Haddad, o ministro imexível

Crédito: Ton Molina

Haddad sofre restrições até de companheiros de governo, mas hoje ele é indispensável (Crédito: Ton Molina)

Por Germano Oliveira

Haddad está sob fogo cruzado por parte de companheiros de partido e, sobretudo, de aliados no Congresso, que querem gastar mais do que o País suporta. Entre esses responsáveis pelo fogo amigo, estão ministros que desejam expandir emendas e esticar o Orçamento além do limite, comprometendo as contas públicas, mesmo que isso implique na instabilidade econômica, com maior inflação e juros mais altos. Entre os que almejam gastar mais estão o próprio Lula, embora ele tenha dado declarações de apoio ao ministro na semana passada, quando viu que ele enfrentava uma fritura insuportável, no seu pior momento à frente do ministério. Lula percebeu que estava ruim com ele, mas que seria pior sem ele. E procurou garantir a presença de Haddad como o homem forte de seu governo.

Bancos

A situação de Haddad ficou tão delicada que até a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) precisou sair em seu socorro, prestando-lhe homenagem, ao dizer que “é hora de estender a mão a Haddad”, conforme disse Isaac Sidney, presidente da entidade. Isso aconteceu em meio aos ataques sofridos no Senado por causa da equivocada MP da desoneração.

Cortes

Por ora, quem está ao lado de Haddad é Simone Tebet (Planejamento), que está ajudando o ministro da Fazenda a elaborar um projeto para um profundo corte de despesas públicas, que pode atingir até as pensões de militares, e, com isso, controlar as contas da União: “Será uma ampla, geral e irrestrita revisão do gasto público”, disse Haddad.

Está no forno

A PF deve concluir este mês duas investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro:
uma sobre a falsificação de vacinas;
a outra sobre a venda ilegal de jóias do governo no exterior.
As informações são do diretor-geral da instituição, Andrei Rodrigues. Os inquéritos serão entregues ao PGR, Paulo Gonet, que dirá se aceita ou não as denúncias. Depois, vão para o ministro Alexandre de Moraes.

Rápidas

Passou da medida. Os professores federais estão há dois meses em greve e não há o que os faça voltar às aulas. O governo não quer dar aumento para 2024 e acena com reajuste de 9% divididos entre 2025 e 2026. Já os docentes querem 22,71% para serem diluídos entre 2024 e 2026.

Juscelino Filho (Comunicações) está deixando Lula em uma situação desconfortável. Acusado de uma série de desvios de dinheiro público, o ministro balança no cargo há meses e o presidente não tem coragem de demiti-lo.

Em meio ao bate-cabeça de ministros, José Guimarães, líder do governo na Câmara, diz que não se sente bem no cargo que tem como função negociar com um Congresso conservador e que o coloca diariamente com a faca no pescoço.

Se depender de Rodrigo Pacheco, a proposta de Sóstenes Cavalcante que torna o aborto mais grave do que homicídio, não terá rito rápido no Senado. Mesmo que passe no Parlamento, o STF a declarará inconstitucional.

Retrato falado

Alexandre Padilha: “Não contem com o governo para essa barbaridade” (Crédito:Gil Ferreira)

Alexandre Padilha (Relações Institucionais) ficou estarrecido com a decisão da Câmara de aprovar urgência para colocar em votação a proposta do tresloucado deputado Sóstenes Cavalcante, que está propondo mudar a legislação e permitir que a mulher que praticar aborto após 22 semanas de gestação, mesmo em caso de estupro, tenha uma pena de 20 anos de prisão, enquanto o estuprador possa ser condenado a apenas 10 anos de cadeia. Uma aberração, condenada por todos.

Pressão inflacionária

Enquanto Lula e outros desenvolvimentistas pedem juros mais baixos, a inflação dá sinais de que ela não está inativa. Em maio, os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram 0,46%, acima dos dados registrados em abril (0,38%). Segundo o IBGE, o resultado foi pressionado pelos preços dos alimentos, devido aos impactos da tragédia do Rio Grande do Sul, que prejudicou safras, sobretudo as de arroz. Não foi por outra razão que Porto Alegre registrou a maior inflação entre as regiões metropolitanas (0,87%). A inflação de 0,46% alcançada no País ficou acima das projeções do mercado. Os analistas estimavam uma alta média de 0,42% em maio.

Juros

E sempre que se fala em inflação, vem o risco de os juros subirem. A Selic estava em 10,50% ao ano até a reunião do Copom desta quarta-feira, 19, em que a taxa manteve-se estável, sem novo corte como os seguidores do presidente Lula esperavam. A tendência é que as taxas não subam até o final do ano.

Teste piloto

O governador Tarcísio de Freitas (SP) está agindo como piloto de testes para eventual candidatura à presidência da República em 2026. Na semana passada, reuniu, no Palácio dos Bandeirantes, seus principais assessores e chamou para o jantar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, hoje uma das autoridades mais respeitadas na economia.

(Gabriel Silva)

Um E.T.

Entre um elogio e outro, Tarcísio disse que Campos Neto “é um E.T.”, ou seja, uma figura do outro mundo e que o banqueiro poderia até ser seu ministro da Fazenda. Freitas já está, portanto, montando uma hipotética equipe para 2026. Vale lembrar que em 2018, quando foi candidato a presidente, Bolsonaro escorou-se em Paulo Guedes para se eleger.

Turma do bem

(Divulgação)

Mais de 5.700 consultas odontológicas foram realizadas em 119 cidades brasileiras, no início deste mês, pela ONG Turma do Bem, maior rede de voluntariado especializada do mundo, em parceria com a Colgate. O foco foi ajudar crianças entre 11 e 17 anos em situação de vulnerabilidade a receberem tratamento dentário gratuito, segundo Fábio Bibancos, presidente da entidade.

Toma lá dá cá: Eduardo Scarpellini, da Exm Partners

Eduardo Scarpellini, sócio da Exm Partners (Crédito:Divulgação )

Como avalia o novo Projeto da Lei de Falências em discussão no Congresso?
O projeto tem o potencial de fortalecer o ambiente de negócios no Brasil e de repensar os processos de recuperação judicial.

Quais setores da economia estão mais propensos a entrar em recuperação judicial?
Os setores de varejo e indústria ainda estão bastante suscetíveis às dificuldades financeiras ao longo do ano e por isso estão propensos a entrarem em recuperação judicial.

Qual balanço que faz das RJs no Brasil?
Nos primeiros meses do ano vimos o reflexo das dificuldades econômicas que muitas empresas estão enfrentando. É a junção do alto endividamento das empresas com o nível atual da taxa de juros.