O futuro do homem

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Ricardo Guedes: "O desenvolvimento traz em sua semente a sua própria destruição. Se houver vida fora da Terra, pode ser que em alguns planetas isso tenha sido resolvido" (Crédito: Divulgação)

Por Ricardo Guedes

Reassistindo ao filme Os últimos dias de Hitler, ele nos remete a questões fundamentais, a de quanto o homem chega a absurdos, onde a morte prevalece sobre a vida, a irracionalidade sobre a razão. Hitler, sob seus mais estapafúrdios ideais, vocifera sobre a lealdade de seus súditos, à porta da morte, optando pelo suicídio como se fosse o mártir de um ideal, ao custo de milhões de vidas, um verdadeiro estrume humano. E isto foi ontem.

É a “banalidade do mal”, como descrito por Hannah Arendt.

O mundo caminha em dois sentidos oblíquos e autodestrutivos.

O primeiro, o da irracionalidade ecológica, com a destruição de seu meio ambiente, a destruição de sua própria casa, sem a alternativa de outra, no infindo abuso de sua própria existência. Em 200 anos de Revolução Industrial, aumenta o bem-estar social com produtos e serviços para a população, aumenta a longevidade; com o aumento simultâneo da temperatura e da destruição da terra. Na agricultura, estima-se um baque de 25% de sua produção até meados deste século; o aumento do nível do mar devido ao degelo glacial; e o exílio de mais de 1 bilhão de habitantes para o interior dos continentes, em “êxodo em proporções bíblicas”, como disse António Guterres, Secretário Geral da ONU.

O segundo, o da irracionalidade das decisões políticas. Segundo a Teoria dos Jogos, a somatória de ações racionais pode levar a uma consequência irracional. Por exemplo, erros de percepção podem levar a guerras insolúveis, quando a legitimidade de cada governante depende do escalonamento de suas ações. Putin, para manter a legitimidade interna, depende de vencer a guerra da Ucrânia. Zelensky, por outro lado, idem. E Netanyahu. Assim como Biden, idem também. Onde vamos parar?

O número de guerras é significativo em nossa história. Segundo Chris Hedges, autor do livro Tudo que as pessoas deveriam saber sobre as guerras, 2023, estima-se que nos últimos 3.400 anos tivemos somente 268 anos sem guerras no mundo, ou seja, 8% de tempos de paz em nossa história.

Segundo a Teoria dos Jogos, a somatória de ações racionais pode levar a uma consequência irracional

Hoje, segundo a BBC, estamos com nove guerras em curso no mundo, Hamas-Israel no Oriente Médio, Ucrânia, Nigéria, Síria, Iémen, Somália, Sudão, Mianmar e Burkina Faso.

O homem segue o curso que se auto traçou, onde a prosperidade significa a destruição, e a racionalidade do ganho leva à irracionalidade da guerra.

O desenvolvimento traz em sua semente a sua própria destruição. Se houver vida fora da Terra, pode ser que em alguns planetas isso tenha sido resolvido.

Mas não aqui, por enquanto. Com a bomba ecológica e a bomba atômica, se o homem tomar decisões erradas e se auto extinguir, é porque ele simplesmente não merecia sobreviver. É simples assim.