Comportamento

Trabalho remoto chega aos motoristas

A startup alemã Vay desenvolveu o teledriving, carros elétricos controlados de forma remota em que o motorista fica no escritório da empresa, em uma espécie de simulador. Peugeot anunciou investimento de US$ 110 milhões.

Crédito: Markus Scholz

Motorista controla tudo por uma espécie de simulador no escritório da empresa, com volante, marcha, telas e caixas de som, transmitindo em tempo real (Crédito: Markus Scholz)

Por Bruna Garcia

A startup alemã Vay desenvolveu carros elétricos com a tecnologia de teledriving e já tem veículos circulando em Hamburgo e em Las Vegas, nos EUA. Eles são dirigidos à distância, e o motorista controla tudo por uma espécie de simulador no escritório da empresa, com volante, marcha, telas e caixas de som transmitindo tudo que está ao redor em tempo real. É como se fosse movido por um controle remoto gigante, em que o automóvel segue os comandos, transitando pelas ruas da cidade e recebendo passageiros e encomendas.

A ideia é otimizar e reduzir os custos operacionais de entregas e de transporte de passageiros. A Vay fechou uma parceria de US$ 110 milhões com a montadora francesa Peugeot para investir na tecnologia de direção à distância.

Agora, os motoristas de aplicativo dos locais onde a Vay está operando podem se candidatar para trabalhar no escritório o dia todo. Para quem gosta de dirigir, tem carteira de motorista e experiência relevante, basta se inscrever, passar por uma entrevista e uma sessão de treinamento prático. Se o condutor passar dessa fase, ele entra no treinamento da Academia Teledrive.

Os benefícios de carros com a tecnologia teledriving são:
• operar remotamente, diminuindo a necessidade de presença física de motoristas, o que pode ser útil em áreas com escassez de mão de obra ou para tarefas repetitivas;
facilitar a movimentação de veículos em operações de logística, como pátios de carros, aumentando a eficiência e minimizando deslocamentos desnecessários;
• melhorar a segurança rodoviária ao permitir a intervenção remota em situações de risco, como condições climáticas adversas ou em caso de falhas do motorista;
• reduzir custos com pessoal e possibilitar operações 24 horas por dia sem interrupções, além de potencialmente diminuir gastos com seguros ao reduzir acidentes.

Aluguel de carros, serviços de táxi ou carona, logística e transporte e serviços de emergência, como operar veículos em condições perigosas ou inacessíveis (Crédito:Divulgação )

Versátil e seguro

Tal tecnologia promete revolucionar diversas indústrias ao permitir operações mais eficientes. O teledriving da Vay permite que os veículos sejam operados tanto remotamente quanto fisicamente por um condutor no carro. Isso oferece flexibilidade para várias aplicações, incluindo serviços de porta a porta e redução de custos operacionais para empresas de compartilhamento e aluguel de automóveis. A adaptabilidade garante que os usuários possam experimentar tanto a condução tradicional quanto o gerenciamento remoto inovador, dependendo da configuração específica e dos serviços oferecidos pelo provedor do veículo.

Segundo o engenheiro e CEO da startup ZNIT, João Bruno Palermo, o teledriving e os carros autônomos são distintos principalmente na forma como são controlados. “O teledriving é operado remotamente por um humano, que usa câmeras e sensores para dirigir o veículo de uma localização distante. Já os autônomos, como os da Tesla, operam por sistemas avançados de inteligência artificial que permitem ao carro dirigir-se sozinho usando sensores, câmeras e dados de GPS sem intervenção humana direta”, informou.

Mas qual será a tecnologia mais segura? “Quanto a isso, ambos os sistemas têm suas vantagens. Autônomos podem eliminar erros humanos e são projetados para reagir otimamente a condições de tráfego. O teledriving ainda mantém um elemento humano no controle, o que pode ser vantajoso em situações complexas que a IA ainda pode não conseguir interpretar completamente. A escolha do modelo mais seguro dependerá do progresso das tecnologias e das regulamentações específicas para cada um”, disse Palermo.

A direção à distância tem várias aplicações comerciais em potencial, como em logística e transporte, aluguel de carros, serviços de táxi ou carona e em serviços de emergência, como operar veículos em condições perigosas ou inacessíveis, em áreas de desastre, sem colocar motoristas em risco. “Essas aplicações exploram a capacidade do teledriving de oferecer flexibilidade e segurança, expandindo as possibilidades de uso de veículos comerciais de maneiras inovadoras”, disse.

A inovação também pode ser integrada a serviços de entrega, permitindo que veículos sejam operados remotamente em rotas urbanas congestionadas ou durante horários de pico, reduzindo a necessidade de motoristas e otimizando a entrega. “O teledriving tem um grande potencial para transformar diversas indústrias, trazendo inovação e eficiência, especialmente em contextos em que a segurança e a otimização logística são cruciais”, completa.