País tem 1,8 milhão de jovens que querem votar pela primeira vez. Fortalecerão a democracia?
Por Antonio Carlos Prado
Dados divulgados na semana passada pelo TSE sobre eleitores neófitos: 1.836.081 jovens de 16 e 17 anos de idade estarão aptos a votar pela primeira vez nas próximas eleições municipais, o que significa um aumento de 78% em relação às eleições de 2020. O País abriga 5,8 milhões de pessoas nessa faixa etária. Uma vez que não existe a obrigatoriedade legal para que cidadãos de 16 e 17 anos compareçam às urnas, o marcante aumento no número dos que desejam ser portador de título de eleitor é um bom sinal político para o País: sem política não há democracia e é pela política que se debate e se tenta a solução de divergências ideológicas para salvaguarda da própria democracia – assim, no campo teórico o Brasil está bem; resta saber, agora, se esses eleitores recém-saídos da adolescência, que constitucionalmente trazem o direito de optarem por qual candidato quiserem (e, de fato, somente dessa forma se elegem governos legítimos), investirão de mandatos os postulantes democratas ou aqueles que tendem a extremismos à direita ou à esquerda.
LIVROS
No dia a dia com os reis do rock
Tony Sanchez trabalhou como fotógrafo oficial dos Rolling Stones e secretário particular e assistente pessoal de Keith Richards nas décadas de 1960 e 1970, com certeza o período mais criativo da banda. Sanchez conheceu na intimidade o grupo, suas glórias, idiossincrasias, seus fracassos, os bons e maus momentos de temperamento de cada um dos integrantes. Eis um motivo mais que suficiente para os fãs de rock e dos Rolling Stones não deixarem de ler o excelente livro de Sanches, intitulado Eu fui traficante de Keith Richards (editora Sapopemba). A obra destaca a convivência diária do autor com os guitarristas Keith e Brian Jones. Há também histórias relacionadas ao grande ídolo Mick Jagger – e, é claro, não poderiam faltar intrigas, desavenças e ciúme entre os integrantes da melhor banda de rock em todo o mundo, após a dissolução dos The Beatles. Em algumas passagens, Mick Jagger é caracterizado como um homem extremamente ambicioso, a ponto de esnobar diversas pessoas conforme ia – e continua – acumulando sua fortuna. O livro é ótimo para quem gosta ou não de rock. E indispensável aos adeptos desse gênero musical e admiradores da banda.
TECNOLOGIA
Zagaia tempore
Muito tem se ocupado a mídia do caos cibernético que paralisou atividades de primeira ordem em praticamente todo o planeta. As suas causas, cujas consequências são chamadas de apagão na informalidade tecnológica, foram falhas na atualização de um programa antivírus da empresa de segurança digital norte-americana CrowdStrike, utilizado nos sistemas da Windows pela Microsoft. Não é para menos, portanto, que disso muito tenha se ocupado a mídia global. Na totalidade da Terra (e houve terráqueo dizendo que se tratava de uma invasão de marcianos) foram afetados hospitais, aeroportos, sedes de governo, redes de televisão, bancos e a maioria de serviços essenciais. O balanço feito pela Microsoft é água na fervura: ela calcula que o apagão atingiu 8,5 milhões de dispositivos, menos de 1% do total. A mídia pouco se ocupou, no entanto, da raiz do problema. Qual é ela? É o excesso de concentração de estratégicos poderes em mãos de uma única empresa, e isso em um mundo cada vez mais compartilhado. É zagaia tempore. Pouco tratou a mídia da mais lúcida fala a respeito do episódio, advinda de Lina Khan, presidente da Federal Trade Comission: “Esses incidentes revelam como a concentração pode criar sistemas frágeis”. Pelo menos trezentas das principais empresas dos EUA estão sob cuidados da CrowdStrike, além de setores vitais à segurança dos norte-americanos. Resumo da ópera: chegamos ao máximo de sofisticação tecnológica e ainda não aprendemos a receita caseira da vovó: colocar os ovos em uma só cesta é correr o risco de perdê-los todos.