muda de cor de acordo com as estações. Amarela no verão, mais solar, torna-se esbranquiçada no inverno.

A equação é simples, como explicou um artigo do especial Elle À Table France: no frio, as vacas têm acesso limitado a pastagens frescas e ricas em betacaroteno, substância que garante pigmento ao leite.

Por falar em comida, é cada vez maior a referência à alimentação nas novas paletas. “Temos cores consolidadas na nossa cultura, como creme, vinho e chocolate, mas vemos a relação se expandindo. Agora se fala em aveia, abacate, pistache e na própria febre do inverno, o vermelho-cereja”, diz Taís.

O olfato e o paladar, sentidos complementares à visão, colaboram para a associação direta da maioria. “As pessoas compreendem melhor amarelo manteiga do que amarelo de baixo contraste, ou vermelho-cereja a vermelho fechado.”

E ela vai além, ao relacionar diferentes momentos da vida e horários do dia a cada cor: “O amarelo manteiga pode lembrar um café da manhã com calma, uma visita na casa da avó. O vinho remete a momentos de confraternização e sociabilidade”. E complementa: “São associações inconscientes que vão construindo sentido e significado, e, no caso da moda, desejo e vontade de usar”.