Cultura

Séries retratam as experiências vitoriosas e dolorosas dos atletas olímpicos

A poucos dias do início da Olimpíada de Paris, plataformas exibem documentários sobre os bastidores de grandes conquistas esportivas que revelam como seus protagonistas são personagens ainda mais incríveis do que se imaginava

Crédito: Kerem Yucel

Simone Biles: do colapso ao treinamento pesado para voltar a ser a maior do mundo (Crédito: Kerem Yucel)

Por Felipe Machado

Em 2020 a ginasta norte-americana Simone Biles ganhou manchetes em todo o mundo ao desistir de competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio para focar em sua saúde mental — é mais ou menos como se um craque da Seleção Brasileira de futebol se recusasse a bater um pênalti na final de uma Copa do Mundo. Agora, a menos de um mês da Olimpíada de Paris, na França, a atleta finalmente decidiu falar sobre o assunto. Mas não escolheu um talk-show de grande audiência ou um programa de celebridades: ela é a estrela de Simone Biles: Rising, série documental em quatro episódios produzida pela Netflix.

Dirigida por Katie Walsh, não só demonstra sua busca pela excelência atlética, como aborda de forma corajosa a jornada pessoal em defesa do equilíbrio psíquico.Uma das maiores ginastas de todos os tempos, ela emerge não apenas como uma campeã no esporte, mas como um ícone de resiliência e determinação.

A contagem regressiva para Paris 2024 inspira produções que não celebram apenas o espírito competitivo, mas as incríveis histórias de vida por trás dos protagonistas.

Além da obra inspirada em Simone Biles, a Netflix firmou parceria com o Comitê Olímpico Internacional (COI) em outras duas produções;
 uma com foco no atletismo,
outra no basquete.

Sprint acompanha a preparação dos humanos mais rápidos do mundo. Narra a trajetória dos maiores velocistas da atualidade ao longo dos campeonatos mundiais de 2023, com destaque para Sha’Carri Richardson, Noah Lyles e Shericka Jackson, entre outros. Lembra também nomes lendários como Usain Bolt, o único atleta na história a tornar-se tricampeão em duas modalidades de pista de forma consecutiva (100 e 200 metros rasos) e bicampeão também, por duas vezes seguidas, no revezamento de 4×100 metros — ganhou, ao todo, oito medalhas de ouro em provas de velocidade, um recorde absoluto na história. A segunda temporada de Sprint terá um toque de reality show: será filmada durante a Olimpíada, com os corredores competindo em tempo real.


Sprint: Série narra a trajetória de promessas e lendas do atletismo, como o jamaicano Usain Bolt (Crédito:Olivier Morin)

E quem não se lembra do temido Dream Team? A equipe de basquete dos EUA na Olimpíada de Barcelona, em 1992, jamais foi igualada. A série Seleção Americana de Basquete traz os candidatos a medalhas e jovens promissores no esporte. Além do acesso exclusivo a bastidores e vestiários, a história de como o basquete se tornou tão popular no mundo inteiro será explorada por meio de suas lendas — entre elas, o próprio Dream Team.

O importante é competir

“Essas produções oferecem um retrato íntimo da vida dos atletas olímpicos, apresentando enredos inspiradores e perspectivas únicas”, afirmou Jérôme Parmentier, vice-presidente de mídia do COI. A demanda levou o comitê a criar uma plataforma exclusiva para o tema. Sport. And More than Sport é uma iniciativa destinada a exibir as competições e o impacto emocional e social da Olimpíada.

Os Últimos 12 Dias: filme mostra a despedida de Roger Federer, considerado por muitos o melhor tenista de todos os tempos (Crédito:Ray Tang)

O primeiro episódio começa nas ruas de Paris e conta com a presença da espetacular ginasta romena Nadia Comaneci — a primeira a receber uma nota dez, a pontuação perfeita.

Há outro espectro das sagas olímpicas que não traz o glamour das estrelas, mas que é ainda mais emocionante. We Dare to Dream, dirigido pela síria Waad al-Kateab, revela histórias comoventes de atletas refugiados que encontraram nos Jogos um local para competir e dar voz a suas experiências pessoais. Anjelina Nadai Lohalith (Sudão do Sul), Cyrille Tchatchet II (Camarões), Kimia Alizadeh (Irã) e Wael Fawaz Al-Farraj (Síria) representam a perseverança diante da adversidade e revelam-se fortes símbolos de esperança.

Esses personagens revelam um significado mais profundo da importância da Olimpíada. Em um mundo obcecado pela vitória e pelo sucesso, eles personificam temas universais de resiliência, pertencimento e superação. Afinal, quando falamos de Olimpíada é sempre bom lembrar que “o importante não é vencer, é competir”, como dizia o Barão de Coubertin.


Michael Jordan, dos EUA, faz cesta na Olimpíada de Barcelona, em 1992: o maior time da história do basquete (Crédito:Dimitri Messinis)