Política judicializada

Crédito: Jefferson Rudy

Depois de Lira, agora é a vez de Rodrigo Pacheco abrir novo flanco na disputa entre os Poderes (Crédito: Jefferson Rudy)

Por Germano Oliveira colaboraram Marcos Strecker e Vasconcelo Quadro

Os políticos sempre reclamam que o Judiciário se intromete em outros Poderes. O problema é que os políticos recorrem aos tribunais por terem sido incapazes de solucionar as divergências com o diálogo. Desta vez, é o Executivo que apela à Justiça para equacionar suas demandas com o Legislativo. Derrotado várias vezes no Congresso por causa das desonerações, o governo recorreu ao STF pedindo a suspensão da medida. E o caso caiu com Cristiano Zanin. De pronto, o ministro concedeu liminar ao governo, criando mais uma crise entre os Poderes. O caso foi para plenário virtual e, quando estava 5 a 0, o ministro Luiz Fux pediu vistas, suspendendo a votação que seria favorável a Lula. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, esbravejou:“O governo está judicializando a política”.

Senado

Depois que Cristiano Zanin concedeu a liminar favorável ao governo, a advocacia do Senado entrou no Supremo defendendo a revogação da medida judicial, afirmando que o ministro não tinha competência para conceder a cautelar de forma monocrática e que a causa teria que ser conferida pelo plenário da Corte. Virou novo imbróglio entre os Poderes.

Impacto

O problema é que a equipe econômica entende que a classe política quer oferecer benesses no campo financeiro às empresas que acabam impactando as contas públicas. Ao desonerar os 17 setores da economia, o Congresso gera um rombo de R$ 15,8 bilhões somente este ano. Rodrigo Pacheco, que vinha sendo parceiro de Lula, deixou o tom conciliador.

Alckmin acelera

O vice levou na brincadeira a cobrança que Lula lhe fez na reunião ministerial, segundo a qual ele deveria ser mais rápido. Postou em suas redes sociais o personagem de desenhos animados o Papa-Léguas com seu rosto. Alckmin sempre teve um etilo próprio de trabalhar, com direito a contar “causos” aos seus interlocutores. Graças a isso, governistas têm pedido para ele auxiliar na articulação do governo.

Rápidas

Arthur Lira aumentou as mordomias dos deputados. Reajustou em 66,62% os valores que cobrem as diárias de viagens a trabalho realizadas por parlamentares e servidores da Casa dentro e fora do País. Entre as despesas, estão passagens de avião, ida e volta, para casa.

Apesar dos receios dos economistas com o descontrole de preços, a prévia da inflação de abril foi menor do que se esperava. O IPCA-15 divulgado na sexta-feira, 26, foi de 0,21%, um pouco abaixo dos 0,36% março.

• Enquanto Lula e Alckmin fazem de tudo para atrair a indústria automobilística para o Brasil, comprometendo-a a investir mais de R$ 110 bilhões no País, os especialistas da Fazenda incluem os carros no “Imposto do Pecado”.

Marco Antonio Villa, 1º suplente de deputado federal pelo Cidadania, que fez parte da coligação com o PSDB em 2022, quer a vaga de Carlos Sampaio, eleito pelo PSDB, mas que acaba de ingressar no PSD de Kassab.

Retrato falado

“Haddad, quem discute o Prêmio Nobel da Economia já está devendo dois prêmios para você” (Crédito:Evaristo Sa)

Após criticar Fernando Haddad por ele ler livros demais e não conversar com as lideranças políticas, Lula teve oportunidade de desfazer o mal-estar com o ministro. Em cerimônia em Minas Gerais na sexta-feira, 26, o presidente elogiou o trabalho da equipe econômica por ter feito dois programas de governo, o Desenrola e o Brasil Acredita. “Haddad, quem discute o Prêmio Nobel da Economia já está devendo dois prêmios para você. Você não foi indicado ainda, mas vai ser.”

A fome inexplicável

Pesquisa do IBGE revela que o Brasil tem 8,6 milhões de habitantes que passam fome. Isso em um País que é a oitava economia do mundo e o maior produtor mundial de alimentos. Só em bovinos, temos 200 milhões de cabeças, que ajudam a deteriorar o meio ambiente, mas são tratados melhor que muitos brasileiros. O que explica a nossa desigualdade. Essas pessoas fazem parte de um universo de 64 milhões de habitantes que não têm acesso aos alimentos para suprir todas suas necessidades. O quadro, medido em 2023, é melhor do que o de 2018, quando havia 10,3 milhões de famintos, mas ainda é pior do existente em 2013, ano em que havia 7,2 milhões de pessoas esfomeadas.

Bolsa Família

O fato de a situação ter melhorado de 2018 para 2023 deve-se aos investimentos na área social. Em 2022, com Bolsonaro, investiu-se R$ 90 milhões em programas sociais e, em 2023, distribuiu-se R$ 710 milhões em projetos de distribuição de renda, como o Bolsa-Família. Melhorou, mas a fome continua inadmissível.

Sigilo total

O governo impôs sigilo à carta enviada por Lula ao presidente Vladimir Putin, em março, com os cumprimentos pela reeleição do companheiro russo. A Casa Civil se nega a divulgar o teor da correspondência até mesmo com base na Lei de Acesso à Informação, afirmando que a carta foi escrita pelo cidadão Lula e não pelo presidente da República.

(Alexey Druzhinin)

Negócios à parte

Lula tem mostrado que apesar das sanções dos países da Otan aos russos, o Brasil quer manter as relações com Putin no melhor nível possível. Os negócios entre os dois países, que nas últimas duas décadas não passavam dos US$ 10 bilhões, em 2023 atingiram US$ 11,3 bilhões. Isso explica por que Lula não quer culpar Putin pela invasão à Ucrânia.

A nova GCM de São Bernardo

(Divulgação)

Com investimentos de R$ 9 milhões, a prefeitura de São Bernardo vai implantar novos equipamentos para auxiliar na eficiência das operações da comunicação digital de segurança urbana da GCM da cidade. O prefeito Orlando Morando explica que o sistema é um dos mais modernos do mundo. “Nenhuma guarda municipal do Brasil tem sistema como o que estamos adquirindo”, disse Orlando.

Toma lá dá cá: Rodrigo Cunha, líder do Podemos no Senado

Rodrigo Cunha, líder do Podemos no Senado (Crédito:Divulgação )

Por que o senhor quis participar da CPI da Braskem?
Foi com uma audiência pública de nossa autoria, no início de 2019, que a investigação tomou um novo rumo. Na CPI da Braskem queremos fazer justiça, porque está claro que a reparação ofertada pela empresa não é justa.

O que mostram as investigações?
Já trouxeram um grande volume documental e informações das oitivas para que possamos nos debruçar sobre a problemática, que nos leva aos responsáveis pelo afundamento do solo em Maceió.

Que conclusão o senhor espera?
Meu foco sempre foi o das pessoas. A CPI vem mostrando, com depoimentos e dados, que ainda há muito que precisa ser feito em prol das vítimas da maior tragédia urbana da história.