O ódio mata
Por Germano Oliveira
A vida está se tornando impraticável em todos os cantos do mundo. O ódio toma conta das pessoas, quer nas relações pessoais e familiares ou nas questões da geopolítica internacional e no relacionamento entre os povos. A intolerância é a marca do período que vivemos. É a direita contra a esquerda (ou vice-versa), é o nós contra eles e é a política do atira primeiro e pergunta depois.
Ninguém mais quer ouvir o que o outro tem a dizer, o bom senso não existe mais e hoje o que prevalece é a posição do mais forte, o que só faz aumentar o número de oprimidos e desvalidos. Tem aumentado, também, o número das vítimas do ódio por ideologia: quem pensa diferente precisa ser “eliminado” nas redes sociais ou mesmo no sentido estrito da palavra, com o uso de armas.
Resultado dessa intransigência pode ser visto na polarização exacerbada que acontece no mundo inteiro. Até nos Estados Unidos, onde há a democracia mais sólida do planeta, o clima é de beligerância. Biden e Trump substituíram o debate de ideias por ataques pessoais, ofensas de lado a lado, contaminando o ambiente eleitoral, a tal ponto de um jovem de 20 anos (Thomas Matthew Crooks) ter sido estimulado a adquirir um rifle AR-15 para tentar matar o ex-presidente americano num palanque na Pensilvânia.
A polarização é latente também na Europa, que acaba de sair de eleições legislativas para o Parlamento, e na troca de poder na Inglaterra e França, onde as divergências vão além do campo ideológico, com ameaças da direita contra os imigrantes africanos e argelinos, numa xenofobia cada vez mais vergonhosa, repetindo o que acontece nas fronteiras dos EUA contra a entrada de latinos pelo México.
Mas o ápice dessa intolerância é atingido nas guerras, como a da Rússia contra a Ucrânia e na de Israel contra o Hamas. Nas duas frentes de combate, o que se vê é o mais forte massacrando o mais fraco. A Rússia pretende esmagar os ucranianos e só ainda não o fez graças à ajuda dos países da Otan e à aguerrida posição de Zelensky no conflito. No Oriente Médio, o que se vê é a força bruta de Netanyahu triturando os indefesos palestinos, com o assassinato de mais de 40 mil pessoas, sobretudo mulheres e crianças.
No Brasil, o Fla X Flu entre a esquerda e a direita também tem sido altamente prejudicial para a democracia. Não fosse a altivez de comandantes das Forças Militares, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria conseguido jogar o País em um novo período de ditadura, onde certamente muitos seriam presos, torturados e mortos. A política do ódio tem nos levando a crimes bárbaros, como o que matou a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, causando momentos de intranquilidade e insegurança.