Comportamento

O rio secreto que levou às pirâmides

A descoberta de um braço fluvial extinto do Rio Nilo pode ter facilitado a logística na construção dos monumentos egípcios

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Ahramat: evidências geológicas confirmam a existência do rio que facilitava o transporte dos enormes blocos de pedra (Crédito: Divulgação )

Por Bruna Garcia

Uma descoberta recente pode ajudar a desmistificar alguns dos mistérios mais antigos do Egito Antigo. Uma equipe de pesquisadores encontrou evidências de um braço perdido do Rio Nilo. Esse curso d’água extinto, denominado Ahramat – pirâmides, em árabe –, teria sido crucial para o transporte de materiais durante a construção das pirâmides de Gizé e Lisht, entre 4.700 e 3.700 anos atrás. A missão é liderada pela professora doutora egípcia Eman Ghoneim, da Universidade da Carolina do Norte, em Wilmington (UCNW).

O estudo, publicado na revista Nature, revela que o Ahramat fluía ao longo de um canal de 100 quilômetros, margeando cerca de trinta pirâmides e ligando-as à antiga capital egípcia, Mênfis.
A localização estratégica facilitava o complexo transporte dos gigantes blocos de pedra e outros materiais essenciais para a construção dos monumentos.
Os estudos revelam que as dimensões do rio seriam bastante expressivas, com mais de 60 quilômetros de comprimento e até 700 metros de largura.

“Nossa pesquisa oferece um mapa detalhado de um dos principais ramos antigos do Nilo e o conecta aos maiores campos de pirâmides do Egito”, diz Ghoneim. “Isso explica por que as pirâmides estão concentradas em uma região hoje árida e desértica”, declarou.

Evidências geológicas e sedimentares confirmam a existência do Ahramat e indicam que o rio teria secado gradativamente devido a mudanças climáticas e geológicas na região.

Além de facilitar a logística da construção, o Ahramat também teria desempenhado um papel importante na vida cotidiana dos antigos egípcios. O rio era um dos principais fornecedores de água para consumo, irrigação e pesca, além de servir como rota de comércio e comunicação.

A descoberta do Ahramat abre novas perspectivas para a compreensão da civilização egípcia e sua relação com o meio ambiente. Estudos futuros podem ajudar a identificar outros ramos perdidos do Nilo e revelar ainda mais segredos sobre a engenharia e a cultura do antigo Egito.