Comportamento

Especialização de veterinários cresce com o aumento do mercado pet no Brasil

De acupunturistas a fisioterapeutas, sobe o número de médicos de animais dedicados a práticas específicas. Atenção dos profissionais à saúde e bem-estar aumenta a qualidade de vida dos bichos

Crédito: Rogério Albuquerque

A veterinária Tabatha Novikov e a pastor de Shetland Pretinha: aplicações de acupuntura e moxaterapia alcançam resultados positivos (Crédito: Rogério Albuquerque)

Por Ana Mosquera

O Brasil já é o terceiro país do mundo em faturamento na venda de produtos para pets, mas engana-se quem pensa que o setor só dá atenção ao comércio. A área da saúde também passa por uma revolução: a variedade de profissionais especializados em enfermidades específicas, assim como em terapias integrativas, já é bastante expressiva e cresce cada vez mais no País.

Hoje não é privilégio dos seres humanos serem atendidos por oftalmologistas, oncologistas, dermatologistas, nutricionistas ou fisioterapeutas, assim como acupunturistas e especialistas em outras práticas terapêuticas alternativas. O objetivo de todos eles é o mesmo — cuidar da saúde e promover uma melhor qualidade de vida aos animais. O esforço em garantir o bem-estar não está limitado às sessões: os profissionais não apenas orientam os tutores quanto às práticas a serem aplicadas em casa, como encaminham os bichos a outros profissionais.

Para a veterinária Tabatha Novikov esses são movimentos mais abrangentes, e a parceria entre os médicos de animais é fundamental para a saúde e a cura dos pets. Ela tem pós-graduação em medicina tradicional chinesa e especialização em três terapias – canábica, neural e hormonal bioidêntica nanoestruturada transdérmica.

Os tratamentos de nomes complexos abrangem diversas enfermidades, com respostas que variam conforme o histórico do paciente em questão. Enquanto a terapia neural atua com eficiência no sistema autônomo, a hormonal bioidêntica busca repor substâncias iguais às que os animais produzem naturalmente, a fim de equilibrar organismos com deficiências provenientes da castração, traumas, doenças e alimentação inadequada. “Grande parte do desequilíbrio se dá porque os animais são castrados, o que pode causar problemas endócrinos, neurológicos e ósseos, interferindo em seu desenvolvimento ao longo da vida”. explica Tabatha.

As terapias visam a melhoria na saúde como um todo, englobando a recuperação física e emocional e favorecendo a autorregulação do organismo como um todo. “É como uma pessoa que cai no box e, com receio de caminhar, passa a andar torto, o que continuará causando desequilíbrios na estrutura óssea articular”, compara ela. “Com a acupuntura, é possível trabalhar meridianos associados à dor, mas o tutor precisa modificar o ambiente. Alguns trocam até os pisos das casas. O ciclo do medo precisa ser quebrado com segurança.”

Somado aos suportes terapêuticos, é importante considerar a socialização entre animais da mesma espécie e uma alimentação natural e saudável adequada a cada um deles. “Isso garante o equilíbrio físico-emocional dos bichos. A acupuntura e as terapias facilitam, principalmente quando integradas a um conjunto de fatores.”

A fisiatra Lígia Vicentini: animais respondem bem aos estímulos, uma vez que o tratamento alivia as dores (Crédito:Divulgação )

“Por não contar com o fator psicológico de duvidar se algo vai dar certo, o animal costuma reagir muito rápido às terapias.”
Tabatha Novikov, veterinária

Parceria fundamental

Lígia Vicentini é veterinária fisiatra — definição dada ao profissional que é médico e fisioterapeuta animal — e atende principalmente animais de pequeno porte, como cães e gatos, em domicílio.

Segundo ela, as principais queixas dos tutores com relação aos animais são:
dificuldade de locomoção e menor disposição ao passear,
quadros de dor, causados não só por alterações ortopédicas e neurológicas, como em decorrência de idade avançada e cirurgias.

De acordo com a experiência da médica, a reação dos animais aos estímulos costuma ser positiva. “A maioria acaba se adaptando bem e até gostando, pois as técnicas utilizadas proporcionam alívio e conforto.”

O relaxamento, contudo, pode ser otimizado com alguns atrativos. “O uso de petiscos torna os bichos bem mais cooperativos”, confessa ela.

O crescimento do mercado pet, segundo Lígia, contribuiu para uma maior valorização da saúde dos animais domésticos e a busca por tratamentos ultrapassou os casos críticos, como paralisias e períodos pós-operatórios. “Além dos colegas veterinários indicarem as práticas com maior frequência, os tutores buscam as especialidades para garantir o bem-estar e a longevidade dos pets.”

Cuidados especiais

Alimentação
Aliada das terapias: dieta saudável é proposta por nutricionistas como opção às rações da indústria

Felinos
Comportamento peculiar: especialistas estudam desde a linguagem corporal até o relacionamento com os cães

Exercícios
Personal trainer: natação e caminhada estão entre as ofertas recomendadas por profissionais