Cortando na carne

Crédito: Ton Molina

Simone e Haddad estão alinhados: o Brasil não pode gastar mais do que arrecada (Crédito: Ton Molina)

Por Germano Oliveira

Embora Lula e Rui Costa (Casa Civil) ainda não estejam convencidos da necessidade de cortes nos gastos para equilibrar as contas públicas, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) nunca estiveram tão unidos como estão agora na elaboração de um plano para contenção de despesas para garantir as metas do arcabouço fiscal. O presidente acha que se a dívida aumentar um pouco não tem problema, desde que o governo gaste mais para atender os pobres. Ocorre que isso é tudo o que o mercado não quer ouvir: o crescimento da dívida interna fatalmente levará a juros maiores, inflação acima da meta e desvalorização acentuada da moeda. Por isso, o mercado viu com bons olhos o congelamento de despesas dos R$ 15 bi anunciados por Haddad na semana passada.

Uma Justiça mais ágil

(Divulgação)

Em evento no Lide na segunda-feira, 22, o ministro Alexandre de Moraes (STF) defendeu o uso de Inteligência Artificial (IA) para agilizar processos. Na opinião do ministro, a IA pode ser uma arma importante para trazer celeridade à resolução dos processos. O debate foi coordenado pelo ex-governador João Doria e contou com a presença também do ex-presidente Michel Temer, que criticou o ativismo judicial.

Obras

Apesar dos contingenciamentos, o governo ainda não detalhou quais setores sofrerão cortes. A tendência é que os alvos sejam projetos do PAC que ainda não saíram do papel. Ou outros menos prioritários. Um deles poderia ser a Calha Norte, da Defesa. Mas despesas nos ministérios da Cidadania, Desenvolvimento Regional e Transportes estão na mira.

Social

Por mais que o Bolsa-Família seja a menina dos olhos do presidente, Simone tem dito que alguns gastos com o programa precisam ser revistos, pois há pessoas que não precisam mais continuar recebendo por terem arrumado emprego ou simplesmente porque há uma série de fraudes no pagamento do benefício. O mesmo estaria acontecendo com o BPC.

Rápidas

Enquanto o Senado empurra com a barriga uma solução para a desoneração da folha de pagamento de 19 setores e dos municípios com até 156 mil habitantes, o STF precisou intervir no assunto e o ministro Edson Fachin prorrogou até 11 de setembro o prazo para um entendimento.

O atual ministro para a Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, já dá como missão cumprida seu trabalho à frente da restauração dos serviços básicos do estado e prepara-se para reassumir a Secom.

Foi dada a largada nas convenções que escolheram os candidatos a prefeito. Lula passou o sábado, 20, nos palanques de seus aliados em São Bernardo e em São Paulo. No Rio, Eduardo Paes confirmou sua candidatura à reeleição.

Arthur Lira admite a possibilidade de ter candidato único para a sua sucessão.“Temos três ou quatro candidatos, mas vaga de presidente só temos uma”, disse Lira, afirmando que deseja um candidato de consenso.

Retrato falado

Bernard Appy: “O problema é que, cada vez que um setor consegue uma alíquota reduzida, está jogando a conta para outros” (Crédito:Divulgação )

O secretário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, está preocupado com a possibilidade de que a regulamentação da reforma em discussão no Senado possa ultrapassar os 26,5% fixados como alíquota padrão, sobretudo
em razão das concessões para alguns produtos. Diz que o governo havia estimado que a inclusão das carnes na cesta básica faria a alíquota subir para 27,03%. Agora, serão feitos cálculos para se ver o impacto de outras isenções.

Um passo atrás

Que o governo Bolsonaro fez de tudo para destruir o País, todos sabemos. Mas uma das poucas coisas positivas que o então ministro Paulo Guedes desenvolveu foi a privatização da Refinaria de Mataripe (BA), pertencente à Petrobras. Afinal, poucos países investem em refinarias, de olho nas energias renováveis. A questão é que o governo petista, com seu nacionalismo exacerbado, quer agora recomprar a refinaria que está em poder da Acelen, com capital árabe do Fundo Mubadala. A Petrobras vendeu a refinaria por R$ 9 bi, em 2021, e, agora, a Acelen quer mais do que pagou, alegando ter feito melhorias e é isso que está emperrando o fechamento do negócio.

Reestatização

Além da recompra de Mataripe, o governo anunciou, no ano passado, a reestatização da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), que havia sido vendida por Bolsonaro em 2022 por R$ 167,3 milhões. Lula tem criticado também a perda de controle de empresas como a BR Distribuidora e a Eletrobrás.

O plano de Lula

Um assessor próximo a Lula revelou que um dos principais projetos do PT para 2026 é eleger um grande número de senadores, para fazer a maior bancada no Senado e presidir o Congresso. Lula acha isso mais importante do que eleger vários governadores. O presidente está convencido de que apenas assim o governo deixará de ser refém do Parlamento.

Senador Randolfe Rodrigues (Crédito:Andressa Anholete)

Mais uma estrela

E é dentro desse contexto que o PT já começa a reforçar sua bancada de senadores. Na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do governo no Congresso, anunciou a filiação ao PT. Ele foi eleito pela Rede, da Marina Silva, mas ficou quase um ano sem partido, optando pelo PT a pedido de Lula. A legenda já tem nove senadores.

O RH e os impactos na saúde mental

(Andressa Anholete)

Os desafios vividos pelos profissionais de Recursos Humanos têm impactado a saúde mental. É o que diz o levantamento “Dores e Desafios do RH”, realizado pela Onze, fintech de Saúde Financeira e Previdência Privada. Após ouvir 517 profissionais, a pesquisa constatou que 43% dos entrevistados desenvolveram ansiedade no último ano, segundo Fernanda Cortez, coordenadora de Pessoas da Onze.

Toma lá dá cá

Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda (Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Qual é o modelo do novo desenvolvimento que o sr. propõe no livro que está lançando?
O primeiro artigo da Teoria Novo-Desenvolvimentista, de 2001, fazia uma crítica cerrada à alta taxa de juros, mostrando que seu nível era mais alto do que o necessário para controlar a inflação.

Como avalia o dilema do governo, que precisa cortar gastos, mas o presidente é refratário à ideia?
O Brasil precisa cortar gastos para interromper o crescimento da dívida, mas concordo com o presidente: o ajuste não deve ser pago pelos mais pobres.

Como vê as críticas de Lula ao BC?
Lula tem razão em criticar o presidente do BC, que hoje é o líder da coalizão financeiro-rentista que domina o País e captura o