Comportamento

Jeans combina com sustentabilidade? Conheça marcas que não detonam o planeta

Menor uso de água na fabricação, reciclagem de peças e formação de designers: marcas e iniciativas contribuem para a sustentabilidade na produção do tecido existente há 150 anos, conhecido, em inglês, como denim

Crédito: Divulgação

Dos pés à cabeça: peças da grife IDA são confeccionadas com produtos biodegradáveis e amaciantes de fontes renováveis (Crédito: Divulgação )

Por Ana Mosquera

A notícia de que a confecção de uma calça jeans pode demandar mais de cinco mil litros de água assusta. O que pouco se fala é que, no Brasil, há um forte movimento para contornar o problema. A cooperativa Cotton Move transforma jeans reciclados em novos tecidos que retornam ao ciclo produtivo. Já a Denim City São Paulo, com sede na Holanda, realiza pesquisa e desenvolvimento de tecidos sustentáveis, além de atuar pela educação de novos profissionais. A própria Malwee possui uma calça produzida com um copo de água.

“É o melhor caminho para a indústria da moda”, diz Maria José Orione, docente de Pós-Graduação em Marketing e Comunicação de Moda do Istituto Europeo di Design (IED). “O reuso de água, assim como a diminuição de produtos químicos e outros resíduos trazem grandes retornos às empresas, cada vez mais alinhadas com o conceito de ESG”, refere-se ela, às práticas ambientais, sociais e de governança das organizações.


Detalhe: modelos tradicionais ganham estampas botânicas feitas à base de plantas, em azul-claro, em série lançada pela Levi’s (Crédito:Divulgação )

A redução do consumo de água para além das plantações – no Brasil se gasta cinco vezes menos nos campos de algodão, se comparado ao restante do mundo, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – é uma realidade em marcas do ramo.

A Levi’s, que criou a calça jeans há mais de 150 anos, possui uma política conhecida como waterless (sem água), que faz com que de 25 a 30% da produção utilize de 600 a 800 ml por peça. De nome WellThread®, sua linha ecológica se vale de algodão orgânico ou de transição cultivado por pequenos agricultores sustentáveis, além de corantes naturais.

A sustentabilidade, contudo, continua no cuidado com o tecido criado no final do século XVIII para vestir operários franceses e conhecido, em inglês, como denim. “O jeans não precisa ser lavado com frequência. Para estender a vida do produto, basta deixá-lo pendurado ao ar livre e com incidência luminosa”, diz Thiago Leão, gerente de merchandising da Levi’s Strauss no Brasil, Argentina e Uruguai.

Ecológica: jaqueta feminina faz parte da nova linha da empresa criada há 150 anos nos EUA pelo francês Levi Strauss (Crédito:Divulgação )
Socioambiental: peças descartadas por clientes em lojas de São Paulo serão doadas ou terão as fibras reaproveitadas (Crédito:Divulgação )
Atemporal: calças de corte reto são destaques na nova coleção WellThread® (Crédito:Divulgação )

A manutenção do ciclo ecológico vai além e termina no descarte correto das bermudas, calças, vestidos, jaquetas, coletes.

Em comemoração do Dia Mundial do Jeans, 20 de maio, a grife IDA criou uma ação de recolhimento de jeans usados, em caixas distribuídas pelas lojas de São Paulo e Recife. Após a data de 12 de junho, as peças serão doadas às pessoas em situação de vulnerabilidade social, como os atingidos pelas enchentes do Rio Grande do Sul, ou reaproveitadas na confecção de novas roupas, a partir de fibras recicladas.

Na linha própria de jeans sustentáveis, a marca foca no emprego de algodão com menor uso de pesticidas e em produtores que preservam a biodiversidade, além de fornecedores com selos de rastreabilidade relacionados a diferentes etapas do processo.

“O denim passa por inúmeros beneficiamentos para se ter um resultado final de cor, marcações e outros aspectos visuais, e é primordial manter fornecedores do tecido que priorizem técnicas de menor impacto ao meio ambiente”, diz Gabriela Machado, head de estilo da marca de moda responsável do grupo oáz.

Ganha-ganha: redução no consumo de água e foco em reciclagem são os pilares da marca de moda responsável do grupo oáz (Crédito:Divulgação )