As estrelas olímpicas do Brasil: veja quem tem mais chance de medalha em Paris
Brasileiros estão cotados para levar 22 medalhas nos primeiros Jogos pós-pandemia. Muitos atletas se destacam no torneio, prometendo um belo espetáculo para a torcida
Por Maria Ligia Pagenotto
O Brasil estreou bem na primeira Olimpíada marcada pela igualdade de gênero entre os atletas. O handebol feminino bateu a Espanha por 29×18 na quinta (25), para alegria dos torcedores deste evento, o primeiro pós-pandêmico. Ao contrário do Jogos de Tóquio, em 2021, Paris está cheia de gente nas ruas e nas arquibancadas ávida por aplaudir os atletas. Entre esse público, vários torcedores do Brasil – mais de 57 mil adquiriram ingressos, segundo o Comitê Olímpico Brasileiro.
A julgar pelos nomes que integram a competição, não faltarão estrelas de primeira grandeza para abrilhantar o espetáculo e agradar a essa torcida disposta a fazer barulho.
No cálculo geral, segundo a revista americana Sport Illustrated (SI), o Brasil tem chances reais de ganhar 22 medalhas – uma a mais do que na última competição.
Na conta da SI, serão:
• cinco de ouro,
• oito de prata,
• nove de bronze.
Como pela primeira vez o País terá uma delegação composta em sua maioria por mulheres – 153 entre 274 atletas no total –, estão com elas também os principais destaques.
• Aos 38 anos, a veterana Marta Silva, a “Rainha Marta”, é uma das estrelas que mais devem brilhar nesse evento. Ela entrou em campo nesta quinta (25), antes da abertura oficial dos Jogos Olímpicos, contra a Nigéria. Por sua trajetória, Marta é também a atleta mais lembrada na constelação de brasileiros. Com sua camisa 10, ela já entrou para a galeria das lendas do futebol no País.
Considerada a maior jogadora de todos os tempos, recebeu seis vezes o título de melhor do mundo. Com duas medalhas de prata em Jogos Olímpicos (Atenas 2004 e Pequim 2008), Marta faz em Paris sua sexta participação nas Olimpíadas, almejando o ouro antes de sua, provavelmente em breve, despedida dos campos.
Para se tornar a artilheira máxima da história do torneio, ela tem que fazer dois gols na França – atualmente ela soma 13 bolas nas redes em sua carreira olímpica. Mas, com apenas um, Marta deixa outro marco nesses jogos: será a única atleta a fazer gols em seis edições das Olimpíadas. Chegando ao pódio, ela conquistará o título de a mais velha atleta a ganhar ouro jogando futebol.
• Rebeca Andrade, concorrendo em ginástica artística e em salto, foi apontada como favorita para a medalha de prata pela revista americana. Em Tóquio, Rebeca ficou com ouro em salto e prata no individual geral. Mas, mesmo nos EUA há quem aposte que a brasileira tem chance de vencer Simone Biles, sua principal oponente: esta semana, o canal de TV NBC News afirmou que Rebeca é a principal ameaça à americana nesta Olimpíada.
Adversárias que se respeitam e até torcem uma pela outra, as ginastas já dividiram o pódio em cinco provas no Mundial de Ginástica Artística da Antuérpia, em 2023. Na atual versão dos Jogos, é muito grande a expectativa por esse embate.
Euforia
• Esbanjando talento e carisma, o ouro para Rayssa Leal é praticamente unanimidade entre as previsões. “Fadinha”, de 16 anos, é a mais jovem medalhista olímpica do Brasil. Em sua estreia, com apenas 13 anos, ela ganhou prata em Tóquio, já bateu recordes e venceu diversas provas. Sem dúvida, desponta como a maior esperança por medalhas no skate street. Em Paris, promete uma surpresa ao público.
• Na cotação da Sport Illustrated, o ouro deve ir também para as mãos de Bia Ferreira (boxe), de Ana Patrícia e Duda (vôlei de praia) e da seleção masculina de vôlei.
• Aos 31 anos, a boxeadora Bia (60kg) é medalhista de prata em Tóquio, bicampeã dos Jogos Pan-Americanos (2019 e 2023) e bicampeã mundial amadora (2019 e 2020). Se chegar lá, será uma bela despedida, pois talvez essa seja sua última participação em Jogos Olímpicos, conforme anunciou.
• O surfe é outra modalidade em que o Brasil está bem representado. Gabriel Medina, 30 anos, é tricampeão mundial e Filipe Toledo, de 29 anos, tem dois títulos mundiais, o último conquistado em 2023. As provas serão disputadas na Polinésia Francesa, no Taiti, país da Oceania.
A SI aposta ainda no atleta Gabriel Medina, embora algumas projeções apontem Filipe Toledo, como favorito ao pódio.
Com estilos diferentes, ambos são tidos como referências. Vale ressaltar ainda que eles são os únicos brasileiros que conseguiram vencer, mais de uma vez, o circuito mundial da World Surf League (WSL).
• Na lista das medalhas de prata da Sport Illustrated está Marcus D´Almeida, do tiro com arco, que estreou na quinta (25) ao lado de Ana Luiza Caetano, na mesma modalidade. A pontuação levou a brasileira para a 19ª posição no ranking entre 64 atletas. Marcus ficou na 17ª.
• E quem busca torcer com euforia nesta Olimpíada, disposto a redimir o silêncio de quem torceu sozinho nos últimos Jogos, deve também direcionar as vibrações para o canoísta Isaquias Queiroz, outra estrela prevista para brilhar.
Aos 30 anos, ele já levou o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e conquistou o pódio com duas medalhas de prata e uma de bronze no Rio, em 2016. Esse feito fez dele o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos. Por sua história de superação (perdeu um rim quando criança), ao lado de Raquel Kochhann (sobrevivente de um câncer), uma das líderes da seleção de rúgbi, Isaquias levará a bandeira do Brasil na abertura das Olimpíadas. Mais um momento de êxtase para o atleta.
À frente da canoagem de velocidade, considerado um dos esportes olímpicos mais emocionantes, Isaquias planeja não decepcionar as previsões em torno de seu nome: ele não tem outra meta a não ser levar a medalha de ouro de Paris para casa.
Que as apostas todas não falhem.