Comportamento

Álcool, poluição e diabetes aumentam risco de demência

Pesquisa de Oxford identificou estes como os principais fatores de risco modificáveis associados a doenças como Alzheimer. O lado bom é a possibilidade de prevenção

Crédito: Yadid Levy

Uma taça de vinho ou um copo de cerveja por dia é uma dose aceitável (Crédito: Yadid Levy)

Por Bruna Garcia

Uma nova pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford mostrou que diabetes, exposição à poluição e consumo de álcool são os principais fatores de risco modificáveis que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. O estudo investigou 161 fatores de risco e envolveu a participação de 40 mil britânicos acima de 45 anos. Divulgada em março, a pesquisa identificou uma rede cerebral mais suscetível a fatores específicos de estilo de vida e ambientais que podem levar ao envelhecimento precoce e a doenças.

Os pesquisadores classificaram como “modificáveis” os fatores de risco – que podem ser potencialmente alterados ao longo da vida – dentro de 15 categorias, entre elas:
colesterol,
depressão,
inflamação,
audição,
socialização,
atividade física,
e educação.

De acordo com o neurologista do Hospital Sírio-Libanês Eli Faria Evaristo, o Alzheimer é uma doença multifatorial. “Quase 90% são casos em que não se vê relação genética contundente. A doença senil, aquela que vem a partir de 65 anos, mesmo quem não tem a propensão genética pode desenvolver, e é nesse grupo que se entende que as causas são diversas, como pressão alta, diabetes, obesidade, trauma de crânio, problema de sono, tabagismo e por aí vai”, afirma.

O médico afirmou que já está no imaginário popular o entendimento de que exercícios físicos, cuidado alimentar, escolaridade, atividades mentais e redução no consumo de álcool são preventivos, e que há doenças que podem aumentar o risco de Alzheimer. “O estudo é interessante porque reforça um entendimento que já existia e vem para realçar ainda mais que certos fatores de risco às vezes nem tão valorizados são de alto impacto”, diz o neurologista.

Segundo Evaristo, uma taça de vinho ou um copo de cerveja é uma dose diária aceitável, que não traz tantos riscos. Outras bebidas e doses maiores já aumentam as chances de desenvolver demência. “Uma dose de destilado já caracteriza um consumo moderado para alto. O estudo contribui porque temos que continuar nos preocupando com os fatores modificáveis. A maioria das pessoas tem hábitos de ingestão alcoólica que ultrapassam essas medidas que foram estudadas, então do ponto de vista populacional, o álcool tem muito impacto”, disse.